Historias já contadas lá pelo 2010.
São escritas sem rumo, tal vez, sem motivo, só escrever por escrever. Estão escritas na areia e por acaso ou por pouco nem o vento nem a agua acabarom com elas. Embora, ainda que nascerom num rascunho co pouso que da o passo do tempo parecem ter algo de valor. Eis o motivo, nostálgico, pelo que lhe dou traslado aquí, cando ficavam pérdidas na arca dos recordos.
No caso de não lêr isto, só dizer que não perdes nada.
No afganistão um bombista matou a duas centas pessoas. Na sexta e trece
vão fazer a festa das bruxas en
Montalegre. O Papa esta a gravar un
disco, de música sacra, ora essa. En Europa estão a nomear as pessoas que vão fazer a liderança
política da Europa nos proximos anos, serão o presidente do conselho de
ministros, como primeira autoridade e o representante da Segurança e
representante o exterior da Europa. Obama anda pela China. Um barco
espanhol foi retido por piratas da Somalia mais tarde forom liberados os dezaseis refens, tudos estão vivos, os piratas
apanharom um bom saco de dinheiro. Tudo esto está a correr no mundo o seu rumo habitual e o Nelson anda na busca duma mulher preta de raça africana, misturada emtre as prostituas
diste continente que estão a passar esta fria noite na Casa de Campo en Madrid,
um lugar concorrido pelos gajos e as raparigas que estão a fazer o oficio mais
antigo do mundo como assim é chamado. Abonda as pessoas que estão adicadas a
isto, os tempos são muito bons para o negócio.A emigração sempre foi uma boa fornecedera da oferta
e a demanda existiu sempre, agora e dantes. Quando o Nelson anda por Madrid sabe bem que na Casa de Campo vai encontrar a bem seguro todo o que procure. Um Carrosel de carros co seu ruxe ruxe a dar voltas pelos arredores, o tempo que mulheres negras, brancas ou de calquer cor azanam coas maus, o tempo que sorrim e se monstram os gajos que dende os carros percebem as variadas misturas de beleza e morbo.
No Barroso, no límite coa Galiza, o monte não faz distinção de nações. O Larouco xuntase co ceo nesta noite crara. Se olhamos dende o Barroso português, vemos que uma parte da montanha deita para Espanha e a outra para Portugal . Dende aquí além de ver Padornelo e Montealegre estamos a ver tambem Vilar de perdizes e mais outras freguesias que não recordo o seu nome. O Larouco visto dende esta beira é coma uma parede, é bravo e erguese altivo, visto dende o lado de Baltar figura-se mais tranquilo, vai ascendendo pouco a pouco até chegar alto.Semelha ser uma patria, um pais ignoto, um mundo o que se está a ver. A sua maneira de estar invita a visitâ-lo, a vê-lo por dentro, fâ-lo e ficas bem, eu fê-lo muitas vezes. Há um mundo novo o vieres. Ambolos dous lados do monte juntam-se numa chaira muito grande, a chamada veiga, que se intue mais não se pereceve dende nehum dos vales, do de o cavado e dende o limia. Porque o Larouco vai caindo dende a veiga para o seu oeste, para Portugal, fazendo uma pequena curva, segindo a delimitar as duas fronteiras, e num momento cai, fendese na chaira, desce pouco a pouco e aparece uma janelam. Esa janela foi aproveitada para fazer a porta de entrada, de fronteira emtre as duas partes, e da tal janela nascem dous vales, um para cada lado. Dois vales pelos quais farão o seu percurso dous rios bem conhecidos: o Cávado para portugal e o Limia para Espanha e que ficara também en Portugal. Os dois nascem juntos, e cada um vai para seu lado, o Limia vaixa pela Roussia e o chegar a chaira da Limia recebe o rio de Sarreaus e segue morno, largo mais com pouco agua como durmindo a sesta pela vila de Xinzo, uma vez que da lá vai-se , esperta um pouco e começa o trilho de seguer a baixar e a colher aguas dos montes que vão dar a limia, e a fazerse um rio adulto pouco a pouco, cada vez mais até chegar a Viana do Castelo, fazendo antes um paso por Bande, Muiños, e crianao a vila de ponte da lima, depois de fazer o barragem de lindoso na fregjuesia de Lindoso. O seu irmão o cavado que da janela do larouco partiu também , faz um percurso mais curto, sai feito uma criança da janela do larouco, baixa rapido até montealegre, onde se fornece, preparese, para sair com força até chegar o mar, ambolos dous vão demde o Larouco ao mar, fazendo dous bons percursos. Aquí neste fermoso lugar vai-se também fazer parte da nossa hestoria, niste lugar perdido no mundo.
Niste tempo de inverno, o Larouco cria para ambo-las duas beiras suas uma chuvia fina, que vai baixando como nevoa até os vales, e deixa uma friaxe no ambente, a sua cima quase que neste tempada está sempre cheia de nevoeiros, a metade do seu cumio está cuberto, os seus habitantes tanto do lado barosão como do val do limia no concello de Baltar estão acostumados . Também do lado sur do larouco, não dixemos que faz o larouco parede sob uns quantos povos e freguesias de zona espanhola tales como medeiros, san milhão, a pedrosa, e seguindo até o barroso muitos outros, isso sim esta zona é uma zona mais quente, o larouco faz-lhe parede comtra o ar do norte, e isso dalhes um agarimo e acrescenta o aquecemento que lhes da o primeiro sol do día quando nasce polo leste e peta comtra a parede sur do larouco. Até cá se da vinho, e froitas variadas, e pois um pouco mais quente que no val norte que se olha dede a cima do larouco. O larouco é moi rido en aguas , a sua chaira , a veiga, que na sua cimeira cobre faz de esponxa para que sea a filtração de agua nessa grande terra.E assim são varias as fontes que nascen nele e vertem todo o ano a sua agua cara o val de Baltar, e que o fão pelo seu grandes regatas, ou pequenos rios que vão verter o limia que faz percursso polo val. Faisse destaque emtre as regatas ou regueiras, que é como assim é chamada pelas gentes do lugar, a regueira dos cavalos, e aregueira de forcadas. As duas tenhem todo ano agua que nas época de chuva vaixa a cachón e com força desprendensose por toda a serra até o val.
Miguel Antón Valencia, nasceu por estas terras do val do limia, numa freguesia do concelho de Baltar. E filho de solteira, a sua mãe ficou prenhada con dezasete anos. Ela era pastora de cabras e ouvelhas no monte do Larouco e nos seus arredores. Com os rebanhos ela ia moitas vezes ate a cima do monte. A cabra e animal muito bravo, não se conforma cos pastos brandos da chaira, e sempre quer ir o mais arriscado e subir e explorar. A cabra vai-te levar sempre a zoa mais dura do percurso que estes a fazer. Se há um penedo alto a cabra mais valente vai fazer tudo o posivel por trepar penedo acima a comer o brote que sai numa esquina do penedo. Ela vai tentar de trepar o alto dum pino novo, para tentar comer-lhe a casaca tenra e verde, ainda que por baixo dela houver uma herba branda e verde que acho que nos apanhariamos para dar-lha como se dum premio se tratara. Anuncia , chamava-se assim , esta boa rapaza, seguia o cainho das cabras para acima do larouco muitos dos días. Era jovem, fuxia do pobo e da gente que via a diario, o caminhar gostava de sonhos e pensamentos do que ela poderia fazer alguma vez. Isso era o que mais gostava ela, o melhor era quase capaz de estar duas ou mais horas imaxinando e falando para si. O trabalho permetia-lhe tal coisa, as cabras eram felizes, seguiam e seguiam a comer e a caminhar, o seu mundo era um mundo tranquilo. Uma manhã na primavera, cedo, quando o sol está ja posto e aquecendo a terra e a fraga toda, ela ja levaba andado a metade da serra ia a desfrutar dum dia no acima, na veiga, onde o gando gostava de comer e beber, e ela gostava de estar porque dende alí via pequeño o val, procurar olhar tudas as freguesias, os caminhos, o rio, pena que não poidesse ver também o val do sur e o de Montealegre, do cávado, mas para isso teria que percorrer toda a veiga e asomarse o balcão que da o sur.
Quando anuncia chegou lá , a veiga, ja alá ao lonxe viase mais gando, e gente.
- Ora, como fai bom tempo , tambem subiram para cá os marotos, ou seram da parte da Xironda , que era outros dos pobos para onde descer do Larouco. Se calhar são de Vilar de perdizes, recordou que se fossem da Xironda estariam mais perto diste lado onde agora chegou ela, mas istes estão mais ao longe. Alías, recordou, que ainda que cada quem andava por onde podía na veiga, ultimamente os guardinhas e ainda também a Guardia Civil tinham feito vixilancia de que se cumprira cos límites de fronteira que dividem a veiga en duas partes, uma espanhola e outra portuguesa. Iste afastado lugar e que so está o ceu e nos quando estamos no meio dela, está também repartido.
De facto, lá estabam cada cen metros umas grandes anteiras bem feitas e labradas que pela sua face norte tinham posta uma E e pela sur uma P. Sem duvida com isso só sabemos bem o que elas quiser dizer.
-Aquela gente que ao longe se via , ficava por detrás da P. Eram sem duvida dalguma das freguesias que ficavam na baixa da face sur do larouco. Podiam ser de Vilar, ou doutros pobos que por la ficam.
O sol na veiga aquece moito, nesta chaira cheia de herba e na que não ha arbores, o frío do inverno não deixa que eles crescam muito. Mas a terra humida, as charcas e a herba fazem que isto não seja um sequeiro ou o deserto, e as cabras saberão procurar as partes humidas para beber, anque iste animal tanto lhe da por vezes, ja que de caste lhe vem que a cabras no deserto, na chaira fria, e nas montanhas nevadas dl Tibert por pôr um ejemplo. Passado um tempo ela foi conduzindo miudinho o seu exercito até onde estava o que vira o chegar, e o mesmo semelhava estavam a fazer os primeiros poboadores da veiga. O encontro iase a produzir en algum momento, cada vez se olhavam um pouco mais istes polos opostos que como se fossem duas constelacions ianse juntando. Os cães ladravam de um lado e do outro. Não se savia se o faziam por ter medo comtra o lobo, por movimentar as suas cabras ou porque uns e os outros estavam a falarse daquela maneira que eles o fazem, e como eles são sabendo que os seus donos parecem querer chegar a um encontro.
Quando os tempos foram chegados a isso do meio dia, a hora do almoço, vieram a uma distância que ja se podiam olhar bem, ja se podia fazer distingos de pessoas. Anuncia viu a um homem, jovem semelhava e sentiu que tambem ela fora vista por ele. Os dous iam fazer porque o encontro fosse possivel. Estavam o sol, a chaira da veiga e eles os dous cada um com um exército igual : fariam um encontro.
Os dias foram passando, os nevoeiros a fundir-se na terra, sol-pores, por do sol, um vir lá e cá, os dias cos seus fazeres , todo vai o seu rtitmo, sem descanso naquel mundo do Larouco, do Barroso, do vale de Baltar, da Boullosa, da beira que da a Xironda, de Sandim a freguesia que está o rematar o Larouco e dende uma altura da que se vê Montalegre e o seu grandioso castelo, que olha para baixo a ver o Cávado, mansinho ele até deixar Montalegre.
A roussia trae no inverno chuvieiras, o Larouco apartires de outubro por vezes está cuberto dum manto branco, que vai baixando até os vales , ya seja pela beira de Baltar, pela Beira de Xironda e Vilar de perdizes, e também para a beira de Sandim. O tempo é normalmente frío pela zona nesta datas, a humidade também. Falar da roussia para os vecinhos das zonas é falar de frio no inverno.
A margem do Limia, no vale debaixo da roussia monte está o pobo ja desaparecido de Roussia. Na baixa lá está perto do río. Sem duvida foi abandonado ja há muitos anos pelos seus habitantes porque as condiciões de vida pelo clima não eram muito boas. Virado o norte tem de costas o monte da Roussia , o sol ja pouco no inverno não lhe da com forza no nacente, e o sol forte do meio dia está tapado pelo larouco, a humidade que se fazia lá era muita, e coas condições de frio e humidade os seus habitantes apanhavam muitas doençias que fazia muito dificultosa a sua vida ja de por sim muito dificil. Ainda hoje em dia estam restos de construção do pobo. La ficam as suas antigas moradias, pradairos, ruas, prazas, numa pequena aldeia com o seu monte para o gando e os seus pradairos que noutro tempo seríam hortas, lameiros, nabais, leiras de centeo. Tuda uma vida que desapareceu como o faram tantas aldeias galegas porque os tempos são assim, dentro de quarenta anos seremos um milhão de galegos menos. O que não achei na aldeia da roussia foram restos de igrejas ou capelas, aliás o mato cubriu tudo de tal maneira que não é possivel achar nada, pudera ser que foram tidos por infeis, e as susas enfermidades foram vistas como causa delas a sua falta de fe. É suspeito ou brincadeira minha, é um dizer, não há nada para sustentarmos tal dito, mas acho que se calhar seria um bom ponto de aranque para um qualqujer escritor falto de ideias , como posso ser eu.
Os nosos amigos, o barrosão e galega Anuncia, vivirão depois deste primeiro encontro momentos de verdadeiro namoro. Sempre de testemunha o planalto do Larouco. Despois da sua despedida, inicaivam o caminho de costas viradas. C ada um para o seu lugar, diferenes patamares, um para o Oeste ela para o Leste. Um para o val de Baltar e ela para Sandim.
No entanto, um pertencia a um país o outro não. Um era espanhol e o outro era Português. Os paises existem e eles tenhem fronteiras, em algum sitio haverá que pô-las. A fronteira é uma raia, uma linha que vai dibuxado no ar,e que di que a terra está dividia em dous, mas as terras são iguais;porém esa linha terá muita importancia. E tê-na ainda mais hoje em que ha uma ditadura , melhor dito duas ditaduras uma em Portugal e outra na Espanha. A de Espanha e mais dura e menos dita que a de Portugal. A de Espanha veio depois duma guerra civil, ou incivil, depois de forte morte e repressão. Este montes, e carreiros conhecem moi bem o passo e a fugida de homens para as beiras e freguesias do Barroso. É precisso fugir quando não há tempo para falar e podermos chegar à acordos co inimigo, co que tem a força e a razão da força. A vida está em causa. De suspeito a morto há uma linha moi fina. Esta gente não tinha tempo para serem arguidos, para serem escoitados pra ter a sorte de um juizo de contradição; estamos noutro nível da existência, não há juizo de contradição, não ninguém vai escoitar desculpas ou razões pois estão preparadas as espingardas, seja um fúsil Mauser ou uma pistola Luger alemã, que mais tem o pior são as mentes e as olhadas cheias de ódio e vingança como se fossem canos de fontes sendentas de morte e de medo. A noite fala coa violência animal do desejo de encher as beiras dos caminhos e as touzas de corpos inertes e novos que rematarão assim uma vida e que tal vez fiquem para sempre amoreados uns sobre os outros nas valetas da estrada. Os dous pastores virom de todo quando eram pequenotes, e ouvirom lendas e hestorias que e que ficarom na sua memória.
Na Habana, na Habana velha, no malecom, está a soar uma cançom de silvio rodrigues, o tenro en letra e música, fala dos namorios da vida, da sensibilidade das pessoas. O mar e cálido coma sempre por estas terras, a xente caminha com o lento andarilho de Cuba, cadaquem anda no seu trilho, tudos e cada um vão cos afans da cada día na procura duma vida melhor. Sejam que forem eles, são pessoas, a viverem nesta parte do mundo porque assim lhes tocou a vida, nem bo nem mau, se calhar eles são tão felizes como os que nos achamos como aqueles que a sua vida e uma risa grande.
Em qualquer parte do mundo pasa-se pensamos que passam moitas e interessantes cousas; embora nesta outra na que nos toca a nós, semelha não passar nada. Vai e vem o tempo.Veu o verão e e fugiu a primavera, viherom os amigos com as suas crianças, vinherom da cidade onde vivem todo o ano, vinherom para vêr a nova luz do ano, para recordarem os tempos grandes de quando eram uns pequenotes. Eles ja não vivem aquí, mas eles, quer queiram quer não ficarão aquí sempre no seu íntimo sentir. São cousas que não sabemos explicar, pero o ar da Roussia, do Barroso, de Tras-os-Montes, do Larouco, correr por as suas veias. Em toda parte serão reconhecidos como barrosões, galegos arraianos, trasmontanos, o seu modo de ser será distinguido por os seus parceiros que andam e convivem com eles nas cidades galegas, portuguesas ou espanholas, onde eles forom de novinhos ou já gente feita co fim de procurar de comer e fazer uma vida nova com desejos de melhora. Entre eles , ainda que não se conheçam, algo haverá que lhes fará sentir algo comúm. O que os espanhois chamam “um punto”, um ar, uma semelhanza. Isso não é proprio so destas terras, em tudo o mundo se da tal questão, sim mas o mundo de cada um é o que é.
Tudo isto e dito para compreender como dous dos nossos protagonistas por mor dese ar da sua terra, vão a encontrarse sem conhecer-se, mas o mundo tão cheo de gentes de um lado para o outro por vezes fai-se pequeno , controlável.
Porém iste mundo esta também cheio de pulhice e bacoradas, o homem mas semelha ser hostil para o homem , já dizia Hobbes, que amigo moitas das vezes.
Nos Estados Unidos há um presidente negro. Chamase Obama. É novo, e sobretudo uma nova estampa para a política.
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