miércoles, 19 de noviembre de 2025
FALANTES OCULTOS.
domingo, 9 de noviembre de 2025
Portugaliza 112. Bieito Romero, Luar na lubre.
Aquele Sacramento da Confirmação
......Num momento saiu da sacristía o senhor bispo para dirigir-se òs fieis com frases carinhosas e paternalistas o tempo que baixava os tres degraus duma pequena escada que limitava o recinto do altar co resto da Igrexa. Já posto na altura dos fieis dirigiu-se a nós, os demandantes do Sacramento. Meninos, rapaçes e incluso homes feitos, os quais estavamos preparados para recevermos a nossa confirmação. Saudou-nos em geral com ise saudo beatífico e sorridente que só sabem fazer os bispos e os papas. Andava a caminhar lentamente dum lado para o outro diante dos bancos da primeira fila na que estavamos os candidatos a sermos os novos cabaleiros da fé. Ò tempo que caminhava ia dando singelas dicas explicativas do que era o Sacramento da confirmação e o que Deus esperava de nós e todas esas cousinhas, as quais, nós já estavamos sabidos dabondo pelo mestre e mai-lo cura , pois os dous matraquearom-nos nas suas charlas doctrinais. Dalí a um pouco já començou a perguntar pequenas cousas da doctrina e do catecismo, era todo moi fácil. Començou pelas rapazas e ia duma pergunta tirando as conclusões para a seguinte e assim pouco a pouco. Num momento na fila dos rapazes perguntoulhe o Silvio o dos Torneiros que pensava ele que era fazer o mal.
- ¿ Como te llamas y cuantos años tienes?
-Chamo-me Silvio Torneiro do Baceiro e tenho quince anos.
-Silvio, ¿ aquél niño dijo que Dios nos enseña a no hacer el mal? ¿Que crees tu que es hacer el mal?.
Naquel intre o Silvio sentiu-se cheio de gloria e respondeu rotundo no seu castelhano .
_ Hacer el mal es tornar-lhe el auga òs vecinhos de sus lameiros para que vaya para el mío.
O bispo entendeu perfeitamente o que Silvio quis dizer, e asentiu coa cabeça e repetiu a afirmação do Silvio.
-Muy bien explicado hacer obras que dañen a nuestro prójimo es como hacerselo a nuestro Señor pues el mandamiento nos dice que "amarás al prójimo como a ti mismo" y si haces una acción mala contra otro vecino estás pecando, sin duda. Muy bien.
No momento que Silvio diz o do tornadoiro da agua dos lameiros, um leve sorriso e olhadas cómplies percorreram a igrexa toda. O Silvio era considerado, tal como se dizia na quela altura, um rapaz não de todo completo, ou que lhe faltava um fervor e, obviamente, era tratado com reserva e certa atitude burlesca ou infântil . Tal vez o dito vinha porque o Silvio era um bocado extravagante e afeito a fazer tolerias e a dizer expresões raras, isso fazia que todos consideravam que não estava moi bem de todo dos miolos. No obstante pela sua resposta tampouco parecia que ainda assim fosse tanto. O que passa e naquela altura nas aldeias era moi fácil ponher tachas de tolo ou deficiente mental e manter esa sinal pública "in eternum". Incluso as vezes as pessoas con deficiéncias físicas eram também consideradas com alguma anomalia psíquica e receviam um trato diferente. O mundo rural não era um paraiso e havia mais violência em todos os aspectos da que hoje podamos imaginar. Tal vez o Silvio fosse tão competente como qualquera mas a pouca dedicação que se lhe prestava na escola além da pouca dedicação familiar recevida, e as suas particulariedades de personalidade, tudo misturado, faziam que o pobrinho fosse alvo duma etiqueta ou rótulo difícil de arrincar e que era:
" a iste falta-lhe algo, tem alguma tacha ainda que não sabemos qual é".
E quando a gente te trata distinto tu acabas pensando que eres distinto.
Tal vez o Silvio aquele día ficase contento e reconhecido no seu interior e numca olvidasse que num día o senhor Bispo de Ourense fez-lhe uma pergunta e ele soupo resolvê-la coa linguagem e os conceitos que lhe eram familiares; o seu mundo o que ele olhava e tinha diante eram emtre outros, o monte, o gando, os prados, as searas, as hortas, o toxo, os carrouchos a solidaridade das malhas e das colheitas e a maldade traicioeira de irem de noite as caladas a tornar a auga dum prado do vicinho para outro. ...
jueves, 23 de octubre de 2025
1957, uma viagem o Couto Mixto. III
Em julho do 1957, o capitam Folgoso, recem graduado de Tenente, tivo uma importante reunião perto do Couto Mixto.
martes, 21 de octubre de 2025
1957, uma viagem o Couto Mixto. II
Em julho do 1957, o capitam Folgoso, recem graduado de Tenente, tivo uma importante reunião perto do Couto MIxto.
......Num
momento de mais confiança, atrevem-me a pergunta-lhe pela sua vida.
Ainda que pressentia que ele não gostava de ter confiança com um
desconhecido a quem considerava de outra casta.
-Mas, senhor lameiro o seu nome qual é. Pois Lameiro é alcume ou apelido?
-Sim senhor, Lameiro é alcume. Pois eu chamo-me André Regueiro
Pousada, nasci na aldeia de Castro Laboreiro em Portugal, mas na
fronteira perto de Entrimo. Não sei se conhece o ou tem ouvido falar.?
-Sinto, pois não tenho nem ideia do lugar. Respondi.
-Mas diga-me como chegou a viver em Entrimo?.
Ele passou a mão suavemente pela cumprida cabeleira branca, sorrio levemente e engadiu.
-Pois a minha vida é fácil de contar. Por tanto, olhe, a idade de dez anos os meus paizinhos, com seis filhos, buscarom para nós um pequeno porvir e assim também deixar liberada a casinha de tantas bocas. A mim a sorte levou-me a um lugar perto de Entrimo, chamado a Ilha, como criado de servir numa rica casa de labrança, chamada dos Lameiros. Por isso eu sou conhecido como Lameiro na contorna de Entrimo. Bom, no entanto ali ajudava nos trabalhos da casa, ia co gado o monte, arava, sachava, segava, estercava, mumguia vacas e cabras, em fim todo o que tinha de ser feito numa casa de labrança. Sempre fui bem tratado e ali botei dez anos até que chegou a guerra civil e voltei para Castro Laboreiro não fora que me mandassem como soldado também a mim o frente. Neste tempo que durou a guerra estava em contacto co meu patrão o senhor Eleutério Lameiro e coa sua filha, pois a mulher morrera-lhe por então. Neste tempo da guerra apareceu por cá, escapado, o senhor Miguel Morgado que mais tarde casaria coa filha do senhor Lameiro. Quando a guerra rematou voltei com eles . Passados cinco anos depois do final da guerra morreu o senhor Eleutério e o jefe da casa passou a ser o senhor Miguel. Passados uns anos os meus senhores estabelecerom-se em Entrimo mesmo . Puseram um negócio e eu trabalho o capital das terras da Ilha e ajudo também no negocio a segum calhar . Em fim um pouco de todo. E esta é um pouco a minha história.....
lunes, 20 de octubre de 2025
1957, uma viagem o Couto Mixto. I
Em julho do 1957, o capitam Folgoso, recem graduado de Tenente, tivo uma importante reunião perto do Couto MIxto.
Assim pois no dia combinado moi cedo, apareceu o senhor Berceiro o taxista para irmos de viagem visitar a umas tías do meu pai.Sería um día enteiro para a ida, fariamos noite em Calvos e ele esperar-me-ia no povo de Calvos mentras eu me deslocaria a uma aldeia pertinho dalí na que não se podía chegar de automóvel. Arramcamos de Celanova para Calvos de Randim. Um calor rachante, o ceu limpo, o sol entrava peneirado nas fragas de carbalhos e pinheiros e invitavam o descanso e a deixar-se acarinhar daquelas sombras verdosas. Uma travessia incómoda e cansativa foi-nos levando dende Celanova até Bande e despois avançamos costa acima, serpenteando por uma estrada de terra batida e colhos. O fim chegamos até Couso de Salas e asím alcanzamos o planalto dominante sobre o val de Salas e o val do Limia. A partires dalí o rio Salas vai descendo e começa a cair veloz monte em baixo até morrer no Limia. Pela banda do Sud-oeste os ergueitos castelos das montanhas da esfíngica e tutelar silueta do Gêres presidiam a paisagem e olhavam-nos dende longe. Uma paisagem de diferentes cores, saudosa e viva acompanhava o nosso trilho até chegar a cimeira. Uma parada no alto e o marivilhoso mundo se abria os nossos olhares. Cara o norte albiscabam-se as terras de Bande, Lovios, Entrimo e o alto do Vieiro que nos tapava as de Celanova.
Calvos, encostado cara o sur numa pequena montanha, ofrece o chegar dende o norte uma terra chá até os montes próximos. Lá no fondo estaba o paço dos Tejada que abrangia um amplo terreiro todo pechado com uma grande e antiga tapada de pedra. A entrada uma nobre fronteira co escudo da casa presentase-nos despois de pasar um souto de castinheiros, diante de todo um castinheiro centenario encorva o tronco o peso dos séculos. Ia petar na porta principal mas aparesceu de repente a receverme o senhor “lameiro” pois estava-me esperando.
-Bom día. É o senhor Folgoso?. Perguntou-me.
-Sim, sou eu.
-Estava a sua espera, tal como me ordenou o senhor Miguel. Pois cando você queira, podemos ir para fazermos o caminho a Meaus. Se o senhor quiser demorar um pouco para descansar.?
-Não, não estou canso, será melhor chegar-mos quanto antes e despois já descansaremos em Meaus.
-À vontade, senhor Folgoso. Pois não se fale mais. Vamos lá.
Saimos da entrada do pazo e entramos nas cortes dos cabalos e alí subim o cabalo que ele me tinha preparado e ele subiu também numa besta marela de bom porte.
- Imos ir polo caminho de cara Paradela. Eu acho que duas horas estaremos no nosso destinho. Diz o Sr. Lameiro.
Despois deu-me uma rápida informação cum vista de olhos das terras nas que estavamos.
-A nossa direita ficava o rio Salas, mais aló temos Tourem, Randim, e o fundo Vilar, e Vilarinho, e mais adiante Santiago e Rubias, que junto com Meaus compoêm os povos do Couto Mixto. Lá o fundo na direção de Tourem está o alto da Mourela que nos leva a Pitões das Junas. Aquela serra tão alta que fica detrás de Vilar chamanlhe serra de Pena e Monteagudo. A nossa esquerda lá no alto fica o povo de Feás.
Com estas dicas o senhor “Lameiro” parecía sentir-se satisfeito de haver cumprido o seu deber de anfitrião e parceiro de viagem. O caminho era plano em general, nalguns tramos descendente. Nuns lugares era corgo, noutros aberto e à ventestate. As vezes térreo e noutros puro pedrogulho, incluso zonas de penedas, algunas lambidas nas esquinhas por os moitos carros de vacas que teriam circulado secularmente por alí. Quando calhar, iamos abeirados as sombras dos carbalhos das moitas touças do caminho, moito se agradeçia aquel refrigerio entre aquel sol abafante. Quando tocava caminhar entre as terras de labradio quer fosse pelo pó, quer polas moscas quer polo calor sufocante, ou por todo a vez, as cavalerias faziam pequenos protestos ressoprando como desabafo até chegarmos a encontrar outro solaz que a natureza nos deparar. Ao longe olhamos Meaus e então figemos um alto para descansar, tanto as acémilas coma nós. Sentamos numas penedas a sombra duns castinheiros a beira do ribeiro formado por um bulideiro regueiro de agua cristalina que corría cantareira em direção o Salas. Aproveitamos para dar de beber os animais e nós . Mesmo deveciamos por estombalhar-nos à vontade naquela ínsua saudosa. Alí,naquela tranquilidade, trocamos umas conversas. O Lameiro parecía um homem reservado, tranquilo, de fala lenta e prudente que conhece o vento e o tempo melhor do que os livros. Mostrava essa imagen das gentes adicadas toda a vida a servir algúm amo de casa rica de labrança. Tinha esa lentura no escoitar e no falar, propria dos homens do povo anónimo que permanecem calados entre o medo e a sabedoría antiga. Mostrava-se como se fosse um ninguém que só quer escoitar, que não tem opinião ou a sua não é importante. Além disso se for precisso, oferecer-se-ia por gardar um segredo do seu amo. Fidelidade e lealdade que revelaba no seu limpo olhar. Era de meia estatura, fivroso e delgado, moreno cetrino de labrança, pelo branco cumprido, andaría polos cinquenta anos. Tinha um sorriso natural e a sua presença infundia confiança. No falar adivinava-se um certo sotaque portugués, ainda que eu não distinguiría moi bem os falantes da raia acostumados o contacto cos vecinhos da outra banda, dos falantes portugueses nativos. Não o interroguei o respeito. Dixo-me que leva moitos anos trabalhando para o senhor Miguel, que é um bom amo e que tem no convivio com ele um trato moi bom, para ele a casa do seu patrão e coma se fosse sua. Engadiu-me, com certa solenidade, que ele estaría disposto a fazer o que fixe-se falta por as causas do senhor Miguel. Engadiu que moravam em Entrimo, e que o senhor Miguel tinha moitas e boas terras de labrança e um negocio de comestiveis ou como dizem também agora tenda de ultramarinos , na vila de Entrimo.
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