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lunes, 14 de febrero de 2022

Lendas da minha aldeia.

 Imaxe

           Nom hai  bom   Pedro,

  nem bom burro negro. 

           Nem  bom lameiro por riba do regueiro.

         O Pedro a quem se refire o terceto humorístico era naquela altura, anos quarenta, nem mais nem menos que o senhor cura párroco de ATÁS. Evidentemente não era o Pedro, era Dom Pedro. 

        Pois bem por aqueles tempos tão longuínquos e remotos  da década dos quarenta, recem rematada a funesta guerra civil, reinava em Atás o cura D. Pedro.Home, padre e personagem,  controvertido pelas lendas que da época que nos forom chegando as gerações posteriores a través  da tradição oral dos nosos pais e avós. Foi naquela altura um curato que deixou pegada nas suas memórias pela peersonalidade e mentalidade deste crego, ainda descontando-lhe as loucuras da época.  Os nossos transmisores diretos,  os pais,   naquela altura erão uns moçotes ou moças  que   andavam a puxarem por destacarem no seu papel de, novos protagonistas protagonistas como mocinhas e rapazotes da aquela peqeuna tribu aldeana . Naquel ambente  dos tristes,  místicos e esclavizantes  anos quarenta, a vicinhanza vivia como podia, ou seja mal, mas  bem sem descanso no trabalho e  com pouca diversão. 

1.175 fotos e imágenes de Sotana - Getty ImagesFoto xenérica de senhores curas.

      D. Pedro era um jovem párroco  originario das terras de Maceda. Bem-nascido numa  familia labrega rica com alguma  ponla fidalga e que se via na obriga de conseguir dar o seu vástago  os estudos para acadar o  grande status de cura duma parroquia. O jovem Pedro tinha as possibilidades  pra ser um exítoso crego, ou seja querer e pertecer a uma familia que tivese certa suficinte  riqueza natural. Deus não dava a todos a vocação clerical  olhava primeiro quem tinha terras e cartinhos.  

     Rematados os seus estudos o novo crego foi destinhado a parroquia de Atás. Niste caso  uma parroquia pequena e não abondosa em  riquezas. Os diestros ( acomo alí lhe chamam as terras de propiedade eclesiástica) erão pequenos e a população da parroquia, Atás e as Estivadas, era pequena  em comparança com populações doutras parroquias da diocese de Ourense.  Os ingresos numa parroquia de xente pobre e pouco numerosa em comparança com outras eram moi cativos. Evidentemente,  os   donativos, os enterros, os encargos de misas, os impostos de grão, as rendas, os oficios que rendiam cartos nem comparança tinham com outros lugares. 

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Foto xenérica de senhores curas mais ou menos dos anos quarenta.

      Não obstante esso não era tão importante para D. Pedro. Ele vinha duma familia rica de labregos ,  con antecedentes fidalgos fincados na terra que olhavam ou se consideravam mais perto da  fidalguia que das simples camdas de labradores simples ou de labradores  pobres  ou incluso  caseiros, que  sem terra propria trabalhavam  como moito esforço as terras alugadas , com rentas moi altas, as  familias ricas ou a propia igrexa. A terra era um bem escaso e o seu valor não só em cartos senão em prestixio social era imenso. Ele, Pedro,  xunto com outros dous primos era o terceiro cura   duma saga familiar que no futuro teria também persoeiros de influência  na  nova política da transição, depois de morto Franco.  Aquela pequena parroquia vai só ser o pequeno lugar de  treino pra um cura novo que aspirava , Deus mediante, a colocar-se em postos de maior rango na sua iniciada carreira eclesiástica. Os novos tempos, rematada a contenda civil,  trouxeram ventos espirituais rígidos, havía que educar e numa soa voz apontolar o nacional-catolicismo que tanto sofrimento  costou conseguir numa cruzada  de tres anos. O cura ia ser um personagem  esêncial  para divulgar e impôr a nova ideologia dos vencedores. a sua missao atingia tanto o controlo e político e  social como a disciplina da moral e as  costumes. Tudo adubado duma  austeridade de vida  e  espiritualismo  medieval. O  controle da moralidade dos seus parroquianos devía ser fim primordial pra qualquer cura rural. Para D. Pedro a mensagem e a misão da Igrexa de Roma para salvarem os cristians do mundo  , concretava-se alí  na sua parróquia. A forma de salvar o mundo do pecado era conseguir a santidade da sua parroquia. Ele era propietario de cada uma das almas que  o Espírito Santo lhe deu em troca da sua missão.

     Assim , pois , D. Pedro levava o timón  e controlo daquela nossa parroquia com brazo de ferro. Não se tratava tanto de convencer senão de impôr, vigiar os agentes do diabo. Ele era um homem de carater, empolgado no modo de predicar, era duro nas exigências morais dos seus fregueses e por acima era um bocado arrogante. Fazia muito fincapé na austeridade e no ascetismo  de vida como regra pra acadar num futuro o paraiso terreal. Tinha especial dureza o falar do sexo e as relacions dos jovens entre homens e mulheres. Prohibia as festas e a música. Recordava que a noite estava cheia de perigos pras mulheres pois as feras era cuando saiam os caminhos pra asaltarem a sua virginidade. Ou seja, um homem do medievo instalado naquel paraiso labrego que era a nossa aldeia Atás, nos anos quarenta. 

        Abofé , não era difícil ser tão duro e exigente  com aquela xente. A austeridade de vida e de costumes tinha-na eles em por si, já lhes vinha de longe. O seu tempo para o vicio e o pecado quase não existía. O trabalho  labrego marcava o ritmo de vida, ou seja madrugarmos  e não descansarmos apenas. O ceu já estava ganho sem mais.

      Embora sempre há quem se oponha a aquel controlo e tristura de vida. Os jovens não eram tão gostantes de vivirem aquelas tebras do inferno que aquel homem lhes propounha. Eles eram os mais doentes e perjudicados, a sua juventude  ficava amarrada nas maus daquel ditador, e lutavam o pouquinho que podiam. O Pedro prohibia o baile,as festas tradicionais do povo,  tinha-lhes secuestradas as moças na asociação das "hijas de María" e fazia delas auténticas monxinhas. Tudo para conseguirem em vida o caminho duma santidade para pobres ou algo assím. 

      Tal era a revolta entre os homens jovens que numa festa do pobo fizeram-lhe frente pois proibira que na sua parroquia houbesse baile e música. Deu parte e conseguiu  a presença da Garda Civil pra desfacer a festa. Quem mandava era o cura, pois a cruz e a espada estavão tão xunguidas numa soa direção que  não havia dúvidas naquela Espanha . Os jovens iam ganhando força na luta contra ele, aunque as vitorias eram cativas. Embora o movimento anti-Pedro ira ganhando força e iniciouse a luta clandestina para facer-lhe propaganda contraria.

      Como qualquer movemento social de luta contra a repressão sempre aparecem  mentes jovens  com ganhas e com algo de instrução ou cultura para puxarem e espertarem as conciências do resto se há abuso. E Assim foi em Atás. Havía daquela tres moços da familia do tio Sacristán, que levava esse nome por ter a honra de fazer esta función na igrexa da parroquia. Homem relixioso e de confiança do cura era uma figura respeitada por todos. O tío Sacristán tinha dous filhos e um sobrinho que grazas a umas becas que na altura o Régimen  repartía através dos  concelhos pudo manda-los a estudar uns anos cos frades  os Milagros. Estes tunantes, dito de forma carinhosa, estudavam nos Milagros e aprendiam cousas e estilos mais abertos e diferentes que em Atás. Quando voltaram pra aldeia não suportavam aquele controlo a que estava sometida os seus vecinhos. Eles alimentaram e potenciaram o movemento de libertaçao. Eles trabalhavam na clandestinidades coa propaganda  contra os abusos e comprtamentos do eclesiástico. Eles vão a  fornecer o movemento "laico" com novas ideas, comentarios burlescos contra D. Pedro etc.

       

Uma das suas atividades mais soadas foi a de  fazer pequenos escritos e cola-los como pasquins por varias partes do povo. O efeito dos pasquins era demolidor, a influência  e o respeito o  Pedro minguava pouco a pouco. Até já falavam de ele como o Pedro, já não diziam D. Pedro. Um dos mais atraientes pasquins  foi um que colaram por toda parte:

Nom hai  bom Pedro,  nem bom burro negro. 

           Nem  bom lameiro por riba do regueiro.

      

A xente ría as escondidas, e os que sabiam ler, os menos,  retransmitiam o resto o simpático terceto que hoje parece-nos inocente e inofensivo, embora naquela sociedade e algo escrito assim, deixou traumatizadas moitas alminhas. 

      D. Pedro  vai ficar descomposto. Disse,  que ia na sua cavalgadura o domingo de manhã saindo pelo  terrado cara a Portela pra misar em Baldriz.  Ainda não encaminhara o percurso  de saida quando numa parede viu o pasquin que alí estava as vistas de todos. Parou, descavalgou, leu aquilo e a sua cara ficou lívida. Ficou um pouco quieto e de pronto escomençou a chorar. Naquele momento sentiu uma realidade que  tal vez não pressentia, que toda a sua laboura espiritual de jovem cura de aldeia ficava rasteira com aquela navalhada  de humilhação. Ele que fora preparado pra ser lider espiritual e civil, pois já o dizia Santo Agostinho o distinguir a cidade de Deus e a cidade dos homens. A cidade dos homens estara submersa, mergulhada e engolida pela cidade de Deus. Era o tempo da cidade de Deus, eram os tempos do nacional-catolicismo que quería fazer da nova Espanha uma cidade de Deus. Todo o seu mundo de repente derrubouse, numca imaginaría que houvesse alguém naquele convento que era Atás que fosse capaz de revoltarse assim. Sentiu arrepio e medo.

       -Mas quem  podia ser?. Não era moi difícil averiguâ-lo. 

      -Quem sabia escrever?, moi poucos. 

      -Aparte de escrever quem podia fazer um pequeno terceto con sorna e ironia e ter o atrevimento de colâ-lo em varios sitios visivéis?.  Alguem um pouco estudado.

     - A resposta veu de seguida . Tinham que ser os tres rapazotes do tío Sacristán que andiveram façendo estudos cos frades dos Milagros. Ninguém mais podia ser. 

      Para D. Pedro a confussão ainda era maior por este detalhe. os felôns vinham dos arredores, do lar do seu querido homem de confiança, do seu sacristão. Ele numca houvera imaginado algo assim. O tio Sacristán, ainda que ninguém acussou o seu entorno, sentiu-se aludido e falou com D. Pedro e deulhe as desculpas e perdons que correspondían por tales factos. 

      D. Pedro aceitou tudo aquilo, meditou, sentiu-se abatido e pediu o senhor bispo o traslado. Sentía que a sua autoridade pra manter a moral e comter o pecado naquela comunidades que Deus pussera nas suas maus, ficava decaida. Aquel curato que ele trabalhara com tanto ahínco e entusiasmo  pra poder converti-lo numa fertil seara, já só seria um recordo. 

      Um día marchou, e o povo descansou. Quando a memoria foi chegando as nossas gerações que tivemos a sorte de não vivermos aquilo, sempre nos falaram do Pedro, ou D.Pedro, o qual os tivera submetidos de abuso de autoridade num pobo moi religioso, por outra banda. No fundo a memoria que nos trasmitíam e que o Pedro não era mau no fundo, que era um jovem  que levava tal vez ademais os precitos que daquela estavam na moda. Como se acostuma a dizer, levaba as cousas "o pé da letra". 

      Eles só nomearam a a queles jovens podemos dizer revolucionarios sem ser conscientes nem eles nem os joven revoltados de que quaquer núcleo social ante o abuso do que seja acaba por  movilizarse, seguramente clandestinamente pra juntar força. Que normalmente os líderes das revoltas saem das camadas mais ilustradas ou que tenhem mais cultura. O normal que sejam os mais desenvolvidos económicamente pois normalmente serão os que tenham algo de cultura. Quer se queira quer não  esto não é mais que uma pinga do que ocorre normalmente nas revoltas e nos cambios sociais, que são encaminhadas pelos burgueses ou filhos de burgueses ou filhos das  velhas élites, pois, normalmente, são eles os que tenhem as possibilidades e a preparação pra fazerem mudanças e informar os outros da realidade. Seja como for, ainda com ilustrados ou não, sempre que a presa  vaia acumulando auga sem darlhe saida,  tem que haver um momento que a presa bolse ou revente coa força da mesma  auga.

      Este é un pequeno caso de faz muitos anos duma pequena protesta social através da movilização clandestina, nuns anos bem difíceis pra fazerem estas cousas. 


            Este texto foi escrito com a ajuda : 

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miércoles, 3 de noviembre de 2021

Atás 1936. Na minha parroquia não se mata a naide. Viva Espanha.

   Naquel día outonal  do ano 1936, o destinho estava disposto a cumprir coa fatalidade.

 O Pío, o Rucutru e o Antonio da familia do senhor Odilo, jovens e labradores de Atás tinham sentenciado o seu final. O destinho dizia que a sua morte estava marcada. 

     Uma camioneta chega de tarde o povo. Aparca  no cruceiro diante da Igrexa. Dela baixam dez homens coa camisa azul e armas em mão. São pistolas o que levam, agás um que leva um  fúsil Mauser. Não precisam terem um armamento moi potente, já só a sua presenza intimida, arrepia e deixa um regueiro de silenzos no adro e na aira dos eidos. Ninguém no povo tem coche, quando algúm automóvel sube lentamente, pelo único aceso, a íngreme costa da pista da  Carracheira, já a noticia voa por todo o povo. Nenos,  rapazotes e homens são os primeiros en sairem a rua,  que qual espinha dorsal percorre o pequeno territorio do  do povo dende As Raposeiras  até a Igrexa e a casa reitoral. 

      A casa reitoral construção de pedra bem feita. Destaca no entorno daquela colmea de casas pequenas de pedra oscura con tehlados de telhas amouradas uns e de colmo outros. A casa que mais parece uma casa fidalga tem uma grande entrada nobre para carruagens. Noutro tempo é provavelmente como origem do povo  foi um pequeno cenobio formado por uma comunidade pertecente o  Convento de San Rosendo de Celanova. 

     Alguém já deu a voz de que  subia um coche pela Caracheira. Estão prevenidos, é algo mais que uma novidade. Dum lado e do outro vai vindo gente a espreitar e a esperar acontecimientos. Nessa época o único coche  que podia acercarse até esta cima de terra olvidada, só pode ser  o dos falanxistas que, já todos sabem, que  andam a percorrerem a bisbarra a pescuda  de elementos dos considerados "roxos" ou simpatizantes. Além disso também é a sua pretensão deixar clareza de quem manda uma vez declarado,  na zona "nacional",  o estado de guerra por Franco en Salamanca. 

      É o momento das delacions e informações para fazer-se conhecer e conseguir o acubilho e segurança de que não te tenham como  enemigo. Ou tal vez  seja por ser um gram entusiasta da nova causa, ou por  supervivencia ou  tal vez simplesmente porque há gente,  com bo olho, para estar à cuberto do perigo, mande quem mande . Incluso pode ser  o momento do rancor e vingança pendente de contas privadas. As informações não precissam dum respaldo fáctico ou probas consistentes. Não,  umas palavras ditas fora de lugar, ( um viva Rusia, ou uma blasfemia forte por exemplo podem ser suficintes); Haver feito de forma legal na República,  uma pequena ou grande  propaganda , anticlerical, esquerdista ou nazonalista tem má pinta só uma redenção pode borrar o pecado ;  um comportamento pouco convincente moralmente, diga-se não estar casado e viver com mulher etc. não conta para bem;  ser mestre de escola e condena  quase segura; em algúm caso ser persona com atitudes pouco entusiastas também pode contar em negativo; um debate antiguo de ideias políticas também pode ser reflexado para mal numa ficha do novo Régime. Em conclusão  tudas estas suspeitas podem, despois, converter-se em  continhas que sumam  a hora de pasar os controis terroristas  do novo apocalipse, que se está a preparar.       

      A  Senhora Consuelo encontra-se con Rucutru e dilhe:     

  -Vai e mete-te na minha palheira  da Cabrela, enfosca-te emtre a erva seca. Alí não te vão encontrar.

      "Eu presenciei  ese día o que  numca mais o olvidei. E cumpro co meu dever de contar-cho. Daquela  tinha  nove anos. Chamo-me Obdulia, da familia dos  Gil  por parte de nai e Pousa pelo meu pai, já morto daquela.  Recordo os rostros daqueles homes. Mozos novos, serios  e raivosos. Bem fardados e com boas botas de becerro pareciam empoleirados no seu papel , e olhavam-nos com ar distante e despreciativo".

        Daqueles homes ela  ainda não ouvira falar.  Eram os falanxistas da recem centuria criada em Xinzo. O seu xefe, o farmacéutico Prieto,  um andaluz, dado de baixa por enfermidade no Corpo de Carabineros, chegou com um  mandado da xefatura da Falanxe para organizar uma centuria e fazer a sublevação nesta zona. Despois ficou asentado na vila para sempre.  Tal como despois puidem saber, ele foi quem proclamou Xinzo e  a sua bisbarra como territorio do novo Movemento nacional coa declaração de guerra.  O seu nome era conhecido como o novo home forte por as gentes dos povos dos arredores. 

    -Que se presentem inmediatamente eiqui. 

    -Que se presentem, ou vamos inspeccionar casa por casa. Sabemos que están eiqui, estes tres indivíduos. São  roxos e  comunistas.

       E repetía o nome dos tres buscados. 

      Ele mostrava-se como  o xefe daqueles moços que olhavam em silenço pra nós. Ele , o xefe, levaba umha cincha de coiro negro que lhe cruzava o corpo em bandoleira e rematava numa cartucheira  brilhante tamén de coiro, que sustinha uma pistola. Botas negras e lustrosas. Sem gorra na cabeça o cabelo penteado e alisado o pra trás.

      Naquel momento,  o ouvir aquelas vozes, e presentindo as angurias daquelas   almas  e a dor terrível daqueles seus vizinhos, saiu  o senhor cura berrando e enfrontando-se directamente os falanxistas. 

     - Viva Espanha. Aquí na minha parroquia não se mata a ninguém. 

     -Eiqui mando eu e  respondo dos meus   fregueses. Valia-me Deus, eiqui não se mata a naide. Viva Espanha. 

     E repetía coma um mantra. 

      -Eiqui, respondo eu. Eiqui respondo eu.

        O arrogante xefe falanxista quedou suprendido daquela impronta e empolgamento do cura. Aquela forma de encarar-se tão directa não a vira numca. Pensou que estava tolo. O fator sorpresa funcionara. E em todo caso , não era bom negocio enfrontar-se a um cura e decidiu , com cara de desprezo,    dar a ordem de subir a camioneta e marchar. Antes de enfrontar-se a um cura melhor sería consultar as ordens coa superioridade. Tempo haveria para axustar as contas aqueles desgraciados.

      O Cura era miudo de corpo e tinha familia ou ascendentes alí. Um dos seus descendentes  é o cura D. Magín que é conhecido como prefessor do Seminario de Ourense. Não posso dar mais distinção del. Só que segúm a gente comentaba era moi querido e respeitado e moi cercano os paisanos. E sobre todo, tal como desmostrou, era um home de coragem e  com a sua firmeza salvou tres vidas.

      Hoje ja não há naide vivo que recorde os factos. Tal  vez haja quem por vía oral na intimidade familiar ouvira contar isto e com muito segredo. No obstante não creio que naide contara nada. Despois daquela,   em Atás ficou um velo de silencio. Ela, Obdulia, diz que ela numca mais ouviu a  naide  contâ-lo. Pois estas cousas sempre era melhor não tocar nelas. Pra escarmento já lhes chegou, o medo ficou nos miolos, e isso dura moito. 

        Os tres condenados, parece ser que seguiram vivindo em Atás, ainda que acochados as vezes e tomando moitas precaucions sempre coa  boca pecha para evitarem lios. Contavam co apoio dos seus vecinhos e pelos vistos não havía ninguém que fosse a incidir na sua delação, tal e como o tempo demostrou.  Ningum dos tres sabia lêr. Numca fizeram propaganda política nem ostentavam liderança alguma, pois erão uns "coitados" coma  a grande maioria dos paisanos do povo.  Alí, em Atás,   por não haver nem caciques havía. Eram todos labregos, trabalhadores  de sôl a sôl que o final do dia tinham costume de irem a taberna e a Igrexa a rezar o rosario. 

      Ninguém no povo  sabia explicar moi bem o porqué desta condena. Tal vez,  para tirar uma outra  explicação de o porquê desta  escolham seja preciso situar o ambente destes primeiros meses do Alzamento militar. Um  excesivo celo na propia Falanxe. Estavam a chegar novos arribistas, gentes que , ainda sem uma fé falanxista mas com bom olho queriam estar o acubilho e a segurança dos novos dominadores. Os de dentro tinham que  medrar dentro da organização, fazer méritos para  entrarem  nas novas  centurias e então fazia-se urgente encontrar novos culpaveis o que dava lugar a que  gentes, "coitadas", como os nossos vecinhos,  fossem alvos desta circuntância. Alguém pudo cità-los numa reunião ou  algúm outro ouviu um ruxe-ruxe de que estes tres erão uns  grandes ativistas do proletariado. 

     Assim é provável que houvesse moita demanda na pescuda de revolucionarios e a oferta  nas zonas da Limia  que não era tanto. E isso não deixa de ser um problema, pois o quilo de revolucionario daquela sería moi caro. Não havia revolucionarios para todos e E qualquera  podia convertir-se da noite pra manhã num  ativista ideoloxizado. Asim falando da represión na Limia Edelmiro Martinez Cerredelo "Historia e memoria . A limia 1931-1935", nos di que Prieto escomençou com catro amigos e despois a sua organização foi medrando em pouco tempo que  fazia falta ter informes e apoio para entrar. O número  de militantes crecera moito em pouco tempo.

       O Pío,  ou  o sem narices, porque não tinha narices, por uma enfermidade,  foi detido despois de acabar a guerra, cinco anos despois, por colaborar co maquis. Os chamados atracadores que asaltaram um  autobús de linea, durmiram  e comeram a noite anterior na sua casa. Foi o chamado golpe do maquis, ou atracadores, na curva do atraco como assim se chama hoje que está justo na baixada da Carracheira coa estrada geral. (Fica adiada esta  interesante historia para outro día). O Pío esteve  em Santoña recluido mas pasou com sorte a guerra pois ele  sim  que era um colaborador moi ativo do maquis e dos escapados roxos na guerra, segúm os testemunhos.

      O Rucutrú e o Antonio, não se lhe recorda atividade política alguma, segum nos contam. Tampouco gerrilheira, por nessa altura ainda não estavam organizados  os opostos o novo Régime .  Tal vez em algúm lugar se destacaram  com algúm berro comunista ou similar  e a sua face foi arquivada nalguma mente temorosa de que a revolução  estava a chegar. Nessa altura não havía atalhos pro entedemento. A morte e a violência eram as únicas que podiam dirimir as diferências. 

A partires de recever da minha nai de forma oral esta historia que elea viviu, pensei que era a minha obriga contâ-lo como uma mais, e esta e pequena, das moitas que passaram nesa época por Espanha. E não só no bando "nacional", pois ninguém está livre de culpa. (Ainda que não é iste o momento para concretarmos  um pouco mais nesse plantexamento). Assim com esta historia contada, engandindo a influência da recente leitura  do impresionante livro de Edelmiro Martinez Cerredelo "Historia e memoria . A limia 1931-1935", algo de fantasia histórica,  e um pouco de forma romanceira de contâ-lo, foi como se construiu este pequeno  relato que já não passa oralmente a outros pois os tempos e os  modos  mudaram e aquí fica sem mais, para que em qualquer momento se poda esparejer mundo adiante ou que fique tranquilo no repouso eterno. 

       Sendo o protagonista ou heroi, além dos coitados condenados,  o cura da parroquia,  só me queda deixar uma pequena reflexão sobre Atas e os seus curas, ou a relação ente Atás e os curas.

       Os curas em Atás, onde eu nacim, sempre tiveram um papel moi determinante. Atás  foi um povo moi relixioso, mas  não era beateiro nem mais supersticioso que a cultura rural da época,  tal como sempre me contaram os  meus pais.Esto pode ter uma pequena explicação na  sua origem. Familias labregas de colonos, caseiros our rendeiros do pequeno cenobio que alí mandara fazer o Mosteiro de Celanova. Estaría situado fisícamente  na casa reitoral e há documentos históricos que tal acreditam,   Estas terras,  delegadas,  tinham a misão de proporcionar rendas e bens o senhorio eclesiástico de Celanova. Noutras zonas estaríam dependendo dum membro da alta o meia nobreza. Mas a nossa nobreza galega era fundamentalmente os potentes senhorios eclesiásticos. Pois bem, chegado o momento  da decadência de Celanova e a desamortização, estas terras foram passando como foros os labregos, colonos, que sem propiedades trabalhavam para o senhorio. Podemos situar-nos no século XVIII e príncipios do XIX,  fundamentalmente. Ou seja, anteontem.

         O meu argumento basea-se em que o contrario doutros povos não há vestigios de nenhuma grande familia de labradores ricos de "casas grandes" que foram o origem da criação do povo. Vestixios que noutros lugares chegam até hoje. Parece como se a propiedade fosse repartida mais ou menos proporcionada para uma nova clase de labregos, novos propietarios, despois de redimir os foros neste caso do senhorio eclesiástico. Estes são, a minha fantasia cree,  os meus antecesores e os de todos os que temos raiz  em Atás. Somos filhos da Igrexa e da terra.

      Pois bem,  a figura do Cura, sempre teve um papel moi determinante e focalizado nesta pequena comunidade parroquial. O Cura sempre foi querido. Um povo afastado que é parroquia, não é rico ou não tem labradores ricos, onde o analfabetismo era moi grande, tinha na figura do cura a sua lumieira de vida.Mais afastados estavam os caciques em Cualedro, sempre temiveis e oscuros.  O cura e os oficios relixiosos são como o foco cultural da comunidade. 

      Este cura do relato, salvou da morte a tres fregueses. Dous  séculos atrás, outro cura de Atás,  saiu a frente duma coluna de homes e mulheres todos armados de forquita, cadanha e machado, para atacarem um comboio de castanhas que iam dende a comarca de Arnuide  até Ourense .


Era um ano de fome terrível, sem colheitas. E este cura guerrilheiro comandou a sua xente  em loita armada para procurarem o alimento  para os seus filhos.  Hoje, casualmente e resulta curioso, que Atás sendo uma aldeia esmorecente em quanto a população ainda conserva o cura parroco. Este chegou pro curato de Atás con vintecinco anos e hoje está nos oitenta e moitos. Poucas aldeias tão pequenas tenhem cura e que viva alí e numca buscou outro lugar.  Este Cura atual, D. Fernando,  teve sempre a união e o respeito dos seus fregueses e foi,  e é pra eles o seu líder tanto espiritual como civil. O convivio entre o cura e o povo sempre foi exemplar.