lunes, 28 de noviembre de 2016

De vez em quando um livro: As pequenas memórias. Saramago

 

 

" Estes nomes soterrados durante anos e anos sob aluviões de olvido, ascenderam obedientes das profundezas da memoria quando a necessidade os  convocou, como uma boia de cortiça retida no fundo da agua que de repente se tivesse desprendido da amálgama do lodo."


   Deixa-te levar perla criança que foste. 

 ( o livro dos conselhos).


    Esta pequena biografia da infância e  primeira adolescência  de José Saramago, não é um relatório que conte pelo miúdo   os  seus anos de criança. É uma narração feita  à solta, para narrar experiências, recordos e factos  ò mesmo tempo que descreve as paisagens, as pessoas e o ambiente no que passou eses anos. Tudo vai  saindo da sua memoria pouco a pouco, devagar,   ja seja  nos seus lugares comuns da Azinhaga alentejana,  onde nasceu,  ou ja  mais tarde  num bairro popular qualquer da  Lisboa  do final dos anos trinta.  Vivências, recordos, paisagens, misturados com pequenos factos que ficaram na retina do escritor.        

    Destas pequenas memorias,  ainda sem lermos  o livro, encontramos  cousas muito conhecidas de Saramago. Pois a sua popularidade faz que  nos conte moi a miúdo cousas. Ora  em entrevistas, ora narradas noutros escritos ou incluso algumas ditas no discurso de entrega do Nobel. Um grande oleiro ou  alfareiro  da escrita,  o Saramago  conta historias diversas, simples e quase sempre con seu humor retranqueiro e crítico. Tal como se de um romance se tratasse, ele  recreia as pessoas que andiveram na sua vida como personagens  imagnativos da sua narrativa. Como quem com quatro paus constrói uma cabana, Saramago,  fai um livro breve, narrativo,  não isento de profundidade e coa   agilidade   e  o humor saramaguiano.  Com pinceladas soltas, mostra  experiências sentidas e marcantes  na  sua vida,  vai pintando um  quadro  impresionista que fica na nossa memoria . A descoberta duma lua chea,  a experiencia infântil duma  viagem  para  levar os porcos a feira ou a descoberta  de estar pisando de noite   em algo desconhecido  que mais tarde saberá que era uma calçada romana, os vicinhos de Lisboa, o seu paí policia, a  sua entrada no liceu, as descrições do simples da vida do campo e o bairo da cidade  etc.      
  O libro abrange o período dos catro os quinze anos.  Saramago dirá que o objectivo é que os leitores conheçam o homem, saivam eles  de onde saiu o homem que  eu sou.
   Quando nos descreve o paisagem da Azinhaga infantil, faz uma reflexão de como se ve uma paisagem na infância. De que quem pode descrever é o adulto que redescobre ese mundo,   a criança não descreve o que vê porque ela mesma é parte dessa paisagem.   "A criança que eu fui não viu a paisagem tal como o adulto em que se tornou seria tentado a imaginá-la desde a sua altura de homem. A criança, durante o temo que o foi, estaba simplesmente na paisagem, fazia parte dela, não a interrogava, não dizia nem pensava, por estas ou outras palavras ".  
     Embora, engadiria eu,  nem todos os adultos  sabemos recreiar em escrita as paisagenes das que fomos parte na infância coa destreza dum grande escritor.
      

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