martes, 29 de marzo de 2016

A moça que vende o bilhete do sorteio da ONCE.

     A moça que vende o bilhete da  Once  terá uns trinta e mais, e é  uma  mulher  guapa. 

 Eu paso  quase todos os días diante do quiosque onde a moça   vende o bilhete do sorteio , o cupom  no  posto da Once. Ela está lá no seu gabinete, uma pequena casinha de madeira que tem na dianteira a proteção duma vidrça só rota no final pela  abertura  duma pequena bilheteira.   Elá fica acubilhada num pequeno espaço e  escuta o murmulho das vozes que enchem a Rua do Paseio pelas manhãs. Ela escuta, não vê. E uma feliz ceguinha com face de felicidade que a natureza dotou duma beleza tranquila, embora privou-na da vista. 

      Quando me acerco a sua bilheteira  ela conhece a minha voz. Gosto de saudâ-la  e tentar dizer  alguma pequena frase que seja uma  brincadeira que ela sempre generosamente agradece co seu rir sinceiro e suave. Só por romper o vazio que  há emtre uma pessoa que vê e outra que não vê. É a forma de transmitirmos a interação comunicativa  emtre duas pessoas quando uma não pode olhar o sorriso, a face, a maneira de sentir da outra. Com o falar amável e um bocado brincalhão tento trasmitir-lhe  uma certa confiança que ela merece.  A sua presença não  da para transmitirmos pena embora alegría e gosto pela vida  e o que ela arranca de nós.      Ela não parece numca triste.

  O noso encontro só é alguns días da semna  e pode durar apenas un minuto que enchemos com  pequenas frases o jeito do momento. 
     - Olá como está senhorita. Então hoje faz calor,estamos a chegar a primavera. Olha-me este bilhete  de ontem que eu acho ter  o premio.
        - Não teve  sorte, sinto, acostuma a dizer ela, deixando cair as palavras con lentidão,  como  para  dar-me as condolências. 
         - Ora essa, pois dar-me-as outro para amanhã, mas escolhe bem. Isto não pode ser. 
        - Bom espero que   esta vez tenha   sorte, e da uma pequena risa.
     -  Adeus, moça, até amanhã. Prepara os quartos que amanhã venho pelo prémio. 

      Ela fica a rir, despedese e segue  serena e feliz no sua oficina, escutando o murmulho de vozes que passam diante dela. Iste é o seu reino e o seu ganha-pão. Numca da queijas do tempo  tanto faz que haja  frío ou calor. Desfruta no seu posto,    escuta passar o mundo que a rodeia, e tem a cara cheia de felicidade.