Aquele Sacramento da Confirmação
......Num
momento saiu da sacristía o senhor bispo para dirigir-se òs fieis com
frases carinhosas e paternalistas o tempo que baixava os tres degraus duma pequena
escada que limitava o recinto do altar co resto da Igrexa. Já posto na
altura dos fieis dirigiu-se a nós, os demandantes do Sacramento. Meninos, rapaçes e incluso homes feitos, os quais estavamos preparados para recevermos a nossa confirmação. Saudou-nos em geral com ise
saudo beatífico e sorridente que só sabem fazer os bispos e os papas.
Andava a caminhar lentamente dum lado para o outro diante dos bancos da
primeira fila na que estavamos os candidatos a sermos os novos
cabaleiros da fé. Ò tempo que caminhava ia dando singelas dicas
explicativas do que era o Sacramento da confirmação e o que Deus esperava de nós e
todas esas cousinhas, as quais, nós já estavamos sabidos dabondo
pelo mestre e mai-lo cura , pois os dous matraquearom-nos nas suas charlas doctrinais. Dalí a um pouco já començou a
perguntar pequenas cousas da doctrina e do catecismo, era todo moi fácil.
Començou pelas rapazas e ia duma pergunta tirando as conclusões para a
seguinte e assim pouco a pouco. Num momento na fila dos rapazes
perguntoulhe o Silvio o dos Torneiros que pensava ele que era fazer o
mal.
- ¿ Como te llamas y cuantos años tienes?
-Chamo-me Silvio Torneiro do Baceiro e tenho quince anos.
-Silvio, ¿ aquél niño dijo que Dios nos enseña a no hacer el mal? ¿Que crees tu que es hacer el mal?.
Naquel intre o Silvio sentiu-se cheio de gloria e respondeu rotundo no seu castelhano .
_ Hacer el mal es tornar-lhe el auga òs vecinhos de sus lameiros para que vaya para el mío.
O bispo entendeu perfeitamente o que Silvio quis dizer, e asentiu coa cabeça e repetiu a afirmação do Silvio.
-Muy bien explicado hacer obras que dañen a nuestro prójimo es como
hacerselo a nuestro Señor pues el mandamiento nos dice que "amarás al
prójimo como a ti mismo" y si haces una acción mala contra otro vecino
estás pecando, sin duda. Muy bien.
No momento que Silvio diz o do tornadoiro da agua dos lameiros, um
leve sorriso e olhadas cómplies percorreram a igrexa toda. O Silvio era
considerado, tal como se dizia na quela altura, um rapaz não de todo
completo, ou que lhe faltava um fervor e, obviamente, era tratado com reserva e certa atitude burlesca ou infântil
. Tal vez o dito vinha porque o Silvio era um bocado extravagante e afeito a fazer tolerias e a dizer
expresões raras, isso fazia que todos consideravam que não estava moi bem de
todo dos miolos. No obstante pela sua resposta tampouco parecia que ainda assim fosse tanto. O que passa e naquela altura nas aldeias era moi
fácil ponher tachas de tolo ou deficiente mental e manter esa sinal
pública "in eternum". Incluso as vezes as pessoas con deficiéncias
físicas eram também consideradas com alguma anomalia psíquica e receviam
um trato diferente. O mundo rural não era um paraiso e havia mais
violência em todos os aspectos da que hoje podamos imaginar. Tal vez o
Silvio fosse tão competente como qualquera mas a pouca dedicação que se
lhe prestava na escola além da pouca dedicação familiar recevida, e as
suas particulariedades de personalidade, tudo misturado, faziam que o
pobrinho fosse alvo duma etiqueta ou rótulo difícil de arrincar e que
era:
" a iste falta-lhe algo, tem alguma tacha ainda que não sabemos
qual é".
E quando a gente te trata distinto tu acabas pensando que eres
distinto.
Tal vez o Silvio aquele día ficase contento e reconhecido no
seu interior e numca olvidasse que num día o senhor Bispo de Ourense
fez-lhe uma pergunta e ele soupo resolvê-la coa linguagem e os conceitos
que lhe eram familiares; o seu mundo o que ele olhava e tinha diante
eram emtre outros, o monte, o gando, os prados, as searas, as hortas, o
toxo, os carrouchos a solidaridade das malhas e das colheitas e a
maldade traicioeira de irem de noite as caladas a tornar a auga dum
prado do vicinho para outro. ...
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