sábado, 29 de noviembre de 2025
Lendas da minha aldeia: De quando fum sacristám, lá polos meados dos anos 60, e falava em latím.
- Pepe mandalhe um
responso de cem pesetas, despois um de duascentas e incluso algum de quinientas.
Eu ficava abraiado ou anonadado (que bem sendo o mesmo diga-se como se
diga), co canto gregoriano do Pepe . Nos meus miolos quedaron sempre
fixos aqueles responsos inventados e ainda hoje podia recitar parte
deles. Quando já supem latím e comprobei o que queríam dizer aqueles
preces auténticas e o que eu aprendera do Pepe, não podia conter a
gargalhada. O que aquel homem fabricou na sua mente era uma obra de arte
da linguagem. Algo assim tivemos nós que fazer coas canções em inglês
para cantâ-las, nem em Inglês nem espanhol senão numa lingua nova
inventada.
jueves, 20 de noviembre de 2025
Tal dia coma hoje morreu Franco.
Lá polos 1950, um fictício guerrilheiro antifranquista remite uma longa carta póstuma a um filho seu do que viveu separado pola guerra e a post-guerra. O filho descovre por esta carta quem é o seu pai . O silêncio foi lei para os perdedores.
Velaquí um extracto da mesma.
.......Eu e a tua mãe fomos felices, o tempo que namoramos e estivemos juntos e despois como um agasalho chega-ches tu. Mas cando as bestas se desatarom de pronto na nossa vida todo mudou . Um novo mundo de dor, violência e miseria humana engoliu-nos numa nuvem cinzenta da que não demos saido. Chegarom daquela tempos moi dificeis e duros. Fugim coa tua imagen no coração.Despois tuvem a oportunidade de que gente boa me salvasse a vida. A esperança de que a tua mãe estuvesse viva dava-me folgos para seguir na loita pola minha supervivência e poder cumprirmos o desejo de que algum dia nos juntaríamos os três em Portugal e que aquela tolemia durasse tão pouco que nos deija-se voltar o nosso fogar, como se todo fosse um mal sono. Nada disto pudo fazer-se real. Esta odiosa guerra e esta terrível persecução destrui-nos por completo. Eu já passado um tempo e a salvo em Portugal enterei-me da morte de Estrela, nossa esposa e mãe. Foi este grande amigo Miguel Morgado que me trouxe a noticia de que ela fora assassinada na provincia de Zamora dende onde ele vinha fugindo da morte segura, até encontrar-nos os dous nas contornas das terras de Montalegre.
.Na minha nova vida de guerrilheiro, andei asentado onde pude. No monte entre covas e chouzos; acubilhado em casas secretas nas aldeias; durmindo em cortes de gando, em palheiros e combarros de lenha,em alpendres e cando podia no acougo da minha casa de Pitões das Junas. O lobo e nós tinhamos conversas, saudos e intereses comúns. O lobo era a nossa metáfora de vida: ele representa a natureza indómita o espirito de supervivência e a pureza de quem não se submete. Eu, guerrilheiro, via-me reflectido nesse ser perseguido que parece partilhar com nós um mesmo destino: a solidão e a morte como preço pola liberdade.
Dende o Larouco até Castro Laboreiro dum lado e do outro da raia, andavam as nossas partilhas guerrilheiras a procurar refugios, marcar e asegurar rutas seguras de escape, proporcionar uma mínima atenção médica, proporcionar roupas e manutenção, obter informações dos destacamentos de falange e Garda Civil que tratavam de fechar a saída dos fugidos galegos. Nós iamos fronteira arriba e abaixo, entrando na Galiza e voltando os nossos de segurança nos montes e aldeias de Trás os Montes e o Gêres. A minha vida consistiu em ajudar a salvar-se a todos quantos fugidos podíamos para cruzarem a fronteira e proporcionar-lhe forma de chegar a Porto normalmente, ou a outras zonas de Portugal. Ainda que Portual era um régime dictatorial, da época de Salazar, eramos aceites ou polo menos eram tolerantes coa nossa presença. Cando podiam olhavam para outro lado e permitiam em parte a nossa vida, sempre e quando não nos mostrarámos demasiado, nem figese-mos ostentação da nossa actividade, ainda que de nada servia o nosso comportamento no caso de o Governo de Franco dar queijas da nossa presença, então era quando a Pûde, a Garda Fiscal, e a Garda Nacional atuavam forte comtra a nossa gente. Ou seja eles, normalmente, permitiam ou toleravam os nossos movementos. Seja como for o que sim é verdade e que a sociedade em geral, apoiava-nos moito e sim, havia organizações sociais e voluntarios civis que nos davam ajuda logística indispensável para mantermos eficaces. Tinhamos colaboradorestanto nas aldeias fronteiriças da Galiza como nas de Portugal . Eu aceitei o alcume de guerrilheiro, para prestigio social, e assim eramos considerados eu e os meus colegas para identificar-nos ante os paisanos e os fugidos, pois o nome de guerrilheiro é polissémico, pois há quem nos queira chamar "atracadores", "ateos" "fugidos" ,"salteadores", todos nomes despreciativos feitos pola propaganda para minusvalorar a nossa ação. No entanto eramos uns guerrilheiros forzosos e “pacíficos”, pois não estavamos preparados, nem tinhamos meios para sermos uma força combatente. Não, nós eramos uma organização logística para ajudar a supervivencia de homes e mulheres que fugiam para embarcar dende Porto para América ou passar a parte republicana de Espanha. Salvámos e ajudamos moitas vidas. Eu adotei para ser identificado na zona o alcume guerrilheiro de o “Quintairos” como recordo a nossa aldeia de origem. Entre a guerrilha conheci a homens solidários, companheiros afastados da familia, mestres fugidos coma mim, convertidos em líderes guerrilheiros que loitavam pela sua supervivencia, pois o apressamento era o mesmo que a morte rápida. Nós não tinhamos ínfulas de atacar as forças de Franco, se cruzavamos a fronteira era para curar, dar acougo e sobre todo guiar e ajudar a fugir a persoas perseguidas por serem republicanas ou nazonalistas. Incluso desertores do ejército de Franco, que de todo havia. O meu trabalho organizativo era comandar os grupos de guerrilha nesta cordilheira que ia, mais ou ou menos, dende Montalegre a Castro Laboreiro, ou visto dende a outra banda das serras, digamos que dende Baltar a Entrimo.....
......Aquí em Pitões tivem o meu acubilho e acougo em todos estes anos. Um fugido que está morto oficialmente que não tem papeis tem de buscar um sitio onde ninguém vai vir a fisgar e guichar. Aquí figem vida coa minha companheira Maria Do carmo Henriques Freitas, e com ela tenho um filho que tem o nome de Luis. Eles são a minha vida e quem me derom moita felicidade e ajuda para sair adiante. Luis tem agora dezasete anos, e moi bo moço e dize-me Miguel que se parece moito a ti. Aquí tens a tua casa, se alguma vez queres visitâ-los. Eles sabem de ti e são o minha memoria e recordo e sempre estarão esperando-te.
Toma o teu tempo, deixa pasar o que precises para asimilar todo isto. Se alguma vez quiseres ser parte da minha historia e conhecer a Maria e o Luis pois bom, aliás se todo isto che incomoda ou che-amola, pido-che desculpas e compreder-te-ia. O meu amor por ti segue vivo no meu coração e vem-se comigo, agora que está próxima a longa viagem. Sei que vens comigo e, seja o que for, passe o que pasar, es e seras o meu querido filho.
O mais grande abraço do mundo para ti, querido Manuel.
O teu pai.
miércoles, 19 de noviembre de 2025
FALANTES OCULTOS.
domingo, 9 de noviembre de 2025
Portugaliza 112. Bieito Romero, Luar na lubre.