"São oito da manhã quando começamos a subir a Canada da Serra. Hoje o céu
acordou desanuviado, com a limpidez feérica que sempre faz suceder aos longos
dias de chuva. E, antes mesmo de chegarmos às charolesas do Zé Maria da Adega,
há dois cerrados com angus e ramo-grandes dispostas como que num xadrez, muito
pretas umas, vermelhíssimas as outras.
Pastam numa serenidade conformada, até feliz, mas a certa altura passamos
na curva e duas delas erguem a cabeça, com um ar inquiridor. E eu pergunto-me:
o que vêem os animais quando nos vêem passar? O que vê um bicho quando olha um
homem? O que vêem estas bezerras destinadas ao matadouro quando passamos os
dois, eu e a Catarina, com roupas desportivas e cães presos a trelas?"
Joel Neto . Jornal DN.
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