Tens de estar fechado. No quarto, na
secretaria,no trasteiro, longe do barulho da cocinha e da Televisão, e
mergulharte no silêncio. Só escutando silêncio. Co silêncio que fala. Co silêncio amigo. Assim tu, eu, á soidade, juntos tentaremos de
fazer-nos ouvir a través da escrita, na cavilosa escritura. Escrever é colocar no seu lugar as palavras que trapalejam pelos nossos pensamentos. Apanhá-las quando elas andam à solta, esparexidas pela cabeça adiante e arruma-las, para que o
juntarem-se umas coas outras falem por
nós. O jeitinho de escrever e darl-lhe uma
organizaçao para que umas pedam por outras, todas ordeadas se sitam cómodas juntas assim soem como
música. Os olhos do leitor devem esbarrar com ânsia pela folha de papel em baixo porque as palavras están ordenadas numa cadeia que umas levam as outras e parecem uma sinfonia feita entre fondo e forma. É importante o fondo ou a mensagem do que se quer transmitir, mas sem esa arte de uma escrita suave, tenra e fácil a mensagem e o fondo do que queremos transmitir, chegam os ouvidos atrapalhados e a berros que acabam cansando a nossa atenção. Se a escrita é fluida atrapa o leitor pra que não se escape.
Cada palavra esta prenhada de vida e história. Elas são as que falam por se mesmo dentro de cada uma há uma historia, de como xurdiu, como evolui, de onde veu, que fins cumpriu no tráfico humano. Todas tiverom a sua utilidade, e tal vez forom perdendo-a co paso do tempo, se numca houvessem sido úteis não hoveeram existido. Eis o misterio e o significado que para mim sinto nas palavras.
Por vezes elas são como amigas que aparecem. Outras venhem de novo, são novas, numca em nós estiverom, nalgum lugar se disseram ou são felizmente ditas e o escritor ou por um acaso um galegoo ou um português que estamos a olhar na televisão trai-no-las como batels que a porto chegam. Elas foram apanhadas do mundo das palavras como se das ideias de platão se falasse.
Também outras aparecem e vão como um feitizo. Chegam com emoção, elas ja cá estiverom, nossas foram, embora emigrarom e agora deitam-se por cá e fizerom o seu retorno. Estas são as mais queridas. Elas estiverom na fala do avó, do pai, dos falares componeses, da escola, da feira, do gando no monte. Elas ficarom longo tempo no imaginario na caixa do bom querer. Embora o tempo, a longa data da vida, desta vida tão movimentada, fez tudo que elas, sem elas terem tal desejo, desaparecessem de nós, foram esparexidas no ar , ficaram na soidade, com sorte ficaram quietas nos livros , embora sempre à nossa espera. Com elas tambem espareximos parte da nossa vida, vivida, da experiença e do ser. Por isso quando chegam e são reconhecidas, a alegría e muita. São tantas estas. Quando chegam um toma aponte delas, recorda-as, e acha que numca mais vão ir-se do nosso caron. Não é facil. Para não ficarem sozinhas há que garda-las, escreve-las, recorda-las. Elas tiverom que sair da rua que é o seu lugar de vida, agora ficam nalgum campo lonxano,na literatura, e sob de tudo na lingua portuguesa. É sorte para um pai saber que o seu filho teve que emigrar, embora sabe onde está, pode visitâ-lo, sabe que esta bem, que está na sua casa.
A minha mãe e o melhor garda palavras que eu conheci. Uma mulher sem estudios nem leituras, filha do aprendizagem da rua, da lareira, do convivio diario duma campensinha galega. Ela aprendeu-as e gardaou-nas e tenas todas consigo. Ela parece ter uma saco delas e de forma supresiva saca alguma que outra bem antiga e sonora que nos deixa asombrados. E pode dizer-me que tem uma pechincha, ou que estou a estrajar-me quando malho o meu corpo trabalhando de mais e suando. Ela é o melhor filólogo que conheci, ela é a garda das palavras que viviu e que nos transmitiu.
Queridas palavras que tão olvidadas vos tenho, um recordo para vos:
Tanguer, ulir, petares, temoeiro, caviloso, arrousar, rozar, estercar, gralha….. rula , avidueiro, azedume……aldraba, refachos, arfantes,
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