sábado, 30 de diciembre de 2023

Reino medieval Galiza. A toma de Almería.

 


Imos olhar a impressionante marcha dum grande exército galego.
     O Poema de Almería, "Praefatio Almeriae" (Prefacio de Almería) ou "Carmen de expugnatione Almariae urbis" (Cantar da conquista da cidade de Almería) é um poema épico do ano 1149 atribuído a Arnaldo Bispo de Astorga, escrito em latim medieval e narrado a jeito de crónica. Foi engadido ao final da "Chronica Adefonsi imperatoris"; umha crónica do reinado de Afonso VII. No poema nárrase a victoriosa campanha militar cristiá do ano 1147 que remataría coa conquista de Almería em Outubro desse ano.
 
Esta campanha realizada ao jeito das Cruzadas (acadou o "rango" de Cruzada otorgado polo Papa Eugenio III), na que participou umha aliança de reinos peninsulares e extrapeninsulares, foi liderada polo próprio Afonso VII.
Afonso rei de Galiza, de Leom, de Castela e de Toledo fora consagrado como monarca sendo um cativo no ano 1111 polo Bispo e militar ("baculum et ballista") Diego Gelmirez na basílica de Compostela. Com esta cerimonia, tanto o bispo como o aio de Afonso, o Conde de Traba Pedro Froilaz, procurabam que, no caso de que a súa nai Urraca ("filia Hildefonsi [Afonso VI] senioris Galliciae regis", "totius Gallecia domina” e "totius Gallecie imperatrix"), casada nesse intre em segundas nupcias co rei Afonso de Aragom e Navarra, tivesse um filho deste nom se visem afectados os dereitos do futuro Afonso VII ao trono como legítimo herdeiro do seu avó Afonso VI e, em todo caso, do seu pai Raimundo de Borgonha.
Á morte da súa nai, no 1126, herda o reino de Leom emprendendo, tamém, a recuperación do reino de Castela, que estava baixo o dominio de Afonso I de Aragom e Navarra. Coas Paces de Támara de 1127, púxose fin á disputa entre os dous monarcas e Afonso VII foi reconhecido tamén como rei de Castela e de Toledo.
Em 1135 foi corado "Imperator totius Hispaniae", mais nas crónicas tamém aparece como "Adefonsi imperatoris Yspanie et Gallecie", "Imperante Adefonsus imperator in Gallecia" ou, simplesmente, como "Adelfonsus rex Galliciae".
  Na grande força militar que atacou Almería naquela campanha de 1147, ademáis dos exércitos dos diferentes reinos de Afonso VII, participarom, entre outros, os exércitos dos reinos de Portugal, de Aragom e de Navarra, dos condados de Urgel e de Barcelona, das repúblicas de Pisa e de Génova (este último condado e repúblicas participerom com marinha de guerra), do Senhorio de Montpellier e tamém Cavaleiros Cruzados.
 
O Poema de Almería, na parte que narra o avanço dos exércitos de terra, fálanos em detalhe de cal deles é o que encabeça o contingente de tropas, abrindo o caminho polo território inimigo:
"Longa quies Crux est, bellandi gloria lux est. |
Maius est mensis. Procedit Galliciensis, |
Percepta Jacobi primo dulcedine sancti. |
Ut caeli stellae sic fulgent spicula mille. |
Mille micant scuta, sunt arma potenter acuta, |
Est plebs armata, nam cuncta manet galeata; |
Ferri tinnitus et equorum nempe rugitus; |
Surdescunt montes; exsiccant undique fontes; |
Amittit tellus pascendo florida vellus; |
Pulvere prae nimio vilescunt lumina lunae,"
Traduzido:
 "Longo descanso é a cruz e esplendorosa é a gloria de guerrear. É o mes de Maio. Adiantam-se as espadas de Galiza, percebendo primeramente as doçuras de Santiago.
Como as estrelas do ceo, assim refulgem milheiros de lanzas.
Milheiros de escudos centelham e as armas estam poderosamente afiadas.
A multitude está armada e atopa-se toda coberta de capacetes.
O tilintar dos aceiros e os relinchos dos corcéis ensurdecem os montes. Por todas os lugares deixam baleiras as fontes.
A terra entrega para o pasto as súas flores laúdas.
Coa inmensa poeira escurecem os raios da Lúa"
 
Semelha que é este um exército galego cumha imagem poderosa, moi numeroso, bem armado e cunha imponhente cavalaria (um dos corpos militares máis estimados na Idade Media). Nada que ver coa tradicional imagem dunha Galiza medieval ilhada, pobre, débil e militarmente sumisa que vende a historiografía espanhola. Mais vejamos que máis di o poema daquel exército do reino da Galiza:
"Splendor et aethereus frustratur lumine ferri. |
Strenuus hanc sequitur turbam Consul Fredinandus. |
Regali cura moderando Gallica jura. |
Imperatoris erat nati tutamine fultus. |
Hunc si vidisses fore Regem jam putavisses; |
Gloria regali fulget, simul et Comitali. |
Florida milities post hos urbis Legionis, [...]"
Traduzido: "e a claridade do ar esvaece-se á refulgência do aceiro. Acompanha a esta hoste o aguerrido Consul [significando o máis alto cargo de governo num território e no mando dum exército] Don Fernando
que governa a lei em Galiza por encargo do rei, e honrado coa tutela do filho do Emperador. Si o vírades pensaríades que el era um rei brilando á par coa súa glória de Conde e coa de Soberano.
Detrás destes, a florida milicia da cidade leonesa [...]"
Pois efectivamente; a descriçom poética que da o texto deste exército e do seu valoroso comandante (que semelhaba máis um rei que um conde) fainos pensar, pola súa dramatizaçom, que a visiom da súa marcha devia de ser algo verdadeiramente impressionante.
E quem era aquel tam importante Conde Fernando?;
     pois ninguém outro que Fernando Peres de Traba, filho do anteriormente referido Conde Pedro Froilaz de Traba. Foi Fernando o líder da nobreza galego-portuguesa e moi influente nas cortes reais (assinava nos documentos como "Comes Fernandus de Gallecie"); foi tamém Adiantado do Emperador Afonso VII e titor do filho deste, o futuro rei de Galiza e de Leom, Fernando II, um rei que estará moi apegado á Galiza (país onde chegou a contraer matrimónio coa filha do rei de Portugal Afonso Henriques e onde está soterrado por próprio desejo na Catedral de Santiago) ja que pertencía a um medio social, cultural e lingüístico galego pola súa formaçom com Fernado Peres de Traba e a súa poderosa e influínte familia. Tal era a vinculaçom dos dous Fernandos que, já antes da morte de Afonso VII, o Conde aparece coasinando documentos co Príncipe aparecendo este co título de rex. E mesmo Fernando II chegou a casar, em segundas nupcias, com Tareixa Fernandes de Traba, neta do Conde.
Crónicas da época como a 'Chronica latina regum castellae" considera que a súa influência foi determinante para que, no testamento de Afonso VII, Galiza e Leom (herdados por Fernando II) se separasem de Castela e Toledo (herdados polo tamém filho de Afonso, Sancho).
Outras crónicas destacam de Fernando Peres de Traba o seu valor na referida conquista de Almería.
Demostra-se, umha máis vez, que aquela pobre imagem da supostamente sumisa Galiza medieval da que fala a historiografía espanhola vê-se truncada pola verdadeira Galiza chea de arte e cultura dominantes que já temos visto noutros artigos, ateigada de mosteiros, castelos e catedrais, com moi importantes e influentes nobres que educavam a emperadores e a reis, e que, polo visto, dispunha duns impressionantes grandes exércitos.
 
Fonte:Grupo facebook reino medieval de Galiza. 
 https://www.facebook.com/groups/reinodagaliza/?multi_permalinks=1482076895909468%2C1483017095815448%2C1482708012513023%2C1482150315902126%2C1482516792532145%2C1481386915978466%2C1481537712630053%2C1481920742591750%2C1481521319298359%2C1481908429259648&notif_id=1703838117358140&notif_t=group_highlights&ref=notif

sábado, 23 de diciembre de 2023

Escrever na areia. II

 

 

Historias já contadas lá pelo 2010. 

      São escritas sem rumo, tal vez, sem motivo, só escrever por escrever. Estão escritas na areia e por acaso  ou por pouco nem o vento nem a agua  acabarom com elas. Embora, ainda que nascerom num  rascunho    co pouso que da o passo do tempo parecem ter algo de valor. Eis o motivo, nostálgico, pelo que lhe dou traslado aquí, cando ficavam pérdidas na arca  dos recordos.  

         No caso de não lêr isto, só dizer que não perdes nada. 

 

 

A lo menos não fazia frio aquela tarde cinzenta na estação do metro do norte de Madrid. Alí fora estava Nelson a esperar pelo seu contacto, um homem preto, alto e largo , que já deveria estar aquí. Cada homem que passava estava a ser auscultado pelo Nelson co todo interesse e ânsia propios dum espião ruso na ponte de Berlím.

     Um carro vai de pressa, o seu motor funga raivoso o passar  misturado co som  do ranger dos seus pneumáticos o rabunharem  no rugoso asfalto da rua. Bordeia a rua, vira a esquerda, e enfia a toda pressa o primeiro cruzamento. Era um Honda Accord quase seguro, achou o Nelson, o vê-lo passar.  Uma mulher  de meia idade veio e perguntou-lhe se savia por onde se ia para a Rua da Castellana, ele dixo-lhe com meia sorrisa e uma olhada indagadora  não saber  pois não   era de  Madrid, engadindo para aparentar confiança que era do norte, que assim  a forma genérica  de como os madrilenhos chamam  os de lá acima de Castela, tanto sejam vascos, galegos, asturianos ou incluso de Burgos.  Ainda que ese norte seja moi grande  na Espanha  e moi diverso  dum lugar  a outro. A policia apareceu. Dous policias andam pelos arredores de forma descontraida e vagarosa, lenta e pachorrenta. Estão a a fazer o seu servizo de rutina. A  ele não lhe preocuvava a sua presença, pois se realmente a policia estava a segui-lo não sería estes uniformados de rua. o seu expediente de existir andaría noutros patamares jerárquicos mais elevados.  Se tivessem provas já estaria detido, não sería suspeito não, estaria  a ser  um arguido mais em maus dum juiz  importante, porque não o juiz  Garzón. Estaria asegurado o manchetes dos melhores jornais de Madrid. 

     Em Vigo  na Rúa Garcia Barbón no numero dous, no segundo andar há um gabinete que na entrada está marcado com um cartaz que di:   empresa de  aquecemento, o que no antigo galego e no espanhol se chamava as calefacions e fontaneria . em gabinete pequeño, de empresa pequena, a porta estava quase aberta e dentro via-se uma mulher-a-dias limpando o pó e arrumando o local, ela tinha posta música  no radio-cassete, estava a soar uma cançom de  Status Quo ,  it`s in army now, di o título mais ou menos. Naquele gabinete , foi publicado no jornal da cidade o Faro de Vigo, foi encontrada morta uma mulher de vinte e cinco anos de nacionalidade americana. Não se davam mais datos dela.  Valupi pelas suas investigações,grazas a um amigo que trabalhava co forense soupo que ela era de essa idade, morena pelo preto, bela, e  tinha como destaque na sua face que  os seus olhos eram pretos moi fortes, era o que se di uma beleza iraniana, as suas formas eram de pessoa árabe. Não se deram mais informacões sobre ela. O seu amigo dir-lhe-á   um pouco mais tarde que da documentação que retirou a policia ele pude olhar um cartão especial indicativo da secretaria de Estado dos Estados unidos. Valupi agradeçeu a informaçao o colega, e o mesmo tempo engadiu que  se calhar não era importante, que para ele era um dado geral que talvez não tivera nenhuma ligação coa  malta na que estava a procurar informação. Coisas que se dizem mas não foi este o auténtico pensamento que rodou pela testa de Val.

       Por fim em Madrid, na porta de metro de Velazquez, Nelson  receve o menssagem. Um homem que vendía lotaria vem perto dele, e vai dizindo o de "mañana toca"

   -  Quiere comprar señor, "mañana toca", con tom de voz moi alto e  arrastrando e recalcando as "a" de mañana. 

      E num momento que Nelson nem imaginava o vendedor acercou-se e sem mirâlo diz de pressa e na lingua galega:  

     -"Amanha de manha há festa no pradal", todo dito de seguido  quase misturado coa sonoridade do seu anúncio publicitario de venda de lotaria. 

      Nelson abandonou o seu lugar naquela  saída  do metro, segiu pela rua virou a direita, subiu pelas escadas  que vão dar a  a uma pequena rua e alí apanhou  o seu carro, um  Seat  Leon. Apanhou o telemovel e ligou com Valupi.

-        Hei Val, a sinhal foi dada. Tudo está combinado , "esta meia noite estarei lá",  nas carbalheiras da lua.  O que quería dizer que aquela noite estaria  co senhor Fernández para recever o material.

-        Até logo

Val só respondeu,

   -"Brua moito vento", até logo. 

      As suas suspeitas de serem escoitados por controlo dos seus telefones fazia-lhes tomar as máximas precauções.

    Era a frase combinada para dizer que o assunto foi compreendido. Val era moi professional.   O Nelssom ficou zangado, por falar como falou pelo telemovel. Não faz falta dar  nomes, dar explicações, ainda que  Val o fizera a vezes não é causa para atuar assim. Porque o  fez?, não sei,  ele numca tivera a certeza  de serem certas as escutas tão modernas a os telemoveis, aliás o Val lhe dixera moitas vezes  que hoje tudo está a ser escutado e gravado. Ele não acreditava de verdade nisso. Nelsson sempre achava um pouco brincadeira e exagero de “profesional” todas estas cousas . As pessoas adicanse a moitas coisas, têm moito pra fazer,  porquê vão a estar a procurar a nossa informação?. Porém , por vezes,  duvidava de tudo. Ainda assim  ficava impresionado e asustado quando ouvia  dizer no jornal que alguns  os políticos estão ou forom gavados, pela polçicia,  em conversas nas que pediam ou receviam dinheiro ou regalos em claros casos de corrupção.   Que chatice para eles o  ouvirem-se gravados.   E agora está recordar o Val de pé  indo dalá para cá na sala e  narrando-lhe coa paixão  da que ele era muito capaz, a hestoria da máfia siciliana e de Toto Rina o Capo di capi, o que movia os fios todos da máfia. 

     Este homem, Toto Rina,  que esteve desaparecido perante vinte anos e a polícia ja dava por morto, ficava numa aldeia de  Sicilia, onde chegou um dia a polícia  grazas a paciência para conseguirem os  dados que perante muito tempo forom  xuntando. Quando chegarom a aldeia onde ele estava, toparom-se com uma  casa velha, sem luz, sem agua. A casa propia dum labrego miserável a quem a vida deixou abandonado esem sorriso, abofé. E assim foi, alí atopam a Toto Rina, comprovam que  é ele aquele camponês suxo e velho, e vão ainda levare mais surpressas. Naquela casa há um sistema de ficheiros postos numas caixinhas, e dentro há uns pequenos cartazes ordeados por orde alfabetica e tambem há uma Biblia. A policia olha a casa, o velho e  di ,  que  é isto?,  pra  que nos vale e que nos di?.  O caso é que aprenderom o camponês suspeito , carregarom o material e estiverom a pensar  e a ligar dados dum lado e mais do outro, até que um dia chegarom a conclusão de que dende aquel predio cheio de tralha velha, onde o res do chão morava aquele velhote que  creiam desaparecido e que era um dos capos mais buscados pelas forças de segurança não só italianas senão tambem de tuda Europa, dende alí estava-se a dirigir a organiçação  criminoso mais grande e melhor do mundo, e fazia-o dende alí mesmo aquele velho camponês.

     Ele olhava o teito o lado olha-va para nos os seus alunos, fazia silenzos, a sua tramolha o seu teatro era lindo, nos tudos estavamos  de boca aberta espeitantes na palabra que sairia de aquele sabio. Ficavamos a espera como era posível e porque  o grande capo di capi era aquele, como conseguiu, era atractivo a narraçao.

        De facto, Nelson quando ia conduzindo o carro pelas ruas de Madrid, ia pensado nos tema das escutas, mesmamente estes dias os jornais da capital  e as radios aliás as televisãos, estavan a falar  de o governo ter um novo sistema de escutas muito moderno que apanhava dende telemoveis até correios electronicos e todo tipo de comunicação pela internete. O partido da oposiçao acussa o governo de  espia-lo cos sistemas istes ditos. Assim quer voltar por terra as investigações feitas que deram na cadea e arguidos e suspeitos  individuos acussados de corrupção e que políticamente deixavam o partido en mau posto de face o eleitorado. Estava também a lembrar que em Portugal, estava en causa  o o chamado caso da “face oculta” que grazas o sistema das escutas  feitas a um suspeito de corrupçao foram feitas escutas nas que o tal arguido falava co primeiro ministro o ingenheiro Socrates. As informaçoes dizem que a conversa emtre Armando Vara, tal e o nome do arguido, e  o Socrates não  pôe em causa nada comtra o Primeiro Ministro, mas isso foi aproveitado  e ainda que o Tribunal Supremo deu ordem de que essa  conversa fosse destruida, não foi assim . Porém estava a ser utilizada tal gravação para soltar tinta  pela sua incertidume. O caso , pensou Nelsom, e que nos tempos que estão a correr está todo posto baixo escuta do  governo. Jamais  foi feito tanto control do cidadão como neste momento. Eis o problema, e se eles estiverão também  a ser escutados; se por acaso,  houver alguma suspeita sob algúm  membro da sua equipa, se  o seu telefone estivesse sometido a controlo e a polícia soupesse todo desta operação?. Todo é possivel, mas nesta vida todo  o que  tem valor tem risco. 

      A bucha é dura mais dura é a ração que a sustem, dizia o Zeca em venham mais cinco, e assim é a vida pelo geral. Tudo está a correr bem, não vou pensar doutra maneira, acho que tudo ficara resolto em pouco tempo, e recordou mais uma vez as frases do Zeca Afonso:  a gente ajuda, havemos de ser mais eu bem sei,  mas a quem queira tirar abaixo o que eu levantei. Seguía a correr pelas ruas de Madrid, o carro ia pela gran vía, descer-a-ele até a Praza de Espanha e  dalí chegara a  Casa de Campo  para alí  rematar o encargo feito pelo Valupi. 

  A noite era crara, fazia frio, o ceio estava cheio de estrelas e coverto por um garda-chuvas de friaxe que chegava até o chapapote da estrada  e convertia-se num fino manto de agua,  como se  houvera chovido. Estava-se a deitar naquele planalto  uma forte giada, embora  a cidade aquecia como podia e devolvía vómitos de fume contra aquele pesadelo de geo que caia do ceio.

Escrever na areia.

 


Historias já contadas lá pelo 2010. 

      São escritas sem rumo, tal vez, sem motivo, só escrever por escrever. Estão escritas na areia e por acaso  ou por pouco nem o vento nem a agua  acabarom com elas. Embora, ainda que nascerom num  rascunho    co pouso que da o passo do tempo parecem ter algo de valor. Eis o motivo, nostálgico, pelo que lhe dou traslado aquí, cando ficavam pérdidas na arca  dos recordos. 

                    No caso de não lêr isto, só dizer que não perdes nada. 

 



   No afganistão um bombista  matou a duas centas pessoas. Na sexta e trece vão fazer  a festa das bruxas en Montalegre. O Papa esta a  gravar un disco, de música sacra, ora essa. En Europa estão a  nomear as pessoas que vão fazer a liderança política da Europa nos proximos anos, serão o presidente do conselho de ministros, como primeira autoridade e o representante da Segurança e representante o exterior da Europa. Obama anda pela  China. Um  barco espanhol  foi retido por piratas da Somalia mais tarde forom liberados os dezaseis refens, tudos estão vivos, os piratas apanharom um bom saco de dinheiro. Tudo esto está a correr no mundo o seu rumo habitual  e o Nelson  anda  na busca duma mulher preta de raça africana, misturada emtre as prostituas diste continente que estão a passar esta fria noite na Casa de Campo en Madrid, um lugar concorrido pelos gajos e as raparigas que estão a fazer o oficio mais antigo do mundo como assim é chamado. Abonda as pessoas que estão adicadas a isto, os tempos são muito bons para o negócio.A emigração sempre foi uma boa fornecedera da  oferta e  a demanda existiu sempre, agora e dantes. Quando o Nelson anda por Madrid sabe bem que na  Casa de Campo vai encontrar a bem seguro todo o que procure.  Um Carrosel de carros co seu ruxe ruxe a dar voltas  pelos arredores, o tempo que mulheres negras, brancas ou de calquer cor azanam coas maus, o tempo que sorrim e se monstram os gajos que dende os carros percebem as variadas misturas de beleza e  morbo.

    No Barroso, no límite coa Galiza, o monte não faz distinção de nações. O Larouco xuntase co ceo nesta noite crara. Se olhamos  dende o Barroso português, vemos que  uma parte da montanha  deita para Espanha e a outra para Portugal . Dende aquí além de ver Padornelo e Montealegre  estamos  a ver tambem Vilar de perdizes  e mais outras freguesias que não recordo o seu nome. O Larouco visto dende esta beira é coma uma parede, é bravo e erguese altivo, visto dende o lado de Baltar   figura-se mais tranquilo, vai ascendendo  pouco a pouco até chegar  alto.Semelha ser uma patria, um pais ignoto, um  mundo o que se está a ver. A sua maneira  de estar invita a visitâ-lo, a vê-lo por dentro, fâ-lo e ficas bem, eu fê-lo muitas vezes. Há um mundo novo o vieres. Ambolos dous lados do  monte juntam-se numa chaira muito grande, a chamada veiga, que se intue mais não se pereceve dende nehum  dos vales, do de o cavado e dende o limia. Porque  o Larouco vai caindo dende a veiga para o seu oeste, para Portugal, fazendo uma pequena curva, segindo a delimitar as duas fronteiras, e num momento cai, fendese na chaira, desce pouco a pouco e  aparece uma janelam. Esa janela foi aproveitada para fazer a porta de entrada, de fronteira emtre as duas partes, e da tal janela nascem dous vales, um para cada lado. Dois vales pelos quais farão o seu percurso dous rios bem conhecidos: o Cávado para portugal e o Limia para Espanha e que ficara também en Portugal. Os dois nascem juntos, e cada um vai para seu lado, o Limia vaixa pela Roussia e o chegar a chaira da Limia recebe o rio de Sarreaus e segue morno, largo mais com pouco agua como durmindo a sesta  pela vila de Xinzo, uma vez que da lá vai-se , esperta um pouco e começa o trilho de seguer a baixar e a colher aguas  dos montes que vão dar a limia, e  a fazerse um rio adulto pouco a pouco, cada vez mais até chegar a Viana do Castelo, fazendo antes um paso  por Bande, Muiños, e crianao a vila de ponte da lima, depois de fazer o   barragem de lindoso na fregjuesia de Lindoso. O seu irmão o cavado que da janela do larouco partiu também , faz um percurso mais curto, sai feito uma criança da janela do larouco,  baixa rapido até montealegre, onde se fornece, preparese, para sair com força até chegar o mar, ambolos dous vão demde o Larouco ao mar, fazendo dous bons percursos. Aquí neste fermoso lugar vai-se também fazer parte da nossa hestoria, niste lugar perdido no mundo.

   Niste tempo de inverno, o Larouco cria para ambo-las duas beiras suas uma chuvia fina, que vai baixando como nevoa até os vales, e deixa uma friaxe no ambente, a sua cima quase que neste tempada está sempre cheia de  nevoeiros, a metade do seu cumio está cuberto,  os seus habitantes tanto do lado barosão como do val do limia no concello de Baltar estão acostumados . Também do lado sur do larouco, não dixemos que faz o larouco parede sob uns quantos povos  e freguesias de zona espanhola tales como medeiros, san milhão, a pedrosa, e seguindo até o barroso muitos outros, isso sim esta zona é uma zona mais quente, o larouco faz-lhe parede comtra o ar do norte, e isso  dalhes um agarimo e acrescenta o aquecemento que lhes da o primeiro sol do día quando nasce polo leste e peta comtra a parede sur do larouco. Até cá se da vinho, e froitas variadas, e pois um pouco mais quente que  no val  norte que se olha dede a cima do larouco. O larouco é moi rido en aguas , a sua chaira , a veiga, que na sua cimeira cobre faz de esponxa para que sea a filtração de agua  nessa  grande terra.E assim são varias as fontes  que nascen nele e vertem todo o ano a sua agua cara o val de Baltar, e que o fão pelo seu grandes regatas, ou pequenos rios que vão verter o limia que  faz percursso polo val.  Faisse destaque emtre as regatas ou regueiras, que é como assim é chamada pelas gentes do lugar, a regueira dos cavalos, e aregueira de forcadas. As duas tenhem todo ano agua que nas época de chuva vaixa a cachón  e com força  desprendensose por toda a serra até o val.

          Miguel Antón Valencia, nasceu por estas terras do val  do limia, numa freguesia do concelho de Baltar. E filho de solteira, a sua mãe ficou prenhada con dezasete anos. Ela era pastora de cabras e ouvelhas no monte do Larouco e nos seus arredores. Com os rebanhos ela ia moitas vezes ate a cima do monte. A cabra e animal muito bravo, não se conforma cos pastos brandos da chaira, e sempre quer ir o mais arriscado e subir  e explorar. A cabra vai-te levar sempre a zoa mais dura do percurso que estes a fazer. Se há um penedo alto a cabra mais valente vai fazer tudo o posivel por trepar penedo acima a comer o brote que sai numa esquina do penedo. Ela vai tentar de trepar o alto dum pino novo, para tentar comer-lhe a casaca tenra e verde, ainda que por baixo dela houver uma herba  branda e verde que acho que nos apanhariamos para dar-lha como se dum premio se tratara. Anuncia , chamava-se assim , esta boa rapaza, seguia o cainho das cabras para  acima do larouco muitos dos días. Era jovem, fuxia do pobo e da gente que via a diario, o caminhar gostava de sonhos e pensamentos  do que ela poderia fazer alguma vez. Isso era o que mais gostava ela, o melhor era quase capaz de estar duas ou mais horas imaxinando e falando para si. O trabalho permetia-lhe tal coisa, as cabras eram felizes, seguiam e seguiam a comer e a caminhar, o seu mundo era um mundo tranquilo. Uma manhã  na primavera, cedo, quando o sol está  ja posto e aquecendo a terra e  a fraga toda, ela ja levaba andado a metade da  serra ia  a desfrutar dum dia no  acima, na veiga, onde o gando gostava de comer e beber, e ela gostava de estar porque dende alí via pequeño o val, procurar olhar tudas as freguesias, os caminhos, o rio, pena que não poidesse ver também o val do sur e o de Montealegre, do cávado, mas para isso teria que  percorrer toda a veiga e asomarse o balcão que da o sur.

   Quando anuncia chegou lá , a veiga, ja alá ao lonxe viase mais gando, e gente.

-        Ora, como fai bom tempo , tambem subiram para cá os marotos, ou seram da parte da Xironda , que era outros dos pobos para onde descer do Larouco. Se calhar são de Vilar de perdizes, recordou que se fossem da Xironda  estariam mais perto diste lado onde agora chegou ela, mas istes estão mais ao longe. Alías, recordou, que ainda que  cada quem andava por onde podía na veiga, ultimamente os guardinhas  e ainda também a Guardia Civil tinham feito vixilancia de que  se cumprira cos límites de fronteira que  dividem a veiga en duas partes, uma espanhola e outra portuguesa. Iste afastado lugar e que so está o ceu e nos quando estamos no meio dela, está também repartido.

De facto, lá estabam cada cen metros umas grandes anteiras bem feitas e labradas que pela sua face norte tinham posta uma E e pela sur uma P. Sem duvida  com isso só sabemos bem o que elas quiser dizer.

-Aquela gente que ao longe se via ,  ficava por detrás  da P. Eram sem duvida dalguma das freguesias que ficavam na baixa da face sur do larouco.  Podiam ser de Vilar, ou doutros pobos que por la ficam.

   O sol na veiga aquece moito, nesta chaira cheia de herba e na que não ha arbores, o frío do inverno não deixa que eles crescam muito. Mas a terra humida, as charcas e a herba fazem que isto não seja um sequeiro ou o deserto, e as cabras saberão procurar as partes humidas para beber, anque iste animal tanto lhe da por vezes, ja que de caste lhe vem que a cabras no deserto, na chaira fria, e nas montanhas nevadas dl Tibert por  pôr um ejemplo. Passado um tempo ela foi conduzindo miudinho  o seu exercito até onde estava o que vira o chegar, e o mesmo semelhava estavam a fazer os primeiros poboadores da veiga. O encontro iase a produzir en algum momento, cada vez se olhavam um pouco mais istes polos opostos que como se fossem  duas constelacions ianse juntando. Os cães ladravam  de um lado e do outro. Não se savia se o faziam por ter medo comtra o lobo, por movimentar as suas cabras ou porque uns e os outros  estavam a falarse daquela maneira que eles o fazem, e como eles são sabendo que os seus donos  parecem querer chegar a um encontro.

      Quando os  tempos foram chegados a isso do meio dia, a hora do almoço, vieram a uma distância que ja se podiam olhar bem, ja se podia fazer distingos de pessoas. Anuncia viu a um homem, jovem semelhava e sentiu que tambem ela fora vista por ele.  Os dous iam fazer porque o encontro fosse possivel. Estavam o sol, a chaira da veiga e eles os dous cada um com um exército igual : fariam um encontro.

    Os dias foram passando, os nevoeiros  a deterreterse, sol-pores, por do sol, um vir lá e cá, os dias cos seus fazeres , tudo ia transcurrindo sem descanso naquel mundo do Larouco, do Barroso, do vale de Baltar, da Boullosa, da beira que da a Xironda, de Sandim a  freguesia que está o rematar o Larouco e dende uma altura da que se vê Montalegre e o seu  grandioso castelo, que olha para baixo a ver o Cávado, mansinho ele até deixar Montalegre.

A roussia trae no inverno chuvieiras, o Larouco apartires de outubro por vezes está cuberto dum manto branco, que  vai baixando até os vales , ya seja pela beira de Baltar, pela Beira de Xironda e Vilar  de perdizes, e também para a beira de Sandim. O tempo é normalmente frío pela zona nesta datas, a humidade também.  Falar da roussia para os vecinhos das zonas é falar de frio no inverno.

    A margem do Limia, no vale debaixo da roussia monte está o pobo ja desaparecido de Roussia. Na baixa lá está perto do río. Sem duvida foi abandonado ja há muitos anos pelos seus habitantes porque as condiciões de vida  pelo clima não eram muito boas. Virado o norte tem de costas o monte da Roussia , o sol ja pouco no inverno não lhe da com forza no nacente, e o sol forte do meio dia está tapado pelo larouco, a humidade que se fazia lá era muita, e coas condições de frio e humidade os seus habitantes apanhavam muitas doençias  que fazia muito dificultosa a sua vida ja de por sim muito dificil. Ainda  hoje em dia estam  restos de construção do pobo. La ficam as suas antigas moradias, pradairos, ruas, prazas, numa pequena aldeia com o seu monte para o gando e os seus pradairos que noutro tempo seríam hortas, lameiros, nabais, leiras de centeo. Tuda uma vida  que desapareceu como o faram tantas aldeias galegas porque os tempos são assim, dentro de  quarenta anos seremos  um milhão de galegos menos. O que não achei na aldeia da roussia foram restos de igrejas ou capelas, aliás o mato cubriu tudo de tal maneira que  não é possivel achar nada, pudera ser que foram tidos por infeis, e as susas enfermidades foram vistas como causa delas a sua falta de fe. É suspeito ou brincadeira minha, é um dizer, não há nada  para sustentarmos tal dito, mas acho que se calhar seria um bom  ponto de aranque para um qualqujer escritor falto de ideias , como posso ser eu.

    Os nosos amigos, o barrsõe  mais a galega Anuncia, haveriam de viver, depois diste primeiro encontro, momentos de verdadeiro namoro, sempre no alto do Larouco, pois na sua despedida um  baixava de costas o outro , cadaquem para o seu patamar , um par o val de Baltar  e o outro para Sandim.

   Cada um deles pertezia a paises diferentes, um era espanhol e o outro era Português. Os paises existem e eles tenhem fronteiras, em algum sitio haverá que pô-las. A fronteira é uma raia, uma linha que vai dibuxado no ar,e que di  que a terra está dividia em dous, mas as terras são iguais, porém esa linha terá muita importancia. E  tê-na ainda mais hoje em que ha uma ditadura , melhor dito duas ditaduras uma em Portugal e outra na  Espanha. A de Espanha e mais dura e menos dita que a de Portugal. A de Espanha veio depois duma guerra civil, ou incivil, depois de forte morte e repressão. Este montes, e carreiros conhecem muito bem  o passo e fugida de homens para as beiras e greguesias do barroso. Ë precisso fugirmos quando não há tempo para falar e podermos chegar à acordos co inimigo, co que tem a forza. A vida está em causa, seja como for,   do grau de suspeito vem o de morto, não ha tempo para sermos arguidos,  e não vão fazermos juizo de contradição, não a contradição chamase espingardas mauser e pistolas luger alemães que com os seus canos a botar lume pelas noites falam e enchem as beiraruas de  corpos que ficarão por sempre lá .   Tudo isso passouse por cá , e lá acojeusse  a tudo o que fui possivel. Os dous  pastores viram de tudo quando eram miudos, e ouviram lendas e hestorias que ha passaram, mais ficaram na sua memoria.

Na Habana, na Habana velha, no malecom, está a soar uma cançom de silvio rodrigues, o tenro  en letra e música, fala dos namorios da vida, da sensibilidade das pessoas. O mar e cálido coma sempre por estas terras, a xente caminha com o lento andarilho de Cuba, cadaquem anda no seu trilho, tudos e cada um vão cos afans da cada día na procura duma vida melhor.  Sejam que forem eles, são pessoas, a viverem  nesta parte do mundo porque assim lhes tocou a vida, nem bo nem mau, se calhar eles são tão felizes como os que nos achamos como aqueles que a sua vida e uma risa grande.

Em quaisquer parte do mundo pasase qualqur coisa, mas neste parte do nosso mundo semelha não passar nada. Vai e vem o tempo, veio o verão e e fugiu a primavera, vieram os amigos com as suas crianças, vieram da cidade onde eles moram e ficam todo o ano, vieram para vêr a nova luz do  ano, para recordarem os tempos grandes de quando  serem miudos. Eles ja não moram aquí, mas eles, queiram que não  hão ficarem aquí sempre, qualquer coisa haberá que não se saberá exprimer que fâ-los-a pensar que  o ar da Roussia, do Barroso, de Tras-os-Montes, do Larouco, esta a correr por eles, e em tudas partes serão reconhecidos como barrosões, galegos arraianos, trasmontanos, e eles olharam para aqueles que vêm nas capitales galegas ou espanholas, onde eles ficaram para comer, ou procurar a vida nova. Quando eles se olharem, uma pequena luz fara vêr por alguma coisa que , como ja foi dito não exprimer sei, e o que os espanhois chamam “um punto”, um ar, uma seelhanza. Isso não é proprio so  destas terras, em tudo o mundo se da tal questão, sim mas o mundo de cada um é o que é.

   Tudo isto e dito para compreender como dous dos nossos protagonistas por mor dese ar da sua terra, vão a encontrarse sem conhecer-se, mas o mundo tão cheo de gentes de um lado para o outro por vezes faissenos  nosso, pequeno , controlavel, coisas da vida que a vida nos da.

Porém iste mundo esta também cheio de pulhice e bacoradas, o homem mas semelha ser hostil que amigo moitas das vezes.

Nos Estados Unidos há um presidente negro. Chamase Obama. E novo, e uma nova estampa para a política.

 

 

As nossas palavras.

 

  Tens de estar fechado. No quarto, na secretaria,no trasteiro, longe do barulho da cocinha e da Televisão, e mergulharte no silêncio. Só escutando  silêncio. Co silêncio que fala. Co silêncio amigo. Assim  tu, eu,   á soidade,  juntos tentaremos de fazer-nos ouvir a través da  escrita, na cavilosa escritura. Escrever é colocar no seu lugar as palavras que trapalejam pelos nossos pensamentos. Apanhá-las quando elas andam à solta, esparexidas pela cabeça adiante e arruma-las, para que o  juntarem-se umas  coas outras falem por nós. O jeitinho de escrever  e  darl-lhe uma organizaçao para que umas pedam por outras, todas ordeadas  se sitam cómodas  juntas assim soem como  música. Os olhos do leitor devem esbarrar com ânsia pela folha  de papel  em baixo  porque as palavras están ordenadas numa cadeia que umas levam as outras e parecem uma sinfonia feita entre fondo e forma.  É importante o fondo ou a mensagem do que se quer transmitir, mas sem esa arte de uma escrita suave, tenra e fácil  a mensagem e o fondo do que queremos transmitir, chegam os ouvidos atrapalhados e a berros que acabam cansando a nossa atenção. Se a escrita é fluida atrapa o leitor pra que  não se escape.

Cada palavra esta prenhada de vida e história. Elas são as que falam por se mesmo dentro de cada uma há uma historia, de como xurdiu, como evolui, de onde veu, que fins cumpriu no tráfico humano.  Todas tiverom  a sua utilidade, e tal vez forom perdendo-a co paso do tempo, se numca houvessem sido úteis não hoveeram existido.  Eis o  misterio e o significado que para mim sinto nas palavras. 

Por vezes elas são como amigas que aparecem. Outras venhem de novo, são novas, numca em nós estiverom, nalgum lugar se disseram ou são felizmente ditas e o escritor  ou por um acaso um galegoo ou um  português que estamos a olhar na televisão trai-no-las como  batels que a porto  chegam. Elas foram apanhadas  do mundo das palavras como se das ideias de platão se falasse.

Também  outras aparecem e vão como um feitizo. Chegam com emoção, elas ja cá estiverom, nossas foram, embora emigrarom e agora deitam-se por cá e fizerom o seu retorno. Estas são as mais queridas. Elas estiverom na fala do avó, do pai, dos falares componeses, da escola, da feira, do gando no  monte. Elas ficarom longo tempo no imaginario na caixa do bom querer. Embora o tempo, a longa data da vida, desta vida tão movimentada,  fez tudo que elas, sem elas terem tal desejo, desaparecessem de nós,  foram esparexidas no ar , ficaram na soidade, com sorte ficaram quietas nos livros , embora sempre à nossa  espera. Com elas tambem espareximos parte da nossa vida, vivida, da experiença e do ser. Por isso quando chegam e são reconhecidas, a alegría e muita. São tantas estas. Quando chegam um toma aponte delas, recorda-as, e acha que  numca mais vão ir-se do nosso caron. Não é facil. Para não ficarem sozinhas há que garda-las, escreve-las, recorda-las. Elas  tiverom que sair da rua que é o seu lugar de vida, agora ficam nalgum campo lonxano,na literatura, e sob de tudo na lingua portuguesa. É sorte para um pai saber que o seu filho teve que emigrar, embora sabe onde está, pode visitâ-lo, sabe que  esta bem, que  está na sua casa.

A minha mãe e o melhor garda palavras que eu conheci. Uma mulher sem estudios nem leituras, filha do aprendizagem da rua, da lareira, do convivio diario duma campensinha galega.  Ela aprendeu-as e gardaou-nas e  tenas todas consigo. Ela parece ter uma saco delas e de forma supresiva saca alguma que outra bem antiga e sonora que nos deixa asombrados. E pode dizer-me que tem uma pechincha, ou que  estou a estrajar-me quando malho  o meu corpo trabalhando de mais e  suando. Ela é o melhor filólogo que conheci, ela é a garda das palavras que viviu e que nos transmitiu.

Queridas palavras que tão olvidadas  vos tenho, um recordo para vos: 

Tanguer, ulir, petares, temoeiro, caviloso, arrousar, rozar, estercar, gralha….. rula , avidueiro, azedume……aldraba, refachos, arfantes,