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martes, 12 de julio de 2022

Das Laxas a Outeiro de Linhos. Povo que lavas no rio.

 


      O nosso rio nasce na beira norte  do Larouco. No que chamamos o monte da Rousia. Exactamente havería que tirar regueiro acima até chegar o pequeno planalto, onde se decidiu que alí remata Espanha e a Galiza e começa Portugal e O Barroso. Desde iste  planalto, é conhecido coo a raia, sai a nascença de dous rios. Para o Leste galego vai o Limia, para o Oeste galego do Barroso, portugês,  o Cávado. Como se de dous irmaus separados o nascer se tratase. Eles são como a metáfora da historia. Um mesmo territorio, um mesmo povo, uma mesma lingua, galega,  que a historia vai separar em duas, o galego e o português. Eles  fazem o seu percurso de costas viradas até chegarem o mar onde os dous desafogam tudo o  que arrastraram pelos caminhos adiante. Um, o Cavado,  só português o outro o Lima,  mistura-se de galego e de português. 

     Haverá quem diga que estou errado que o Limia não nasce aquí, que iste não é mais ca um afluente que se junta o autêntico Limia que nace nos montes cercanos a Sarreaus. Deixem que digam, o Limia é este que eu lhe estou a ensinar.Não é momento de debate quer acredite quer não venha a percorrer e a recordar, faça um pequeno esforço e acredite, pois é a verdade, ainda que não seja a oficial.

      O Cávado dalí a pouco receve augas das beiras dos montes de  Padroso e Padornelo e xa em Montealegre é um rio cheio de força e caudal que ira deixando  atrás Montealegre pola banda do noroeste, vai  val abaixo entre amieiros e choupeiras descansando em barragens varios. Acolhera o Geres e o Caldo lá na barragem da Canicada  abaixo do Gerés  e cada vez mais cheio continuara até o mar pra vazr a sua auga na vial de Esposende.  

     O Limia ainda e mais metafórico co destinho histórico. Pois é o  irmau que no seu percurso da uma reviravolta em Faramontaos e vai-se em direção a Portugal.  Nasce e percorre a Galiza, dende Baltar  baixa até a Limia, recebe as augas do Faramontaos,  pela sua direita do rio que algúns por erro chamam Limia e pasará por Ginzo, Bande e entra lá por o Lindoso  em terras portuguesas.  Alí ouvirá  que muda o seu nome um pouco e passa a chamar-se Lima. Segue o seu percurso de río grande e moi  elegante e senhorial percorre Pnte da Barca,   Ponte da Lima até  chegar o grande estuario que faz em Viana do Castelo onde chega canso, manso e largo.

     


          Este nosso Limia, foi o rio da minha infância. Vinha cheio de auga todo o ano, rico en troitas e peixes, no verão era o nosso recreio de nado no lugar chamado das insuas.  onde facia um remanso na chaira do Caneiro. 

      O lugar das Laxas foi o primeiro contato con río. Alí ia coa minha mãe quando ia lavar a roupa, especialmente no verão levava a roupa mais grande da casa pra lavar, e tendeê-la o sôl entre os penedos aquecidos pelo sôl. Um clareo, secado e depois o sôlpor recolhê-la. Nas Laxas corria a auga mansa, o río ia cheio e baixava calmo. Os peixes andavam à solta, estavam por toda parte mesmo se metiam diante das lavandeiras. Alí nas Laxas eu corrim, xoguei e desfrutei daquela paisagem tão verde e delicada. O prado da Lavandeira mesmo enfrente so seu monte no meio sempre me asombrava pela sua longura e verde  perenne. 

      Baixando  um pouco mais río em baixo a seguinte parada e Outeiro de LInhos. Havia mulheres que iam alí lavar. Era mais recolhido tinha uma ponte que cruzava o rio que comunicava o povo coas faldas do Larouco. O outeiro ficava as costas do río e estava seco e moi iluminado  todo o día. Era um pouco mais agreste que as Laxas e pra lavar parecia que não tinha tão bom lugar. A tradição marca que aquí foi o lugar do tratamento ou onde se lavava  linho uma vez colheitado. Aquel outeiro amplo leva precisamente o nome de outeiro de linhos por eso, ou também poderia ser por ser um lugar ou zona de cultivo do linho, pois é moi soleado e tem o frescor do río. Numca soupe com certeza o que a tradição queria dizer, 

      Mais  río abaixo chegamos o Caneiro, lugar lindo de castanhos, remanso do río, uma ponte antiga de pedra que cruza o río e zona de recreio e recolhida de augas de varios regatos e regatas que baixam da Serra. Um pouco mais adiante o lugar Das Insuas. Este lugar o río vira de repente a esquerda e fai baixada no terreo e colhe força pra marchar o pra baixo com impulso como que no solta numa cheia. Este era um sitio emblemático pra infância e juventude, pois era o lugar de banho e de pandilhas de rapazes no verão. 

      Tudo isto são recordos dum amigo que esmoreceu. O río hoje no verão apenas é regueirinho humilde com aquel potente e cantarim río da minha infância. As augas dos montes já não chegam todas em baixo pra outros aproveitamentos, corre pra baixo menos auga  porque os caneiros e os regatos estão escondidos entre uma inmensa matugueira que por vezes não deixa a auga correr  com força pra fazer um río como antes. Seja como for moi encanto quedou perdido e pra moitos hoje desconhecido do que foi este Limia da minha infância. 

jueves, 28 de abril de 2022

O asassinato do chofer da"Línea". (II)

 

OURENSE | Page 260 | Skyscraper City Forum no capítulo anterior

  Baltar, junio de 1965. 

      

"melhor crê-lo que averiguá-lo" 

Assim pois,  neste primeiro  dia seguinte a noite do assassinato, no martes ou terça feira deste mes de julho ou das seituras,  andei dum lado para outro cos  ouvidos atentos a tudo quanto  se dizia nas tabernas ,  na rua,  e na minha casa  sobre o assasinato do Carlos, o chofer da Línea.  Eu,  andava a dizer por toda parte onde podia,   que estivera presente na morte do chófer, que cheguei a sua beira recem estoupara o tiro e, o mais importante, que eu mesmo,  vim  o morto tirado no chau boca arriba,  quando não havia ninguém na entrada da casa, agás a sua mulher chorando dentro. Eu gostava de resaltar  que estiveramos os  dous frente a frente; que o  seu rostro era sereno e  não estava desfigurado; os seus  olhos ainda  abertos  faciam-me sentir  como se ele me quisesse falar. Eu ia dicindo todo esto, além de ser uma obriga por ser  certo e tão novedoso que dava motivo para  ser contado, principalmente  para ser ademitido nos círculos de comentarios tanto sas persoas maiores como dos mozotes e rapazotes maiores que eu. Realmente era um prazer  ter  bela naqueles enterros  de rondos de comentarios. Por vezes até me sentia qual policía que ensina a sua identificação.    O caso é que  quer  fosse duma maneira quer doutra ninguém dava relevância a minha testemunha. Não  conseguia acadar  uma posição suficintemente relevante para que se  me prestasse atenção.  E ainda pior, nem valor se dava  o facto de eu  eu levar já  moito   mais tempo mergulhado no acontecimento que  qualquer daqueles jumentos que andavam a latricar, sem saber nada.  Isso zangava-me bastante, pois   quer se queira quer não todos  queremos o noso postinho de relevância quando  nos corresponde e iso só pode darcho a tua vicinhanza e os amigos da turma e dos jogos, incluido, se calhar, o teu mestre, ainda que o meu era tão burro e arrogante que nunca dava valor a ninguém e menos a  um rapaz, e iso que a sua vida estaba adicada a educâ-los. Embora isto não tinha nada de personal contra mim, era o habitual. Eram os tempos que havia coas suas miserias e as suas teimas. Eu era um miudo de nove anos, moi responsável e educado, mas um miudo. Só comvém recordarmos que naquela altura, os sesenta do século pasado, nas aldeias os  nenos e os  cadelos eramos os que menos crédito tinhamos, ninguém nos fazia caso e o pior era que faziamos estorvo por  qualquer lado. Marcha dahí rapaz, ou marcha can, eram frases moi concorrentes no andar diario, e as duas moi parecidas. Os cadelos e os rapzes andavamos à solta na procura de comida os cadelos e de aprendizajem e curiosidades nós. O caso que tanto uns como outros andavamos atravessados por qualquer sitio. O mundo era uma aventura porque andavas no mundo de aventuras proibidas o que fazia de um rapaz um "antisistema" precoce.  Hai que ver como mudaram as mentalidades, especialmente para o tratamento os cadelos. 

      Bom, ainda que tinha o ar  fungar-me o avesso eu seguia na minha lavoura de andar o apanho de comentarios e nformações por qualquer lugar onde podía e me deixavam. Qualquera estará a pensar que tal vez se perdeu para  futuro um aproveitado jornalista de rua, também um espião podía ser, ou um policía investigador, ou incluso um escritor de historias policíacas. Qual for o papel a representar a mim não me importava, a minha fantasia admitia todos ises e moitos mais. 

Voltando ò fio da minha  lavoura investigadora profesional, engadir que  eu ia e vinha, escoitava moito e em troques cada vez falava mais pouco pois  já dei por perdida a minha teima de pensar que alguém me fizera caso, como  já dixem  ninguém me ouvia.   Perdia-me pelos arredores do  quartel da Garda Civil, olhava para os pequenos dous cavalos   azuis   que traiam a aqueles oficiais tão elegantes e tão bem fardados que andavam  com  chamado tricornio que parecía de pexiglas  negro como carvão  e que brilhava como um esplho cando lhe dava o sol. Aquele de bigode dalí  é o capitám de Xinzo, ese outro do cabelo branco e o Tenente, aquel mais jovem já é capitám e dizem que vem de Madrid, seica vai ser o investigador do caso. A gente común não se atrevia a acercarse a quela pequena cimeira de homes fardados e cheios de estrelas.Os rapazes temos nisso ventagem e até que nos dessem o punteirolo correspondente achegavamo-nos diante mesmo deles. Todos as olhadas iam pro capitán novo, era o mais alto e elegante e a sua juventude e presenza destacavam no grupo, era coma a estrela especial. Despois de noite já na casa, o meu pai o tempo que dava conta duma salada de tomate com bachalhau desalado e cruo ia falando coa minha mai e uma vicinha de tudo isto e dizia que chegara um capitán novinho que vai investigar ele tudo; que os gardas andavam nervosos, pois não estavam acostumados a ter um oficial e tão fino aquí com eles, não sabem ainda cantos días, e tenhem medo que lhe apreta um pouco as cinchas, é um dizer.  O  meu pai era uma boa fonte de informação,  pois como Garda Forestal tinha certa confiança  e achegamento os gardas do povo, ele agora no verão estaba pouco na casa e a noite cando chegava ele contaba cousas que a mim me serviam para ratificar o que houvira ou para  acrescentar as minhas informações. Engadia moito o meu pai a fonte de onde lhe vinham os comentarios, ou seja o nome do fulano que lho dixo, as vezes não dizia o nome por mim e engadia o comentario do de "marras" que era a forma de entenderem-se entre ele  a minha mãe e a vicinha pra não ter que dar nomes. Tardei eu em dar-me conta que o tal "de marras" não se refería a um personagem concreto que eu até incluso imaginei com rostro e todo. O " de marras" vinha a ser uma contrassinal que se dava a varios e que utilizavam para não dar nomes. Agora para dar maior realce a sua informação deu o nome do garda Baralhobre que lhe falara acerca de que  o tal capitám era de Academia e que levava uma excelente carreira, pois era moi novo e estaba recem ascendido;engadu  que era moi educado e cercano os gardas  e que era deiqui, queria dizer galego e da provincia de Ourense.

     Un dos principais lugares que eu tinha para informa-me era os arredores do café do Pepinho, e o estanco e central telefónica  ambas regentadas pelo  senhor Luciano. Pelos meios-dias achegaba-me a beirrarua de pedra na estrada que cruza o povo,  diante do  café do Pepinho, que  era o senhor alcalde daquela. Alí fincado na grande janela que daba a estrada escuta-va as conversas das mesas de fora e as de dentro mais pertas o exterior. Nesta pequena zona vip de mesas jogabam a partida as pessoas mais ilustradas de Baltar. Emtre aqueles cabaneiros havía funcionarios do do concello e da Irmandade de labradores,  pequenos comerciantes do povo, o senhor Secretario do concelho, pequenos caciques e  representantes daquel  poder político. Era também habitual a companhia dos  curas de Baltar e Tixos ou incluso da Boulhosa, catro ou cinco gardacivis, algúm ricote de qualquer povo da contorna que de  vez em quando  acercambam-se e se deixavam ver pola capital; incluso algum viaxante de comercio de Ourense ou Xinzo que gostava também de deixar-se ver. Aquele café do Pepinho no verão, principalmente, era o pulmão e coração da vida social de Baltar, onde como vulgarmente se diz se cozia o bacalhau. A estrada principal pasava diante justo dele e a sua ubicação no centro  mesmo daba-lhe um ar de pazo presidêncial que atraia a olhada de qualquer viaxeiro que por alí passava. Eu, alí andava abeirado a uma esquina e quase invisível complacia  a minha curiosidade amplamente, pois naquelas longas partidas de verão a élite social e mais ociosa  gostava  partilhar comentarios varios, brincadeiras, murmurações, em fim tudo mergulhado com risadas,  gargalhadas, café e uns copos de aguardente ou para quem puder uma de brandy. Algumas vezes quando o tema era um bocado embaraçoso, algúm olhava para mim e baixa-va o tom de voz, um pouco, especialmente se havia um comentario picante no sexo ou alguma murmuração que  aquele mocoso de nove anos  podía andar a contar por ahí adiante. Convencidos, na maioria das vezes de que o rapaz não se enteirava eles seguíam  à sua a latricar daquí e dacolá. 

     Houve neses dias muito palavreo, moitos fala-baratos  dados a lábia, embora pouca sustancia nova e interesante quitava eu de tales palavreos. Ou seja todos pareciam saberem coisas aliás  ninguém na realidad sabia nada. Nem na casa, nem no café, nem na rua tirara eu informações completas e verosímeis sobre o caso.  O final fiquei co  relato simples é oficial da rua o  que andava de boca em boca.   Um homem (ou dous diziam alguns) veu duma das aldeias próximas de Portugal de Semdim ou Padornelo.Chegou de  noite e apostado com uma escopeta ou uma pistola no combarro que está na outra beira da rua a  a cem metros da porta da entrada principal da casa , disparou sobre a cabeça do chofer quando estaba justo a abrir a porta da casa depois de virem  ele e a familia de passear e cear fora da casa. O motivo umas dividas por contrabando que un fornecedor português,   que viviria em Semdim ou Padornelos, não conseguia cobrar. Algúns diziam que eran seguro  dous, outros diziam que não era todo tão claro como parecia que  aquí devía haver misterio. Outros, conhecedores do mundo do contrabando, atestigavam que numca ouviram falar do Carlos relacionado co nenhum tipo de comercio proibido.

      A verdade, hoje podia pensar-se que  eu era  uma criança, aliás eu poso dizer que tinha mais cabeça do que qualquer adulto naquela altura me podia supor. A minha situação de insignificante menino de aldeia, rueiro indiscreto e inquieto, permitia-me escutar tanta variedade de ditos e falas e o mais interesante era poder partilhâ-la e comentâ-la coa rapaziada que sim dava valor o que lhes contaba o tempo que ademiravam tão suibstanciosa informação, isso sim um poco  adubada  de exagero e um algo de fantasia.A informação também era poder daquela.  

      

     Mas voltando as minhas pesquisas só dizer que naquela semana o relato popular não mudou. O capitám que junto com um cabo ajudante  vieram de Madrid seguía alí. Era já quinta feira ou xoves, o assasinato fora um luns a noitinha e já na terça feira de tarde no solpor estava em Baltar. Leva dous dias já aquí e o seu coche anda bulindo dum lado para o outro, faz-se moito visível. Eu mesmo o  vim fazer  unhas caminhadas cruzando o povo pola Aldeia de Abaixo tirando por Casaldeite em direção a Penagudo em  direção a serra por onde diziam ou todos supunham era o caminho de ida e volta seguido por os dous  portuguêses. O caminho mais provavel era que seguise o  río até chegar a Rousia ( um antigo povo em ruinas na beira da serra) e dende alí seguir por carrouchos e corredoiras de contrabandistas e gandeiros que vão cruzar a fronteira e já uma vez chegados alí deixarem-se cair pra Semdim, Padornelo ou Padroso. E se o ou os assasinos não eram de nenhum dos povos que abrange o concelho de Montealegre?. E se chegarem a fronteira se desolocarem de carro  até eu que sei qualquer lugar de Portugal que não tiver nada a ver coa zona dos povos citados?. Seja como for estou seguro que o capitám investigador estava a dilucidar todos estes meus supostos e algum mais. 

      Um outro lugar clásico para tirar informação eram os sentadoiros  de pedra cinzenta e milenaria que estão diante do estanco do senhor Luciano. O estanco era também pequena taberna e a central de teléfonos do povo. Estava abeirado o café do Pepinho, o lado da grande janela da que já falei.  O senhor Luciano,  que fora garda civil,  regentava  este complexo negócio pelo que circulava a diario uma boa massa de gente.  O dono era um bom conversador e gostava, como se de um espião amigável se tratase, de saber as primícias noticiosas de todo tipo que por alí e arredores se dessem.Ninguém estava melhor informado que o senhor Luciano do estanco, iso sem dúvida nenhuma. Alí na sombra duma daquelas tardes quentes vi sentados o senhor Luciano e a dom Calixto, cura párroco da Boulhosa o povo com mais população do concelho,  já perto da fronteira e zona de bons contrabandistas. Eu fui acercando-me cum meio colubrear, sem acercarme moito mas o suficinte pra escutar alguma cousa. Eles estavam a rematar uma conversa que falava da monarquía e a quem Franco faría herdeiro e mais do carlismo, cousa que eu não comprendia, evidentemente. Já num momento o senhor Luciano foi a pescuda de  informação, e interrogou a dom Calixto sobre o tema que andava em boca de todos. Dom Calixto coa confiança que lhe dava o seu interlocutor, estendeu-se em conjeturas, informações e suposições. 

lunes, 14 de febrero de 2022

Lendas da minha aldeia.

 Imaxe

           Nom hai  bom   Pedro,

  nem bom burro negro. 

           Nem  bom lameiro por riba do regueiro.

         O Pedro a quem se refire o terceto humorístico era naquela altura, anos quarenta, nem mais nem menos que o senhor cura párroco de ATÁS. Evidentemente não era o Pedro, era Dom Pedro. 

        Pois bem por aqueles tempos tão longuínquos e remotos  da década dos quarenta, recem rematada a funesta guerra civil, reinava em Atás o cura D. Pedro.Home, padre e personagem,  controvertido pelas lendas que da época que nos forom chegando as gerações posteriores a través  da tradição oral dos nosos pais e avós. Foi naquela altura um curato que deixou pegada nas suas memórias pela peersonalidade e mentalidade deste crego, ainda descontando-lhe as loucuras da época.  Os nossos transmisores diretos,  os pais,   naquela altura erão uns moçotes ou moças  que   andavam a puxarem por destacarem no seu papel de, novos protagonistas protagonistas como mocinhas e rapazotes da aquela peqeuna tribu aldeana . Naquel ambente  dos tristes,  místicos e esclavizantes  anos quarenta, a vicinhanza vivia como podia, ou seja mal, mas  bem sem descanso no trabalho e  com pouca diversão. 

1.175 fotos e imágenes de Sotana - Getty ImagesFoto xenérica de senhores curas.

      D. Pedro era um jovem párroco  originario das terras de Maceda. Bem-nascido numa  familia labrega rica com alguma  ponla fidalga e que se via na obriga de conseguir dar o seu vástago  os estudos para acadar o  grande status de cura duma parroquia. O jovem Pedro tinha as possibilidades  pra ser um exítoso crego, ou seja querer e pertecer a uma familia que tivese certa suficinte  riqueza natural. Deus não dava a todos a vocação clerical  olhava primeiro quem tinha terras e cartinhos.  

     Rematados os seus estudos o novo crego foi destinhado a parroquia de Atás. Niste caso  uma parroquia pequena e não abondosa em  riquezas. Os diestros ( acomo alí lhe chamam as terras de propiedade eclesiástica) erão pequenos e a população da parroquia, Atás e as Estivadas, era pequena  em comparança com populações doutras parroquias da diocese de Ourense.  Os ingresos numa parroquia de xente pobre e pouco numerosa em comparança com outras eram moi cativos. Evidentemente,  os   donativos, os enterros, os encargos de misas, os impostos de grão, as rendas, os oficios que rendiam cartos nem comparança tinham com outros lugares. 

 Pin en Sastrería

Foto xenérica de senhores curas mais ou menos dos anos quarenta.

      Não obstante esso não era tão importante para D. Pedro. Ele vinha duma familia rica de labregos ,  con antecedentes fidalgos fincados na terra que olhavam ou se consideravam mais perto da  fidalguia que das simples camdas de labradores simples ou de labradores  pobres  ou incluso  caseiros, que  sem terra propria trabalhavam  como moito esforço as terras alugadas , com rentas moi altas, as  familias ricas ou a propia igrexa. A terra era um bem escaso e o seu valor não só em cartos senão em prestixio social era imenso. Ele, Pedro,  xunto com outros dous primos era o terceiro cura   duma saga familiar que no futuro teria também persoeiros de influência  na  nova política da transição, depois de morto Franco.  Aquela pequena parroquia vai só ser o pequeno lugar de  treino pra um cura novo que aspirava , Deus mediante, a colocar-se em postos de maior rango na sua iniciada carreira eclesiástica. Os novos tempos, rematada a contenda civil,  trouxeram ventos espirituais rígidos, havía que educar e numa soa voz apontolar o nacional-catolicismo que tanto sofrimento  costou conseguir numa cruzada  de tres anos. O cura ia ser um personagem  esêncial  para divulgar e impôr a nova ideologia dos vencedores. a sua missao atingia tanto o controlo e político e  social como a disciplina da moral e as  costumes. Tudo adubado duma  austeridade de vida  e  espiritualismo  medieval. O  controle da moralidade dos seus parroquianos devía ser fim primordial pra qualquer cura rural. Para D. Pedro a mensagem e a misão da Igrexa de Roma para salvarem os cristians do mundo  , concretava-se alí  na sua parróquia. A forma de salvar o mundo do pecado era conseguir a santidade da sua parroquia. Ele era propietario de cada uma das almas que  o Espírito Santo lhe deu em troca da sua missão.

     Assim , pois , D. Pedro levava o timón  e controlo daquela nossa parroquia com brazo de ferro. Não se tratava tanto de convencer senão de impôr, vigiar os agentes do diabo. Ele era um homem de carater, empolgado no modo de predicar, era duro nas exigências morais dos seus fregueses e por acima era um bocado arrogante. Fazia muito fincapé na austeridade e no ascetismo  de vida como regra pra acadar num futuro o paraiso terreal. Tinha especial dureza o falar do sexo e as relacions dos jovens entre homens e mulheres. Prohibia as festas e a música. Recordava que a noite estava cheia de perigos pras mulheres pois as feras era cuando saiam os caminhos pra asaltarem a sua virginidade. Ou seja, um homem do medievo instalado naquel paraiso labrego que era a nossa aldeia Atás, nos anos quarenta. 

        Abofé , não era difícil ser tão duro e exigente  com aquela xente. A austeridade de vida e de costumes tinha-na eles em por si, já lhes vinha de longe. O seu tempo para o vicio e o pecado quase não existía. O trabalho  labrego marcava o ritmo de vida, ou seja madrugarmos  e não descansarmos apenas. O ceu já estava ganho sem mais.

      Embora sempre há quem se oponha a aquel controlo e tristura de vida. Os jovens não eram tão gostantes de vivirem aquelas tebras do inferno que aquel homem lhes propounha. Eles eram os mais doentes e perjudicados, a sua juventude  ficava amarrada nas maus daquel ditador, e lutavam o pouquinho que podiam. O Pedro prohibia o baile,as festas tradicionais do povo,  tinha-lhes secuestradas as moças na asociação das "hijas de María" e fazia delas auténticas monxinhas. Tudo para conseguirem em vida o caminho duma santidade para pobres ou algo assím. 

      Tal era a revolta entre os homens jovens que numa festa do pobo fizeram-lhe frente pois proibira que na sua parroquia houbesse baile e música. Deu parte e conseguiu  a presença da Garda Civil pra desfacer a festa. Quem mandava era o cura, pois a cruz e a espada estavão tão xunguidas numa soa direção que  não havia dúvidas naquela Espanha . Os jovens iam ganhando força na luta contra ele, aunque as vitorias eram cativas. Embora o movimento anti-Pedro ira ganhando força e iniciouse a luta clandestina para facer-lhe propaganda contraria.

      Como qualquer movemento social de luta contra a repressão sempre aparecem  mentes jovens  com ganhas e com algo de instrução ou cultura para puxarem e espertarem as conciências do resto se há abuso. E Assim foi em Atás. Havía daquela tres moços da familia do tio Sacristán, que levava esse nome por ter a honra de fazer esta función na igrexa da parroquia. Homem relixioso e de confiança do cura era uma figura respeitada por todos. O tío Sacristán tinha dous filhos e um sobrinho que grazas a umas becas que na altura o Régimen  repartía através dos  concelhos pudo manda-los a estudar uns anos cos frades  os Milagros. Estes tunantes, dito de forma carinhosa, estudavam nos Milagros e aprendiam cousas e estilos mais abertos e diferentes que em Atás. Quando voltaram pra aldeia não suportavam aquele controlo a que estava sometida os seus vecinhos. Eles alimentaram e potenciaram o movemento de libertaçao. Eles trabalhavam na clandestinidades coa propaganda  contra os abusos e comprtamentos do eclesiástico. Eles vão a  fornecer o movemento "laico" com novas ideas, comentarios burlescos contra D. Pedro etc.

       

Uma das suas atividades mais soadas foi a de  fazer pequenos escritos e cola-los como pasquins por varias partes do povo. O efeito dos pasquins era demolidor, a influência  e o respeito o  Pedro minguava pouco a pouco. Até já falavam de ele como o Pedro, já não diziam D. Pedro. Um dos mais atraientes pasquins  foi um que colaram por toda parte:

Nom hai  bom Pedro,  nem bom burro negro. 

           Nem  bom lameiro por riba do regueiro.

      

A xente ría as escondidas, e os que sabiam ler, os menos,  retransmitiam o resto o simpático terceto que hoje parece-nos inocente e inofensivo, embora naquela sociedade e algo escrito assim, deixou traumatizadas moitas alminhas. 

      D. Pedro  vai ficar descomposto. Disse,  que ia na sua cavalgadura o domingo de manhã saindo pelo  terrado cara a Portela pra misar em Baldriz.  Ainda não encaminhara o percurso  de saida quando numa parede viu o pasquin que alí estava as vistas de todos. Parou, descavalgou, leu aquilo e a sua cara ficou lívida. Ficou um pouco quieto e de pronto escomençou a chorar. Naquele momento sentiu uma realidade que  tal vez não pressentia, que toda a sua laboura espiritual de jovem cura de aldeia ficava rasteira com aquela navalhada  de humilhação. Ele que fora preparado pra ser lider espiritual e civil, pois já o dizia Santo Agostinho o distinguir a cidade de Deus e a cidade dos homens. A cidade dos homens estara submersa, mergulhada e engolida pela cidade de Deus. Era o tempo da cidade de Deus, eram os tempos do nacional-catolicismo que quería fazer da nova Espanha uma cidade de Deus. Todo o seu mundo de repente derrubouse, numca imaginaría que houvesse alguém naquele convento que era Atás que fosse capaz de revoltarse assim. Sentiu arrepio e medo.

       -Mas quem  podia ser?. Não era moi difícil averiguâ-lo. 

      -Quem sabia escrever?, moi poucos. 

      -Aparte de escrever quem podia fazer um pequeno terceto con sorna e ironia e ter o atrevimento de colâ-lo em varios sitios visivéis?.  Alguem um pouco estudado.

     - A resposta veu de seguida . Tinham que ser os tres rapazotes do tío Sacristán que andiveram façendo estudos cos frades dos Milagros. Ninguém mais podia ser. 

      Para D. Pedro a confussão ainda era maior por este detalhe. os felôns vinham dos arredores, do lar do seu querido homem de confiança, do seu sacristão. Ele numca houvera imaginado algo assim. O tio Sacristán, ainda que ninguém acussou o seu entorno, sentiu-se aludido e falou com D. Pedro e deulhe as desculpas e perdons que correspondían por tales factos. 

      D. Pedro aceitou tudo aquilo, meditou, sentiu-se abatido e pediu o senhor bispo o traslado. Sentía que a sua autoridade pra manter a moral e comter o pecado naquela comunidades que Deus pussera nas suas maus, ficava decaida. Aquel curato que ele trabalhara com tanto ahínco e entusiasmo  pra poder converti-lo numa fertil seara, já só seria um recordo. 

      Um día marchou, e o povo descansou. Quando a memoria foi chegando as nossas gerações que tivemos a sorte de não vivermos aquilo, sempre nos falaram do Pedro, ou D.Pedro, o qual os tivera submetidos de abuso de autoridade num pobo moi religioso, por outra banda. No fundo a memoria que nos trasmitíam e que o Pedro não era mau no fundo, que era um jovem  que levava tal vez ademais os precitos que daquela estavam na moda. Como se acostuma a dizer, levaba as cousas "o pé da letra". 

      Eles só nomearam a a queles jovens podemos dizer revolucionarios sem ser conscientes nem eles nem os joven revoltados de que quaquer núcleo social ante o abuso do que seja acaba por  movilizarse, seguramente clandestinamente pra juntar força. Que normalmente os líderes das revoltas saem das camadas mais ilustradas ou que tenhem mais cultura. O normal que sejam os mais desenvolvidos económicamente pois normalmente serão os que tenham algo de cultura. Quer se queira quer não  esto não é mais que uma pinga do que ocorre normalmente nas revoltas e nos cambios sociais, que são encaminhadas pelos burgueses ou filhos de burgueses ou filhos das  velhas élites, pois, normalmente, são eles os que tenhem as possibilidades e a preparação pra fazerem mudanças e informar os outros da realidade. Seja como for, ainda com ilustrados ou não, sempre que a presa  vaia acumulando auga sem darlhe saida,  tem que haver um momento que a presa bolse ou revente coa força da mesma  auga.

      Este é un pequeno caso de faz muitos anos duma pequena protesta social através da movilização clandestina, nuns anos bem difíceis pra fazerem estas cousas. 


            Este texto foi escrito com a ajuda : 

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lunes, 27 de diciembre de 2021

O asassinato do chofer da "Línea". (I)

       OURENSE | Page 260 | Skyscraper City Forum

      

                           Matarom o chófer.

                      Baltar 1965

Ouvi uns estralos fortes, tal vez dous,  uns estalidos secos.  Seríam tiros? 

Seríam, se cadra, a verdade,  eu numca ouvira algo assim.  Um som na quietude da noite,  que estreme-ce o corpo dum rapacinho de nove anos que vem da taberna da Senhora Herminia de ir a buscar, por urgência , uma cuartilha de vinho.  Aquel son vinha na direção das minhas costas, da rua que vai pro Eiró, pela zona da casa grande que chamabam de Don Leopoldo,  na que vive de aluguer o Carlos o chófer da línea”. Eu  estaria coma cem  metros de onde saiu o estrondo feito pela detonação. Tremim  coma  uma vara verde,  e votei a correr cuartilha em mau, pela rua da Adreira em baixo  até chegar  o patio da nossa casa. Subim as escaleiras, de pedra, da casa  a toda  carreira. Cheguei o  comedor  no que estavam ceando o meu pai e os seus invitados. Dez  labradores que aquel dia andiveram fazendo-nos o carreto da lenha. Dez carros de lenha de carvalho que o meu pai andivera a procurar na  Serra do Larouco  lá pelo  lugar que chamam   Rei-de-Miro.  Estavam todos moi animados e contentos, falavam en tom moi alto e baralhavam.  A boa ceia que lhes fizera a minha nai,  o sopor daquela noite quente e vadia, junto do  cansaço do dia, o caso é que deram conta de todo o vinho que havia previsto  na casa pra este jantar.  Essa foi a causa da minha saida tão tardía pra taberna, pois a senhora Herminia ainda acostumava a ter aberto numa noite assim de verão. Eu era a o maior dos irmaus e por tanto devia ser o mais  responsável deles, o que me obrigava a estar  acostumado os mandados e as ajudas pra  casa. A misão encomendada era moi importante e fora-me recomendado que a fixera com rapidez e com segurança, não fora a cair coa  cuartilha de vidro no chão, no medio da rua. Aqueles homens não podíam quedar sem vinho  pra arrancadeira, que é cando sem querer caem ainda  uns  quantos copos demais.

      Cheguei, co afogo proprio da pressa e do medo, poussei a tão apreciada mercancia e sem mais encaminhei-me pro comedor.Tentei dirixir-me  aquel barulheiro parlamento tronitruante, e coa voz  abafada dixem-lhes olhando para todos:       

           -  Algo passou. Ouvim um son moi forte perto do Eiró, coma se fosse um tiro. Algo passou onda casa de don Leopoldo. Eu votei a correr, asustei-me. Pareceu-me ouvir um tiro o algo parecido.

     Mas, pelos vistos,  não supe fazer-me ouvir.  Alguém me ouviu mas não lhe deu importancia, aqueles bêbedos estavam noutro  situados noutro patamar. A palavra dum rapaz não tinha daquela moita relevancia. Eles não ouviram nada, evidentemente, pois com aquela barafunda alí não houverão ouvido nem  um bombardeio. Eu fseguia asustado e intrigado pelo que ouvira e como é natural fui buscar acougo entre a mina nai que  me prestou mais atenção que os outros, mas estava moi ocupada em que tudo fosse um bom convivío para agradecer a disponibilidade daqueles vecinhos.  Ela ouviu-me e deu-me as minhas atenções, mas  ahi ficou todo. 

      Passáriam, nem escasos  cinco minutos  quando lá chegar a casa berrando,  com lamentos e choros, a senhora Eulogia. 

          - Onde está o Pepe, ay  Deus nos valia. Matarom o Carlos o chofer da Línea. 

      A senhora Eulogia era tía do Pepe Celeiro, da familia dos celeiros,  um dos carreteiros que nos acompanha. Ela e vivia  em familia com ele a a sua esposa, alí  perto de nós e entre nós e a casa de don Leopoldo . Evidentemente aquel som no meio da  noite chamou a sua atenção  e sairam a mirar que era o que passava.  

      As palavras da senhora Eulogia paralizarom o auditorio dos carreteiros.  Um silêncio apoderou-se do comedor. Um silêncio moi breve, pois de repente,  todos a vez, comenzaram falar em voz alta e a proferir  frases soltas inátendiveis, misturadas com blasfémias e palavras de indignação. E como se tivessem a obriga de vingar ou solucionar uma conducta indecente.Figerom ademan de se  levantarem como pra sair diretos o enfrontamento cos assassinos.Embora não sei que prudência ou medo lhes entrou que ficaram na estância.Tal vez lhes entrara a lucidez de pensarem que os tales assassinos não ficariam alí esperando à descoverta que viera qualquera.   

      Eu naquel instante  comprendi que fora testigo de algo importante e não queria deixar  escapar a minha oportunidade de aproveitar o protagonismo que da ser testemunha directo de algo tão interesante. Já me vía o centro das escoitas nas pandilhas, na turma e ainda na propia casa. Ninguém ia poder contar nada como o que eu vivim.  Não o  pensei duaz vezes, aproveitei aquela barafunda de duvidosos e  prudentes, saim correndo da estancia para chegar  antes que ninguém o lugar dos feitos, a   casa de Don Leopoldo que era onde vivía o Carlos. A curiosidade pudo em mim sobre o medo e só recordo que subim por as escaleiras de fora que conduce a uma varanda que remata num pequeno corredor.Havia  pouca luz na varanda ainda que a corredor e a estância estavam bem iluminadas. Alí naquel intre não vi a ninguém, ouviam-se choros e frases no interior, cando eu cheguei a porta da entrada  e ali no chão estava morto, o chófer da línea.   O Carlos estava imóbil, boca arriba cos olhos abertos olhando para o infinito e um relogio roto no pulso. Lá dentro estariam a sua joven mulher e um meninho de apenas tres anos. Juntos vinham de dar o seu paseio habitual das noites do verão.

 Tivem sempre essa imagem na minha vida.  Recordo que alguém me votou de alí e marchei correndo de novo para a casa, e contei-lhe os meus pais que eu o vira tirado no chão, e estava boca arriba. De noite em sonhos comencei a berrar num ataque de ansiedade e recordo o meu pai calmando-me  e espertando-me daquel mal sono. 

        Esta historia é real, ainda que pudesse parezer fantástica. Era lá pelo 1965. O Carlos era  uma pessoa joven, que aparecerá fazia pouco tempo no pobo como chófer da Línea do Auto Industrial.  Era o chofer da Línea. Era assim como chamava-mos o transporte coletivo da Empresa "Auto Industrial" que fazia o trajecto de Baltar até Ourense por Celanova. A Línea saia de Baltar as sete da manhá e voltaba a Baltar as oito da tarde ou noite. Já fosse Verão, já fosse inverno isse era o seu horário. 

      Quem pudo e porqué fazer tal cousa, alí diante da mulher e o filho ainda pequenote, num povo tranquilo onde passavam moi poucas cousas? No día seguinte só se falava da morte do Carlos por um tiro de escopeta. Eu ouvia aqui e ali, e ia fazendo o meu reportagem mental. Em conclusão, dos ditos que iam de esquina em esquina, eu tirei  a historia de  que dous homens portugueses, ou tal vez um só,  de Padornelo ou Sendim apostados no combarro que está o frente da casa de don Leopoldo dispararam-lhe o chofer e matarono. Dizem que foi por um assunto de cartos de contrabando. Que o chofer utilizava a Línea para levar contrabando variado até Ourense. Dizíam que ele ja fazia temo que não lhe pagara o valor do suministrado o seu provedor de Portugal.  Alguém já os vira discutir por este assunto e que a actitude do chofer era arrogante co português, incluso dando a entender que não lhe ia pagar ou que nada lhe devia. Que alguém aquela noite despois de ouvir os tiros vira como dos homens fuxiam aproveitando a noite caminho da  serra coa intenção provável de acadar  fronteira quanto antes. 

      Tudo eram informações apanhadas por un rapacinho, eu,  moito desperto e que gostava ja de aquela de historias de intriga e trhiller. E neste caso sentia-se protagonista da historia, pois ele foi un dos primerinhos que viu o morto e ainda mais estava moi perto do momento que aqueles homens do outro lado da raia dispararam a arma ou as armas. 

            ....... continuará.   

Este texto foi escrito com a ajuda : 

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