A hipocrisia é algo assim como o fingimento de ter boas qualidades ou sentimentos, quando realmente tudo parece uma falsedade ou falsa representação do que se pensa. Ou também fazer pompa dos príncipios morais e as normas de conduta de bons cidadáns e embora agir ou atuar o revês.
A hipocrisia é algo repugnante, acostumamos a dizer nós mesmos sobre as nossas propias condutas hipócritas. A pratica da hipocresia tem pouco que ver coa autocrítica e a búsqueda da verdade. É tal vez algo tão estendido que ninguém nos libramos de practicâ-la e de vê-la a cotio. Digamos que algo assim co que se convive e que todos practicamos seja mais ou seja menos. Ainda que doia, não estaria mal reconhecermos que não há ninguém de nós que não practique ainda que seja um pouquimho a hipocrisia. E quem não sepa manejar um pouco de hipocrisia no mundo pronto vai darse de murros contra tirios e troianos.
Hoje vem a conto um bocado de hipocrisia social. Hoje andam a zumbar-me na testa duas noticias que me fixeram refletir o respeito: A escravitude e os indultos na Catalunha.
Escuto que Holanda está a fazer autocrítica do seu passado escravista, que foi o último país em abolir a escravitude lá pelo cercano 1830 mais ou menos. Os barcos holandeses partiam de Amsterdão pra África com armas, explosivos, seda. Na África recolhiam escravos e levava-nos para América e ali carregavam café, açucar, especias etc. que chegavam a Holanda. Um negócio redondo, os lucros eram muitos, ainda que o negócio roda-se arredor do repugnante tráfico de seres humans. Um pais protestante, moderno, rico, dono secular do comércio no mundo. Que mais da, Portugal nessa altura andava também na mesma brincadeira, ainda que a historia dos paises não gostem de recorda-lo. Espanha, também, deixou de lutar pela soberanía de Gibraltar, nessa mesma altura, em troques de que Inglaterra não intervisse na suas rutas de escravos. Quem escuta isso hoje em Espanha, ou em Portugal?. Bem está que os holandeses façam iste reconhecemento, estão a quitar o velo hipócrita de reconhecerse escravistas. A verdade sempre vai libertar e melhorar as pessoas.
Mais do mesmo. Leio a Aquilino Ribeiro no seu romance " A casa grande de Romarigaes", vexo com estupor,lá pelo 1790, que o Morgado, e grande senhor da casa tem além dos criados e camponeses que dependem de ele,( que escravos são também), escravos da Guiné, pretos africanos, que num momento de falência da sua economia chega a vender os senhores que se ocupavam deste comércio. Olhe, estamos a falar de quando meu bisavó era um moçote, quem di ainda ontem. E isto numa zona rural de Portugal emtre Coura e Vilanova de Cerveira que hoje em día fica verde de prados e montes mas sem xente.
Não, se faz favor, deixe lá isso, não recorde que fomos escravistas, nós que no 1789 pudemos ver como a nossa civilização fez a Revolução francesa e estudamos com orgulho como este mundo occidental iluminou o mundo cos direitos do homem e o cidadão e cortou a cabeça o absolutismo o tempo que criava o estado laico e liberal. Mas ese estado liberal liderado pela burguesia ainda nada queria saber de escravos, de pobres que morriam nas ruas. A nobreza, o alto clero, e a estrafificacação social feudal seguiam e seguiram muito mais tempo presentes, coa amanho e diferença de que uma nova clase social ascendia o cumio do control político e social, a burguesía liberal.
Somos ou não somos hipócritas. A escravitude fica na imagem da Europa, e ainda faz pouco andava pelas ruas, como algo familiar. Esta Europa da liberdade, do homem, do cidadão, foi ainda ontem escravista, e ninguém daquela mexia um dedo pra sua eliminação, nem tão sequer a Santa Igrexa de Roma. E se de hipocrisia falamos coa Igrexa topamos, mas deixemos pra outro día este cúmplice consorte.
Só de passo, além da diferença de opiniões acho um bocado hipócrita o grande sarilho mediático armado arredor dos indultos dos políticos do procés. Estou seguro que o PP de estar no poder faria o mesmo que hoje faz o Psoe, não tenho dúvidas. Ainda que isto seja um juizo de intenções. Deixe lá o governante fazer, eles são quem mais sabem do tema. Sim , diga que não gosta da decisão, pronto, mas não levante tantas trincheiras e inflame globos de odio, cando não corresponde. O erro do indulto, no caso de que assim for, não vai fazer tremer nenhuma institução nem pôr em causa a soberanía nacional e o poder político de Espanha. Só vai deixar sair da cadeia a uns presos que, em nadinha , sairiam a rua como mártires. De verdade, eu vexo tudo um pouco excessivo e misturado cum muito verniz de hipocrisia.
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