sábado, 30 de diciembre de 2023
Reino medieval Galiza. A toma de Almería.
sábado, 23 de diciembre de 2023
Escrever na areia.
Historias já contadas lá pelo 2010.
São escritas sem rumo, tal vez, sem motivo, só escrever por escrever. Estão escritas na areia e por acaso ou por pouco nem o vento nem a agua acabarom com elas. Embora, ainda que nascerom num rascunho co pouso que da o passo do tempo parecem ter algo de valor. Eis o motivo, nostálgico, pelo que lhe dou traslado aquí, cando ficavam pérdidas na arca dos recordos.
No caso de não lêr isto, só dizer que não perdes nada.
No afganistão um bombista matou a duas centas pessoas. Na sexta e trece
vão fazer a festa das bruxas en
Montalegre. O Papa esta a gravar un
disco, de música sacra, ora essa. En Europa estão a nomear as pessoas que vão fazer a liderança
política da Europa nos proximos anos, serão o presidente do conselho de
ministros, como primeira autoridade e o representante da Segurança e
representante o exterior da Europa. Obama anda pela China. Um barco
espanhol foi retido por piratas da Somalia mais tarde forom liberados os dezaseis refens, tudos estão vivos, os piratas
apanharom um bom saco de dinheiro. Tudo esto está a correr no mundo o seu rumo habitual e o Nelson anda na busca duma mulher preta de raça africana, misturada emtre as prostituas
diste continente que estão a passar esta fria noite na Casa de Campo en Madrid,
um lugar concorrido pelos gajos e as raparigas que estão a fazer o oficio mais
antigo do mundo como assim é chamado. Abonda as pessoas que estão adicadas a
isto, os tempos são muito bons para o negócio.A emigração sempre foi uma boa fornecedera da oferta
e a demanda existiu sempre, agora e dantes. Quando o Nelson anda por Madrid sabe bem que na Casa de Campo vai encontrar a bem seguro todo o que procure. Um Carrosel de carros co seu ruxe ruxe a dar voltas pelos arredores, o tempo que mulheres negras, brancas ou de calquer cor azanam coas maus, o tempo que sorrim e se monstram os gajos que dende os carros percebem as variadas misturas de beleza e morbo.
No Barroso, no límite coa Galiza, o monte não faz distinção de nações. O Larouco xuntase co ceo nesta noite crara. Se olhamos dende o Barroso português, vemos que uma parte da montanha deita para Espanha e a outra para Portugal . Dende aquí além de ver Padornelo e Montealegre estamos a ver tambem Vilar de perdizes e mais outras freguesias que não recordo o seu nome. O Larouco visto dende esta beira é coma uma parede, é bravo e erguese altivo, visto dende o lado de Baltar figura-se mais tranquilo, vai ascendendo pouco a pouco até chegar alto.Semelha ser uma patria, um pais ignoto, um mundo o que se está a ver. A sua maneira de estar invita a visitâ-lo, a vê-lo por dentro, fâ-lo e ficas bem, eu fê-lo muitas vezes. Há um mundo novo o vieres. Ambolos dous lados do monte juntam-se numa chaira muito grande, a chamada veiga, que se intue mais não se pereceve dende nehum dos vales, do de o cavado e dende o limia. Porque o Larouco vai caindo dende a veiga para o seu oeste, para Portugal, fazendo uma pequena curva, segindo a delimitar as duas fronteiras, e num momento cai, fendese na chaira, desce pouco a pouco e aparece uma janelam. Esa janela foi aproveitada para fazer a porta de entrada, de fronteira emtre as duas partes, e da tal janela nascem dous vales, um para cada lado. Dois vales pelos quais farão o seu percurso dous rios bem conhecidos: o Cávado para portugal e o Limia para Espanha e que ficara também en Portugal. Os dois nascem juntos, e cada um vai para seu lado, o Limia vaixa pela Roussia e o chegar a chaira da Limia recebe o rio de Sarreaus e segue morno, largo mais com pouco agua como durmindo a sesta pela vila de Xinzo, uma vez que da lá vai-se , esperta um pouco e começa o trilho de seguer a baixar e a colher aguas dos montes que vão dar a limia, e a fazerse um rio adulto pouco a pouco, cada vez mais até chegar a Viana do Castelo, fazendo antes um paso por Bande, Muiños, e crianao a vila de ponte da lima, depois de fazer o barragem de lindoso na fregjuesia de Lindoso. O seu irmão o cavado que da janela do larouco partiu também , faz um percurso mais curto, sai feito uma criança da janela do larouco, baixa rapido até montealegre, onde se fornece, preparese, para sair com força até chegar o mar, ambolos dous vão demde o Larouco ao mar, fazendo dous bons percursos. Aquí neste fermoso lugar vai-se também fazer parte da nossa hestoria, niste lugar perdido no mundo.
Niste tempo de inverno, o Larouco cria para ambo-las duas beiras suas uma chuvia fina, que vai baixando como nevoa até os vales, e deixa uma friaxe no ambente, a sua cima quase que neste tempada está sempre cheia de nevoeiros, a metade do seu cumio está cuberto, os seus habitantes tanto do lado barosão como do val do limia no concello de Baltar estão acostumados . Também do lado sur do larouco, não dixemos que faz o larouco parede sob uns quantos povos e freguesias de zona espanhola tales como medeiros, san milhão, a pedrosa, e seguindo até o barroso muitos outros, isso sim esta zona é uma zona mais quente, o larouco faz-lhe parede comtra o ar do norte, e isso dalhes um agarimo e acrescenta o aquecemento que lhes da o primeiro sol do día quando nasce polo leste e peta comtra a parede sur do larouco. Até cá se da vinho, e froitas variadas, e pois um pouco mais quente que no val norte que se olha dede a cima do larouco. O larouco é moi rido en aguas , a sua chaira , a veiga, que na sua cimeira cobre faz de esponxa para que sea a filtração de agua nessa grande terra.E assim são varias as fontes que nascen nele e vertem todo o ano a sua agua cara o val de Baltar, e que o fão pelo seu grandes regatas, ou pequenos rios que vão verter o limia que faz percursso polo val. Faisse destaque emtre as regatas ou regueiras, que é como assim é chamada pelas gentes do lugar, a regueira dos cavalos, e aregueira de forcadas. As duas tenhem todo ano agua que nas época de chuva vaixa a cachón e com força desprendensose por toda a serra até o val.
Miguel Antón Valencia, nasceu por estas terras do val do limia, numa freguesia do concelho de Baltar. E filho de solteira, a sua mãe ficou prenhada con dezasete anos. Ela era pastora de cabras e ouvelhas no monte do Larouco e nos seus arredores. Com os rebanhos ela ia moitas vezes ate a cima do monte. A cabra e animal muito bravo, não se conforma cos pastos brandos da chaira, e sempre quer ir o mais arriscado e subir e explorar. A cabra vai-te levar sempre a zoa mais dura do percurso que estes a fazer. Se há um penedo alto a cabra mais valente vai fazer tudo o posivel por trepar penedo acima a comer o brote que sai numa esquina do penedo. Ela vai tentar de trepar o alto dum pino novo, para tentar comer-lhe a casaca tenra e verde, ainda que por baixo dela houver uma herba branda e verde que acho que nos apanhariamos para dar-lha como se dum premio se tratara. Anuncia , chamava-se assim , esta boa rapaza, seguia o cainho das cabras para acima do larouco muitos dos días. Era jovem, fuxia do pobo e da gente que via a diario, o caminhar gostava de sonhos e pensamentos do que ela poderia fazer alguma vez. Isso era o que mais gostava ela, o melhor era quase capaz de estar duas ou mais horas imaxinando e falando para si. O trabalho permetia-lhe tal coisa, as cabras eram felizes, seguiam e seguiam a comer e a caminhar, o seu mundo era um mundo tranquilo. Uma manhã na primavera, cedo, quando o sol está ja posto e aquecendo a terra e a fraga toda, ela ja levaba andado a metade da serra ia a desfrutar dum dia no acima, na veiga, onde o gando gostava de comer e beber, e ela gostava de estar porque dende alí via pequeño o val, procurar olhar tudas as freguesias, os caminhos, o rio, pena que não poidesse ver também o val do sur e o de Montealegre, do cávado, mas para isso teria que percorrer toda a veiga e asomarse o balcão que da o sur.
Quando anuncia chegou lá , a veiga, ja alá ao lonxe viase mais gando, e gente.
- Ora, como fai bom tempo , tambem subiram para cá os marotos, ou seram da parte da Xironda , que era outros dos pobos para onde descer do Larouco. Se calhar são de Vilar de perdizes, recordou que se fossem da Xironda estariam mais perto diste lado onde agora chegou ela, mas istes estão mais ao longe. Alías, recordou, que ainda que cada quem andava por onde podía na veiga, ultimamente os guardinhas e ainda também a Guardia Civil tinham feito vixilancia de que se cumprira cos límites de fronteira que dividem a veiga en duas partes, uma espanhola e outra portuguesa. Iste afastado lugar e que so está o ceu e nos quando estamos no meio dela, está também repartido.
De facto, lá estabam cada cen metros umas grandes anteiras bem feitas e labradas que pela sua face norte tinham posta uma E e pela sur uma P. Sem duvida com isso só sabemos bem o que elas quiser dizer.
-Aquela gente que ao longe se via , ficava por detrás da P. Eram sem duvida dalguma das freguesias que ficavam na baixa da face sur do larouco. Podiam ser de Vilar, ou doutros pobos que por la ficam.
O sol na veiga aquece moito, nesta chaira cheia de herba e na que não ha arbores, o frío do inverno não deixa que eles crescam muito. Mas a terra humida, as charcas e a herba fazem que isto não seja um sequeiro ou o deserto, e as cabras saberão procurar as partes humidas para beber, anque iste animal tanto lhe da por vezes, ja que de caste lhe vem que a cabras no deserto, na chaira fria, e nas montanhas nevadas dl Tibert por pôr um ejemplo. Passado um tempo ela foi conduzindo miudinho o seu exercito até onde estava o que vira o chegar, e o mesmo semelhava estavam a fazer os primeiros poboadores da veiga. O encontro iase a produzir en algum momento, cada vez se olhavam um pouco mais istes polos opostos que como se fossem duas constelacions ianse juntando. Os cães ladravam de um lado e do outro. Não se savia se o faziam por ter medo comtra o lobo, por movimentar as suas cabras ou porque uns e os outros estavam a falarse daquela maneira que eles o fazem, e como eles são sabendo que os seus donos parecem querer chegar a um encontro.
Quando os tempos foram chegados a isso do meio dia, a hora do almoço, vieram a uma distância que ja se podiam olhar bem, ja se podia fazer distingos de pessoas. Anuncia viu a um homem, jovem semelhava e sentiu que tambem ela fora vista por ele. Os dous iam fazer porque o encontro fosse possivel. Estavam o sol, a chaira da veiga e eles os dous cada um com um exército igual : fariam um encontro.
Os dias foram passando, os nevoeiros a fundir-se na terra, sol-pores, por do sol, um vir lá e cá, os dias cos seus fazeres , todo vai o seu rtitmo, sem descanso naquel mundo do Larouco, do Barroso, do vale de Baltar, da Boullosa, da beira que da a Xironda, de Sandim a freguesia que está o rematar o Larouco e dende uma altura da que se vê Montalegre e o seu grandioso castelo, que olha para baixo a ver o Cávado, mansinho ele até deixar Montalegre.
A roussia trae no inverno chuvieiras, o Larouco apartires de outubro por vezes está cuberto dum manto branco, que vai baixando até os vales , ya seja pela beira de Baltar, pela Beira de Xironda e Vilar de perdizes, e também para a beira de Sandim. O tempo é normalmente frío pela zona nesta datas, a humidade também. Falar da roussia para os vecinhos das zonas é falar de frio no inverno.
A margem do Limia, no vale debaixo da roussia monte está o pobo ja desaparecido de Roussia. Na baixa lá está perto do río. Sem duvida foi abandonado ja há muitos anos pelos seus habitantes porque as condiciões de vida pelo clima não eram muito boas. Virado o norte tem de costas o monte da Roussia , o sol ja pouco no inverno não lhe da com forza no nacente, e o sol forte do meio dia está tapado pelo larouco, a humidade que se fazia lá era muita, e coas condições de frio e humidade os seus habitantes apanhavam muitas doençias que fazia muito dificultosa a sua vida ja de por sim muito dificil. Ainda hoje em dia estam restos de construção do pobo. La ficam as suas antigas moradias, pradairos, ruas, prazas, numa pequena aldeia com o seu monte para o gando e os seus pradairos que noutro tempo seríam hortas, lameiros, nabais, leiras de centeo. Tuda uma vida que desapareceu como o faram tantas aldeias galegas porque os tempos são assim, dentro de quarenta anos seremos um milhão de galegos menos. O que não achei na aldeia da roussia foram restos de igrejas ou capelas, aliás o mato cubriu tudo de tal maneira que não é possivel achar nada, pudera ser que foram tidos por infeis, e as susas enfermidades foram vistas como causa delas a sua falta de fe. É suspeito ou brincadeira minha, é um dizer, não há nada para sustentarmos tal dito, mas acho que se calhar seria um bom ponto de aranque para um qualqujer escritor falto de ideias , como posso ser eu.
Os nosos amigos, o barrosão e galega Anuncia, vivirão depois deste primeiro encontro momentos de verdadeiro namoro. Sempre de testemunha o planalto do Larouco. Despois da sua despedida, inicaivam o caminho de costas viradas. C ada um para o seu lugar, diferenes patamares, um para o Oeste ela para o Leste. Um para o val de Baltar e ela para Sandim.
No entanto, um pertencia a um país o outro não. Um era espanhol e o outro era Português. Os paises existem e eles tenhem fronteiras, em algum sitio haverá que pô-las. A fronteira é uma raia, uma linha que vai dibuxado no ar,e que di que a terra está dividia em dous, mas as terras são iguais;porém esa linha terá muita importancia. E tê-na ainda mais hoje em que ha uma ditadura , melhor dito duas ditaduras uma em Portugal e outra na Espanha. A de Espanha e mais dura e menos dita que a de Portugal. A de Espanha veio depois duma guerra civil, ou incivil, depois de forte morte e repressão. Este montes, e carreiros conhecem moi bem o passo e a fugida de homens para as beiras e freguesias do Barroso. É precisso fugir quando não há tempo para falar e podermos chegar à acordos co inimigo, co que tem a força e a razão da força. A vida está em causa. De suspeito a morto há uma linha moi fina. Esta gente não tinha tempo para serem arguidos, para serem escoitados pra ter a sorte de um juizo de contradição; estamos noutro nível da existência, não há juizo de contradição, não ninguém vai escoitar desculpas ou razões pois estão preparadas as espingardas, seja um fúsil Mauser ou uma pistola Luger alemã, que mais tem o pior são as mentes e as olhadas cheias de ódio e vingança como se fossem canos de fontes sendentas de morte e de medo. A noite fala coa violência animal do desejo de encher as beiras dos caminhos e as touzas de corpos inertes e novos que rematarão assim uma vida e que tal vez fiquem para sempre amoreados uns sobre os outros nas valetas da estrada. Os dous pastores virom de todo quando eram pequenotes, e ouvirom lendas e hestorias que e que ficarom na sua memória.
Na Habana, na Habana velha, no malecom, está a soar uma cançom de silvio rodrigues, o tenro en letra e música, fala dos namorios da vida, da sensibilidade das pessoas. O mar e cálido coma sempre por estas terras, a xente caminha com o lento andarilho de Cuba, cadaquem anda no seu trilho, tudos e cada um vão cos afans da cada día na procura duma vida melhor. Sejam que forem eles, são pessoas, a viverem nesta parte do mundo porque assim lhes tocou a vida, nem bo nem mau, se calhar eles são tão felizes como os que nos achamos como aqueles que a sua vida e uma risa grande.
Em qualquer parte do mundo pasa-se pensamos que passam moitas e interessantes cousas; embora nesta outra na que nos toca a nós, semelha não passar nada. Vai e vem o tempo.Veu o verão e e fugiu a primavera, viherom os amigos com as suas crianças, vinherom da cidade onde vivem todo o ano, vinherom para vêr a nova luz do ano, para recordarem os tempos grandes de quando eram uns pequenotes. Eles ja não vivem aquí, mas eles, quer queiram quer não ficarão aquí sempre no seu íntimo sentir. São cousas que não sabemos explicar, pero o ar da Roussia, do Barroso, de Tras-os-Montes, do Larouco, correr por as suas veias. Em toda parte serão reconhecidos como barrosões, galegos arraianos, trasmontanos, o seu modo de ser será distinguido por os seus parceiros que andam e convivem com eles nas cidades galegas, portuguesas ou espanholas, onde eles forom de novinhos ou já gente feita co fim de procurar de comer e fazer uma vida nova com desejos de melhora. Entre eles , ainda que não se conheçam, algo haverá que lhes fará sentir algo comúm. O que os espanhois chamam “um punto”, um ar, uma semelhanza. Isso não é proprio so destas terras, em tudo o mundo se da tal questão, sim mas o mundo de cada um é o que é.
Tudo isto e dito para compreender como dous dos nossos protagonistas por mor dese ar da sua terra, vão a encontrarse sem conhecer-se, mas o mundo tão cheo de gentes de um lado para o outro por vezes fai-se pequeno , controlável.
Porém iste mundo esta também cheio de pulhice e bacoradas, o homem mas semelha ser hostil para o homem , já dizia Hobbes, que amigo moitas das vezes.
Nos Estados Unidos há um presidente negro. Chamase Obama. É novo, e sobretudo uma nova estampa para a política.
Escrever na areia. II
Historias já contadas lá pelo 2010.
São escritas sem rumo, tal vez, sem motivo, só escrever por escrever. Estão escritas na areia e por acaso ou por pouco nem o vento nem a agua acabarom com elas. Embora, ainda que nascerom num rascunho co pouso que da o passo do tempo parecem ter algo de valor. Eis o motivo, nostálgico, pelo que lhe dou traslado aquí, cando ficavam pérdidas na arca dos recordos.
No caso de não lêr isto, só dizer que não perdes nada.
A lo menos não fazia frio aquela tarde cinzenta na estação do metro do norte de Madrid. Alí fora estava Nelson a esperar pelo seu contacto, um homem preto, alto e largo , que já deveria estar aquí. Cada homem que passava estava a ser auscultado pelo Nelson co todo interesse e ânsia propios dum espião ruso na ponte de Berlím.
Um carro vai de pressa, o seu motor funga raivoso o passar misturado co som do ranger dos seus pneumáticos o rabunharem no rugoso asfalto da rua. Bordeia a rua, vira a esquerda, e enfia a toda pressa o primeiro cruzamento. Era um Honda Accord quase seguro, achou o Nelson, o vê-lo passar. Uma mulher de meia idade veio e perguntou-lhe se savia por onde se ia para a Rua da Castellana, ele dixo-lhe com meia sorrisa e uma olhada indagadora não saber pois não era de Madrid, engadindo para aparentar confiança que era do norte, que assim a forma genérica de como os madrilenhos chamam os de lá acima de Castela, tanto sejam vascos, galegos, asturianos ou incluso de Burgos. Ainda que ese norte seja moi grande na Espanha e moi diverso dum lugar a outro. A policia apareceu. Dous policias andam pelos arredores de forma descontraida e vagarosa, lenta e pachorrenta. Estão a a fazer o seu servizo de rutina. A ele não lhe preocuvava a sua presença, pois se realmente a policia estava a segui-lo não sería estes uniformados de rua. o seu expediente de existir andaría noutros patamares jerárquicos mais elevados. Se tivessem provas já estaria detido, não sería suspeito não, estaria a ser um arguido mais em maus dum juiz importante, porque não o juiz Garzón. Estaria asegurado o manchetes dos melhores jornais de Madrid.
Em Vigo na Rúa Garcia Barbón no numero dous, no segundo andar há um gabinete que na entrada está marcado com um cartaz que di: empresa de aquecemento, o que no antigo galego e no espanhol se chamava as calefacions e fontaneria . em gabinete pequeño, de empresa pequena, a porta estava quase aberta e dentro via-se uma mulher-a-dias limpando o pó e arrumando o local, ela tinha posta música no radio-cassete, estava a soar uma cançom de Status Quo , it`s in army now, di o título mais ou menos. Naquele gabinete , foi publicado no jornal da cidade o Faro de Vigo, foi encontrada morta uma mulher de vinte e cinco anos de nacionalidade americana. Não se davam mais datos dela. Valupi pelas suas investigações,grazas a um amigo que trabalhava co forense soupo que ela era de essa idade, morena pelo preto, bela, e tinha como destaque na sua face que os seus olhos eram pretos moi fortes, era o que se di uma beleza iraniana, as suas formas eram de pessoa árabe. Não se deram mais informacões sobre ela. O seu amigo dir-lhe-á um pouco mais tarde que da documentação que retirou a policia ele pude olhar um cartão especial indicativo da secretaria de Estado dos Estados unidos. Valupi agradeçeu a informaçao o colega, e o mesmo tempo engadiu que se calhar não era importante, que para ele era um dado geral que talvez não tivera nenhuma ligação coa malta na que estava a procurar informação. Coisas que se dizem mas não foi este o auténtico pensamento que rodou pela testa de Val.
Por fim em Madrid, na porta de metro de Velazquez, Nelson receve o menssagem. Um homem que vendía lotaria vem perto dele, e vai dizindo o de "mañana toca"
- Quiere comprar señor, "mañana toca", con tom de voz moi alto e arrastrando e recalcando as "a" de mañana.
E num momento que Nelson nem imaginava o vendedor acercou-se e sem mirâlo diz de pressa e na lingua galega:
-"Amanha de manha há festa no pradal", todo dito de seguido quase misturado coa sonoridade do seu anúncio publicitario de venda de lotaria.
Nelson abandonou o seu lugar naquela saída do metro, segiu pela rua virou a direita, subiu pelas escadas que vão dar a a uma pequena rua e alí apanhou o seu carro, um Seat Leon. Apanhou o telemovel e ligou com Valupi.
- Hei Val, a sinhal foi dada. Tudo está combinado , "esta meia noite estarei lá", nas carbalheiras da lua. O que quería dizer que aquela noite estaria co senhor Fernández para recever o material.
- Até logo
Val só respondeu,
-"Brua moito vento", até logo.
As suas suspeitas de serem escoitados por controlo dos seus telefones fazia-lhes tomar as máximas precauções.
Era a frase combinada para dizer que o assunto foi compreendido. Val era moi professional. O Nelssom ficou zangado, por falar como falou pelo telemovel. Não faz falta dar nomes, dar explicações, ainda que Val o fizera a vezes não é causa para atuar assim. Porque o fez?, não sei, ele numca tivera a certeza de serem certas as escutas tão modernas a os telemoveis, aliás o Val lhe dixera moitas vezes que hoje tudo está a ser escutado e gravado. Ele não acreditava de verdade nisso. Nelsson sempre achava um pouco brincadeira e exagero de “profesional” todas estas cousas . As pessoas adicanse a moitas coisas, têm moito pra fazer, porquê vão a estar a procurar a nossa informação?. Porém , por vezes, duvidava de tudo. Ainda assim ficava impresionado e asustado quando ouvia dizer no jornal que alguns os políticos estão ou forom gavados, pela polçicia, em conversas nas que pediam ou receviam dinheiro ou regalos em claros casos de corrupção. Que chatice para eles o ouvirem-se gravados. E agora está recordar o Val de pé indo dalá para cá na sala e narrando-lhe coa paixão da que ele era muito capaz, a hestoria da máfia siciliana e de Toto Rina o Capo di capi, o que movia os fios todos da máfia.
Este homem, Toto Rina, que esteve desaparecido perante vinte anos e a polícia ja dava por morto, ficava numa aldeia de Sicilia, onde chegou um dia a polícia grazas a paciência para conseguirem os dados que perante muito tempo forom xuntando. Quando chegarom a aldeia onde ele estava, toparom-se com uma casa velha, sem luz, sem agua. A casa propia dum labrego miserável a quem a vida deixou abandonado esem sorriso, abofé. E assim foi, alí atopam a Toto Rina, comprovam que é ele aquele camponês suxo e velho, e vão ainda levare mais surpressas. Naquela casa há um sistema de ficheiros postos numas caixinhas, e dentro há uns pequenos cartazes ordeados por orde alfabetica e tambem há uma Biblia. A policia olha a casa, o velho e di , que é isto?, pra que nos vale e que nos di?. O caso é que aprenderom o camponês suspeito , carregarom o material e estiverom a pensar e a ligar dados dum lado e mais do outro, até que um dia chegarom a conclusão de que dende aquel predio cheio de tralha velha, onde o res do chão morava aquele velhote que creiam desaparecido e que era um dos capos mais buscados pelas forças de segurança não só italianas senão tambem de tuda Europa, dende alí estava-se a dirigir a organiçação criminoso mais grande e melhor do mundo, e fazia-o dende alí mesmo aquele velho camponês.
Ele olhava o teito o lado olha-va para nos os seus alunos, fazia silenzos, a sua tramolha o seu teatro era lindo, nos tudos estavamos de boca aberta espeitantes na palabra que sairia de aquele sabio. Ficavamos a espera como era posível e porque o grande capo di capi era aquele, como conseguiu, era atractivo a narraçao.
De facto, Nelson quando ia conduzindo o carro pelas ruas de Madrid, ia pensado nos tema das escutas, mesmamente estes dias os jornais da capital e as radios aliás as televisãos, estavan a falar de o governo ter um novo sistema de escutas muito moderno que apanhava dende telemoveis até correios electronicos e todo tipo de comunicação pela internete. O partido da oposiçao acussa o governo de espia-lo cos sistemas istes ditos. Assim quer voltar por terra as investigações feitas que deram na cadea e arguidos e suspeitos individuos acussados de corrupção e que políticamente deixavam o partido en mau posto de face o eleitorado. Estava também a lembrar que em Portugal, estava en causa o o chamado caso da “face oculta” que grazas o sistema das escutas feitas a um suspeito de corrupçao foram feitas escutas nas que o tal arguido falava co primeiro ministro o ingenheiro Socrates. As informaçoes dizem que a conversa emtre Armando Vara, tal e o nome do arguido, e o Socrates não pôe em causa nada comtra o Primeiro Ministro, mas isso foi aproveitado e ainda que o Tribunal Supremo deu ordem de que essa conversa fosse destruida, não foi assim . Porém estava a ser utilizada tal gravação para soltar tinta pela sua incertidume. O caso , pensou Nelsom, e que nos tempos que estão a correr está todo posto baixo escuta do governo. Jamais foi feito tanto control do cidadão como neste momento. Eis o problema, e se eles estiverão também a ser escutados; se por acaso, houver alguma suspeita sob algúm membro da sua equipa, se o seu telefone estivesse sometido a controlo e a polícia soupesse todo desta operação?. Todo é possivel, mas nesta vida todo o que tem valor tem risco.
A bucha é dura mais dura é a ração que a sustem, dizia o Zeca em venham mais cinco, e assim é a vida pelo geral. Tudo está a correr bem, não vou pensar doutra maneira, acho que tudo ficara resolto em pouco tempo, e recordou mais uma vez as frases do Zeca Afonso: a gente ajuda, havemos de ser mais eu bem sei, mas a quem queira tirar abaixo o que eu levantei. Seguía a correr pelas ruas de Madrid, o carro ia pela gran vía, descer-a-ele até a Praza de Espanha e dalí chegara a Casa de Campo para alí rematar o encargo feito pelo Valupi.
A noite era crara, fazia frio, o ceio estava cheio de estrelas e coverto por um garda-chuvas de friaxe que chegava até o chapapote da estrada e convertia-se num fino manto de agua, como se houvera chovido. Estava-se a deitar naquele planalto uma forte giada, embora a cidade aquecia como podia e devolvía vómitos de fume contra aquele pesadelo de geo que caia do ceio.
As nossas palavras.
Tens de estar fechado. No quarto, na
secretaria,no trasteiro, longe do barulho da cocinha e da Televisão, e
mergulharte no silêncio. Só escutando silêncio. Co silêncio que fala. Co silêncio amigo. Assim tu, eu, á soidade, juntos tentaremos de
fazer-nos ouvir a través da escrita, na cavilosa escritura. Escrever é colocar no seu lugar as palavras que trapalejam pelos nossos pensamentos. Apanhá-las quando elas andam à solta, esparexidas pela cabeça adiante e arruma-las, para que o
juntarem-se umas coas outras falem por
nós. O jeitinho de escrever e darl-lhe uma
organizaçao para que umas pedam por outras, todas ordeadas se sitam cómodas juntas assim soem como
música. Os olhos do leitor devem esbarrar com ânsia pela folha de papel em baixo porque as palavras están ordenadas numa cadeia que umas levam as outras e parecem uma sinfonia feita entre fondo e forma. É importante o fondo ou a mensagem do que se quer transmitir, mas sem esa arte de uma escrita suave, tenra e fácil a mensagem e o fondo do que queremos transmitir, chegam os ouvidos atrapalhados e a berros que acabam cansando a nossa atenção. Se a escrita é fluida atrapa o leitor pra que não se escape.
Cada palavra esta prenhada de vida e história. Elas são as que falam por se mesmo dentro de cada uma há uma historia, de como xurdiu, como evolui, de onde veu, que fins cumpriu no tráfico humano. Todas tiverom a sua utilidade, e tal vez forom perdendo-a co paso do tempo, se numca houvessem sido úteis não hoveeram existido. Eis o misterio e o significado que para mim sinto nas palavras.
Por vezes elas são como amigas que aparecem. Outras venhem de novo, são novas, numca em nós estiverom, nalgum lugar se disseram ou são felizmente ditas e o escritor ou por um acaso um galegoo ou um português que estamos a olhar na televisão trai-no-las como batels que a porto chegam. Elas foram apanhadas do mundo das palavras como se das ideias de platão se falasse.
Também outras aparecem e vão como um feitizo. Chegam com emoção, elas ja cá estiverom, nossas foram, embora emigrarom e agora deitam-se por cá e fizerom o seu retorno. Estas são as mais queridas. Elas estiverom na fala do avó, do pai, dos falares componeses, da escola, da feira, do gando no monte. Elas ficarom longo tempo no imaginario na caixa do bom querer. Embora o tempo, a longa data da vida, desta vida tão movimentada, fez tudo que elas, sem elas terem tal desejo, desaparecessem de nós, foram esparexidas no ar , ficaram na soidade, com sorte ficaram quietas nos livros , embora sempre à nossa espera. Com elas tambem espareximos parte da nossa vida, vivida, da experiença e do ser. Por isso quando chegam e são reconhecidas, a alegría e muita. São tantas estas. Quando chegam um toma aponte delas, recorda-as, e acha que numca mais vão ir-se do nosso caron. Não é facil. Para não ficarem sozinhas há que garda-las, escreve-las, recorda-las. Elas tiverom que sair da rua que é o seu lugar de vida, agora ficam nalgum campo lonxano,na literatura, e sob de tudo na lingua portuguesa. É sorte para um pai saber que o seu filho teve que emigrar, embora sabe onde está, pode visitâ-lo, sabe que esta bem, que está na sua casa.
A minha mãe e o melhor garda palavras que eu conheci. Uma mulher sem estudios nem leituras, filha do aprendizagem da rua, da lareira, do convivio diario duma campensinha galega. Ela aprendeu-as e gardaou-nas e tenas todas consigo. Ela parece ter uma saco delas e de forma supresiva saca alguma que outra bem antiga e sonora que nos deixa asombrados. E pode dizer-me que tem uma pechincha, ou que estou a estrajar-me quando malho o meu corpo trabalhando de mais e suando. Ela é o melhor filólogo que conheci, ela é a garda das palavras que viviu e que nos transmitiu.
Queridas palavras que tão olvidadas vos tenho, um recordo para vos:
Tanguer, ulir, petares, temoeiro, caviloso, arrousar, rozar, estercar, gralha….. rula , avidueiro, azedume……aldraba, refachos, arfantes,