viernes, 25 de marzo de 2016

Faladoiro

      A minha vicinha do andar acima do meu, acorda, levanta-se e põe os sapatos de salto ,e martela  no soalho  perante uma meia hora que parece o tempo que precisa para se preparar e enfeitar-se  para sair a rua. Digo eu, que sem ver presinto que assim seja. Deduço eu pela frequência das marteladas, tão rápidas e  inquietas, o andar em desassosego  que ela  mostra  e que sinto eu,  Pelas escutas sei que vai  do salão para a casa de banho, daquí para o quarto, agora anda pelo corredor, e assim vai e vem.  Ela  quiça  ande à afar o caminhar, Acho que talvez precise fôlegos e afigura-se-me  que  sempre anda demorada em  luta co tempo. Tudo afinal  mero  pressentimento meu o escutar o ritmo  frenético do seu sapateo.

     Iste facto não me produz desconforto, malestar nem desassossego nenhum  pois  eu nos días da semana acordo antes do que ela, ou antes do que ela coloque os sapatos de salto. Só nos domingos ou nas férias escuto dende  a minha  cama  pelas dez horas  o sapatear brincalhão  e então acordo. E o hábito,  não sinto incomodo, estou acostumado. No entanto num pequeno arrebate reflexivo, penso e  admiro a sua puntualidade e costume de  fazer o mesmo as mesmas horas todos os días.  Talvez não seja ciente do ruido que faz, além disso  não compreendo porque não põe os sapatos de salto o final de ter tudo arrumado e estar enfeitado como último ação antes de abrir à porta. Tudo isso talvez tenha uma explicação muito simples e é que no tempo que vai e bem que arruma isto e aquilo con segurança que  dar-se-á uma olhada  o espelho e só cos sapatos de salto postos poderá ter opinião clara de que como asentam e combinam as diferentes peças de roupa do conjunto do día. 

     São coisas da convivência de qualquer  condominio.