lunes, 8 de marzo de 2021

Notas soltas: Prisciliano e os galegos pequeninos. Advertência duma geração "privilegiada".

 Primeira nota. 

Imaxe

      E eu sem saber. Que grandiosa identidade, a nossa,  a dos galegos. Só o povo de Israel podería ter comparança com nós.  Meu Deus, dende Prisciliano mantemos pelos vistos a nossa identidade que se manifesta numa colegiada e unánime forma de practicar a escrita. Neste caso tudos escrevemos como continuadores duma guía cultural e espiritual  num "continuum histórico", numca visto.

      Todos, pelo facto de sermos galegos,  escrevemos igual. É obvio,  num povo com tanta historia e mantendo dende tão longa data a nossa identidade cultural e nacional ,   não poderia ser outro o resultado. 

      Oh, mas que  magoa. O reconhecemento da nossa  identidade colectiva e quase atemporal é para pôr de manifesto um rasgo negativo  da nossa identidade galega. Escrevemos todos igual, por uma misteriosa influência histórica, não obstante fazemô-lo mal. Somos oscuros, com prágrafos longos, moitas subordinadas, sintaxe anárquica, excesivas citas, e tudo por culpa de Prisciliano que também escrevia assim. Que casualidade que o reconhecemnto da nossa identidade histórica, na que concordamos,  uma vez mais é aproveitada para acoitelarnos por detrás e afondar no imaginário colectivo  negativo a tudo o que sexa identidade galega. Algo assim como, olho galegos, não tenhem nada  do que orgulharse da sua historia, e melhor  lhes irá se não andam a escavancarem  no  seu pasado. Assim enchem alguns as suas faltriqueiras de pesimismo, negativismo e auto-odio galaico.

       O que escreve, a nota referênciada acima,  identifica-se como um galego:  " defectos en los que solemos caer los gallegos....".  Reconhece,  ou vamos a pensar que seja assim, que existe um sustrato comúm de expressão, como qualquer nacão cultural ou identitaria. Embora, não repara, que  dende Prisciliano até hoje já passaram tantas coisas, evoluimos tanto, dende a Gallaecia priscilanista até a Galiza de hoje,  que haja o que  houver,   identificarnos, ò  povo galego,  como um manso rio que seguiu um percurso marcado,  sem mudança alguma dende Prisciliano até aquí, bem meresce pelo menos um doctorado "honoris causa".  E que pasa cos portugueses, por não falar de Asturias, Astorga, Zamora etc, que daquela formavam parte duma maneira o outra da nossa contorna?. Será que só nos os galegos da Galiza de hoje mantivemos o santo Grial da expressividade colectiva da Gallaecia?.

        Ainda que, o que mais chama a minha atenção não é a parvoice de que escrevemos como o fazia Prisciliano, senão ese negativismo e desvalorização do imaginário colectivo que vai  cinguido o conceito e a imagem  da  galeguidade. Se apanhamos qualquer cousinha histórica que  mostre que os galegos são tal e qual em senso negativo, então  é aceite pela malta cultureta, ninguém vai contrariar. No caso de que quem difunde  noticia negativa  é um galego , que gosta de  flagerlar-se, então o argumento medra em força e  fica tudo perfeito. Aliás, reparemos no  caso contrario,  quando  alguém cita, difunde, mostra  datos, factos ou opiniões da nossa  historia, da nossa maneira de ser, da nossa cultura, das costumes, dal lingua, da cultura e põe em valor tales ditos a reação geral  muda o rumo. Xurdem, por toda parte, os contrarios que dende a ironía, o desprecio etc. querem dizernos que tudo é vento sem fondamento, que duvidam das fontes, que as interpretaçãos são ideolóxicas e mixórdias varias todas elas sem rigor co o único objectivo de manter fixe a idea da depreciação de tudo o que cheire a narrar, por em valor ou simplesmente descubrir  uma historia, deturpada e oculta. E se isto não fose dabondo,  a cousa ainda chega a ser mais miserável quando  brotam, como cogumelos,  sempre uns  tipos de galegos que batem mais forte nese embate contra semesmos. São vixiantes da escuridade para  que ninguém quebre a nosso férreo auto-odio e  empurram com força, já seja  co ceticismo incrédulo,  já seja coa  retranca que tão bem dominam, para convertirem a mais pequena loubança ou signo de identidade descoberto  em positivo numa trapalhada inventada por visionarios inventores da história. Abundam os galegos temerosos do cambio de relato  e da pesquisa da autenticidade histórica. São teimudos na sua ignorância ante o medo de que  o saber os leve a aparentar uns perigosos revolucionarios que poêm em questão as sacras mitologias que lhe ensinaram.

       Reparem por aqui e por ali adiante  e escutem e já me dirão se tenho ou não tenho razão. 

      Seja como for, não pretendo ter a razão,  esto é uma anédota curiosa, que nos serviu de escusa para chegarmos um pouco mais longe. Ainda que nos tivessemos que acompanhar da hipérbole expressiva,  para fazernos ouvir, o leitmotiv pretendido é   que os galegos aprendam, valorizem e narrem a  sua história e identidade cultural com orgulho e objectividade. Da mesma forma que  sejam muito críticos cos divulgadores negativos, cos olvidadiços, e dos que tenhem como fim fazer de nós um povo invisível na historia. No obstante se o final imos cair , num  relato fanático histórico para Galiza  e assentâ-lo  na mentira, melhor deixemos correr a cousa pois os nossos sucesores terão duplo trabalho para desenmaranhar o novelo de lã que lhe deixamos. 

   


Segunda nota.

«A minha geração (estou com 66 anos) foi uma geração privilegiada. Muitos de nós somos filhos de pais que viveram a sua infância e juventude durante a Segunda Guerra Mundial, sofrendo as carências de então e a pesada carga do Estado Novo. Muitos migraram para as cidades ou emigraram para outros países, para que os filhos tivessem mais oportunidades, e conseguiram. Na generalidade, tivemos uma vida melhor, vivemos a maior parte da vida em democracia, fomos espectadores e protagonistas das mais fantásticas mudanças políticas, sociológicas e tecnológicas de toda a história da humanidade e, no entanto, temos a triste consciência de que vamos deixar aos nossos filhos um mundo mais perigoso, mais degradado e à beira da insustentabilidade. Esta pandemia e as que despontam no horizonte são um sinal disso.»


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