Fernando Venâncio, no facebook, comenta algo bem interessante que eu sempre percibí muito evidente em Portugal e sempre andive a buscar explicações. Sim há uma paranoia o respeito sobre a sua identidade e lugar na historia.
A PARANÓIA DE PORTUGAL
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Eduardo Lourenço, sempre lúcido, escreveu (e eu cito dum artigo de Luís Faria, no "Expresso" da semana passada):
«Todos os povos vivem mais ou menos confinados no amor de si próprios. Mas a maneira como os Portugueses se comprazem nessa adoração é verdadeiramente singular».
Não se duvide. Portugal nasceu com uma "missão" para o Mundo. Portugal teve, desde todo o sempre, um "destino". Portugal tinha, à viva força, de aparecer em cena... Ou o Mundo soçobrava.
Uma das características da paranóia é a convicção íntima de que tudo, mas tudo mesmo, tem um sentido. Não foi por acaso que alguém me olhou como olhou. Não foi por acaso que sussurrou uma meia frase. Ou que deixou de fazer isto, aquilo ou aqueloutro.
Assim pensam os ocultistas portugueses, com António Quadros e António Telmo à frente. E dizem-no com todas as letras: o Acaso não existe. A marcha do Mundo esteve condicionada desde a eternidade, e coube a Portugal, sempre, um papel central nisso.
Afonso Henriques esteve destinado a ser rei, Aljubarrota destinada a ser ganha, Alcácer-Quibir destinada à catástrofe. Tudo tem um sentido, tudo esteve desde sempre predestinado.
E tudo isto vende. Oh, se vende! A malta péla-se por forças ocultas, que - tão queridas - nos desculpam alguma falta de vontade, alguma preguiça de tomarmos o tal destino pelos chifres.
Senhores & Amigos: que seja esta a última geração de "condicionados".
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[ na ilustração: batalha de Alcácer-Quibir ]