sábado, 23 de diciembre de 2023

Escrever na areia. II

 

 

Historias já contadas lá pelo 2010. 

      São escritas sem rumo, tal vez, sem motivo, só escrever por escrever. Estão escritas na areia e por acaso  ou por pouco nem o vento nem a agua  acabarom com elas. Embora, ainda que nascerom num  rascunho    co pouso que da o passo do tempo parecem ter algo de valor. Eis o motivo, nostálgico, pelo que lhe dou traslado aquí, cando ficavam pérdidas na arca  dos recordos.  

         No caso de não lêr isto, só dizer que não perdes nada. 

 

 

A lo menos não fazia frio aquela tarde cinzenta na estação do metro do norte de Madrid. Alí fora estava Nelson a esperar pelo seu contacto, um homem preto, alto e largo , que já deveria estar aquí. Cada homem que passava estava a ser auscultado pelo Nelson co todo interesse e ânsia propios dum espião ruso na ponte de Berlím.

     Um carro vai de pressa, o seu motor funga raivoso o passar  misturado co som  do ranger dos seus pneumáticos o rabunharem  no rugoso asfalto da rua. Bordeia a rua, vira a esquerda, e enfia a toda pressa o primeiro cruzamento. Era um Honda Accord quase seguro, achou o Nelson, o vê-lo passar.  Uma mulher  de meia idade veio e perguntou-lhe se savia por onde se ia para a Rua da Castellana, ele dixo-lhe com meia sorrisa e uma olhada indagadora  não saber  pois não   era de  Madrid, engadindo para aparentar confiança que era do norte, que assim  a forma genérica  de como os madrilenhos chamam  os de lá acima de Castela, tanto sejam vascos, galegos, asturianos ou incluso de Burgos.  Ainda que ese norte seja moi grande  na Espanha  e moi diverso  dum lugar  a outro. A policia apareceu. Dous policias andam pelos arredores de forma descontraida e vagarosa, lenta e pachorrenta. Estão a a fazer o seu servizo de rutina. A  ele não lhe preocuvava a sua presença, pois se realmente a policia estava a segui-lo não sería estes uniformados de rua. o seu expediente de existir andaría noutros patamares jerárquicos mais elevados.  Se tivessem provas já estaria detido, não sería suspeito não, estaria  a ser  um arguido mais em maus dum juiz  importante, porque não o juiz  Garzón. Estaria asegurado o manchetes dos melhores jornais de Madrid. 

     Em Vigo  na Rúa Garcia Barbón no numero dous, no segundo andar há um gabinete que na entrada está marcado com um cartaz que di:   empresa de  aquecemento, o que no antigo galego e no espanhol se chamava as calefacions e fontaneria . em gabinete pequeño, de empresa pequena, a porta estava quase aberta e dentro via-se uma mulher-a-dias limpando o pó e arrumando o local, ela tinha posta música  no radio-cassete, estava a soar uma cançom de  Status Quo ,  it`s in army now, di o título mais ou menos. Naquele gabinete , foi publicado no jornal da cidade o Faro de Vigo, foi encontrada morta uma mulher de vinte e cinco anos de nacionalidade americana. Não se davam mais datos dela.  Valupi pelas suas investigações,grazas a um amigo que trabalhava co forense soupo que ela era de essa idade, morena pelo preto, bela, e  tinha como destaque na sua face que  os seus olhos eram pretos moi fortes, era o que se di uma beleza iraniana, as suas formas eram de pessoa árabe. Não se deram mais informacões sobre ela. O seu amigo dir-lhe-á   um pouco mais tarde que da documentação que retirou a policia ele pude olhar um cartão especial indicativo da secretaria de Estado dos Estados unidos. Valupi agradeçeu a informaçao o colega, e o mesmo tempo engadiu que  se calhar não era importante, que para ele era um dado geral que talvez não tivera nenhuma ligação coa  malta na que estava a procurar informação. Coisas que se dizem mas não foi este o auténtico pensamento que rodou pela testa de Val.

       Por fim em Madrid, na porta de metro de Velazquez, Nelson  receve o menssagem. Um homem que vendía lotaria vem perto dele, e vai dizindo o de "mañana toca"

   -  Quiere comprar señor, "mañana toca", con tom de voz moi alto e  arrastrando e recalcando as "a" de mañana. 

      E num momento que Nelson nem imaginava o vendedor acercou-se e sem mirâlo diz de pressa e na lingua galega:  

     -"Amanha de manha há festa no pradal", todo dito de seguido  quase misturado coa sonoridade do seu anúncio publicitario de venda de lotaria. 

      Nelson abandonou o seu lugar naquela  saída  do metro, segiu pela rua virou a direita, subiu pelas escadas  que vão dar a  a uma pequena rua e alí apanhou  o seu carro, um  Seat  Leon. Apanhou o telemovel e ligou com Valupi.

-        Hei Val, a sinhal foi dada. Tudo está combinado , "esta meia noite estarei lá",  nas carbalheiras da lua.  O que quería dizer que aquela noite estaria  co senhor Fernández para recever o material.

-        Até logo

Val só respondeu,

   -"Brua moito vento", até logo. 

      As suas suspeitas de serem escoitados por controlo dos seus telefones fazia-lhes tomar as máximas precauções.

    Era a frase combinada para dizer que o assunto foi compreendido. Val era moi professional.   O Nelssom ficou zangado, por falar como falou pelo telemovel. Não faz falta dar  nomes, dar explicações, ainda que  Val o fizera a vezes não é causa para atuar assim. Porque o  fez?, não sei,  ele numca tivera a certeza  de serem certas as escutas tão modernas a os telemoveis, aliás o Val lhe dixera moitas vezes  que hoje tudo está a ser escutado e gravado. Ele não acreditava de verdade nisso. Nelsson sempre achava um pouco brincadeira e exagero de “profesional” todas estas cousas . As pessoas adicanse a moitas coisas, têm moito pra fazer,  porquê vão a estar a procurar a nossa informação?. Porém , por vezes,  duvidava de tudo. Ainda assim  ficava impresionado e asustado quando ouvia  dizer no jornal que alguns  os políticos estão ou forom gavados, pela polçicia,  em conversas nas que pediam ou receviam dinheiro ou regalos em claros casos de corrupção.   Que chatice para eles o  ouvirem-se gravados.   E agora está recordar o Val de pé  indo dalá para cá na sala e  narrando-lhe coa paixão  da que ele era muito capaz, a hestoria da máfia siciliana e de Toto Rina o Capo di capi, o que movia os fios todos da máfia. 

     Este homem, Toto Rina,  que esteve desaparecido perante vinte anos e a polícia ja dava por morto, ficava numa aldeia de  Sicilia, onde chegou um dia a polícia  grazas a paciência para conseguirem os  dados que perante muito tempo forom  xuntando. Quando chegarom a aldeia onde ele estava, toparom-se com uma  casa velha, sem luz, sem agua. A casa propia dum labrego miserável a quem a vida deixou abandonado esem sorriso, abofé. E assim foi, alí atopam a Toto Rina, comprovam que  é ele aquele camponês suxo e velho, e vão ainda levare mais surpressas. Naquela casa há um sistema de ficheiros postos numas caixinhas, e dentro há uns pequenos cartazes ordeados por orde alfabetica e tambem há uma Biblia. A policia olha a casa, o velho e  di ,  que  é isto?,  pra  que nos vale e que nos di?.  O caso é que aprenderom o camponês suspeito , carregarom o material e estiverom a pensar  e a ligar dados dum lado e mais do outro, até que um dia chegarom a conclusão de que dende aquel predio cheio de tralha velha, onde o res do chão morava aquele velhote que  creiam desaparecido e que era um dos capos mais buscados pelas forças de segurança não só italianas senão tambem de tuda Europa, dende alí estava-se a dirigir a organiçação  criminoso mais grande e melhor do mundo, e fazia-o dende alí mesmo aquele velho camponês.

     Ele olhava o teito o lado olha-va para nos os seus alunos, fazia silenzos, a sua tramolha o seu teatro era lindo, nos tudos estavamos  de boca aberta espeitantes na palabra que sairia de aquele sabio. Ficavamos a espera como era posível e porque  o grande capo di capi era aquele, como conseguiu, era atractivo a narraçao.

        De facto, Nelson quando ia conduzindo o carro pelas ruas de Madrid, ia pensado nos tema das escutas, mesmamente estes dias os jornais da capital  e as radios aliás as televisãos, estavan a falar  de o governo ter um novo sistema de escutas muito moderno que apanhava dende telemoveis até correios electronicos e todo tipo de comunicação pela internete. O partido da oposiçao acussa o governo de  espia-lo cos sistemas istes ditos. Assim quer voltar por terra as investigações feitas que deram na cadea e arguidos e suspeitos  individuos acussados de corrupção e que políticamente deixavam o partido en mau posto de face o eleitorado. Estava também a lembrar que em Portugal, estava en causa  o o chamado caso da “face oculta” que grazas o sistema das escutas  feitas a um suspeito de corrupçao foram feitas escutas nas que o tal arguido falava co primeiro ministro o ingenheiro Socrates. As informaçoes dizem que a conversa emtre Armando Vara, tal e o nome do arguido, e  o Socrates não  pôe em causa nada comtra o Primeiro Ministro, mas isso foi aproveitado  e ainda que o Tribunal Supremo deu ordem de que essa  conversa fosse destruida, não foi assim . Porém estava a ser utilizada tal gravação para soltar tinta  pela sua incertidume. O caso , pensou Nelsom, e que nos tempos que estão a correr está todo posto baixo escuta do  governo. Jamais  foi feito tanto control do cidadão como neste momento. Eis o problema, e se eles estiverão também  a ser escutados; se por acaso,  houver alguma suspeita sob algúm  membro da sua equipa, se  o seu telefone estivesse sometido a controlo e a polícia soupesse todo desta operação?. Todo é possivel, mas nesta vida todo  o que  tem valor tem risco. 

      A bucha é dura mais dura é a ração que a sustem, dizia o Zeca em venham mais cinco, e assim é a vida pelo geral. Tudo está a correr bem, não vou pensar doutra maneira, acho que tudo ficara resolto em pouco tempo, e recordou mais uma vez as frases do Zeca Afonso:  a gente ajuda, havemos de ser mais eu bem sei,  mas a quem queira tirar abaixo o que eu levantei. Seguía a correr pelas ruas de Madrid, o carro ia pela gran vía, descer-a-ele até a Praza de Espanha e  dalí chegara a  Casa de Campo  para alí  rematar o encargo feito pelo Valupi. 

  A noite era crara, fazia frio, o ceio estava cheio de estrelas e coverto por um garda-chuvas de friaxe que chegava até o chapapote da estrada  e convertia-se num fino manto de agua,  como se  houvera chovido. Estava-se a deitar naquele planalto  uma forte giada, embora  a cidade aquecia como podia e devolvía vómitos de fume contra aquele pesadelo de geo que caia do ceio.

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