Primeira nota.
E eu sem saber. Que grandiosa identidade, a nossa, a dos galegos. Só o povo de Israel podería ter comparança com nós. Meu Deus, dende Prisciliano mantemos pelos vistos a nossa identidade que se manifesta numa colegiada e unánime forma de practicar a escrita. Neste caso tudos escrevemos como continuadores duma guía cultural e espiritual num "continuum histórico", numca visto.
Todos, pelo facto de sermos galegos, escrevemos igual. É obvio, num povo com tanta historia e mantendo dende tão longa data a nossa identidade cultural e nacional , não poderia ser outro o resultado.
Oh, mas que magoa. O reconhecemento da nossa identidade colectiva e quase atemporal é para pôr de manifesto um rasgo negativo da nossa identidade galega. Escrevemos todos igual, por uma misteriosa influência histórica, não obstante fazemô-lo mal. Somos oscuros, com prágrafos longos, moitas subordinadas, sintaxe anárquica, excesivas citas, e tudo por culpa de Prisciliano que também escrevia assim. Que casualidade que o reconhecemnto da nossa identidade histórica, na que concordamos, uma vez mais é aproveitada para acoitelarnos por detrás e afondar no imaginário colectivo negativo a tudo o que sexa identidade galega. Algo assim como, olho galegos, não tenhem nada do que orgulharse da sua historia, e melhor lhes irá se não andam a escavancarem no seu pasado. Assim enchem alguns as suas faltriqueiras de pesimismo, negativismo e auto-odio galaico.
O que escreve, a nota referênciada acima, identifica-se como um galego: " defectos en los que solemos caer los gallegos....". Reconhece, ou vamos a pensar que seja assim, que existe um sustrato comúm de expressão, como qualquer nacão cultural ou identitaria. Embora, não repara, que dende Prisciliano até hoje já passaram tantas coisas, evoluimos tanto, dende a Gallaecia priscilanista até a Galiza de hoje, que haja o que houver, identificarnos, ò povo galego, como um manso rio que seguiu um percurso marcado, sem mudança alguma dende Prisciliano até aquí, bem meresce pelo menos um doctorado "honoris causa". E que pasa cos portugueses, por não falar de Asturias, Astorga, Zamora etc, que daquela formavam parte duma maneira o outra da nossa contorna?. Será que só nos os galegos da Galiza de hoje mantivemos o santo Grial da expressividade colectiva da Gallaecia?.
Ainda que, o que mais chama a minha atenção não é a parvoice de que escrevemos como o fazia Prisciliano, senão ese negativismo e desvalorização do imaginário colectivo que vai cinguido o conceito e a imagem da galeguidade. Se apanhamos qualquer cousinha histórica que mostre que os galegos são tal e qual em senso negativo, então é aceite pela malta cultureta, ninguém vai contrariar. No caso de que quem difunde noticia negativa é um galego , que gosta de flagerlar-se, então o argumento medra em força e fica tudo perfeito. Aliás, reparemos no caso contrario, quando alguém cita, difunde, mostra datos, factos ou opiniões da nossa historia, da nossa maneira de ser, da nossa cultura, das costumes, dal lingua, da cultura e põe em valor tales ditos a reação geral muda o rumo. Xurdem, por toda parte, os contrarios que dende a ironía, o desprecio etc. querem dizernos que tudo é vento sem fondamento, que duvidam das fontes, que as interpretaçãos são ideolóxicas e mixórdias varias todas elas sem rigor co o único objectivo de manter fixe a idea da depreciação de tudo o que cheire a narrar, por em valor ou simplesmente descubrir uma historia, deturpada e oculta. E se isto não fose dabondo, a cousa ainda chega a ser mais miserável quando brotam, como cogumelos, sempre uns tipos de galegos que batem mais forte nese embate contra semesmos. São vixiantes da escuridade para que ninguém quebre a nosso férreo auto-odio e empurram com força, já seja co ceticismo incrédulo, já seja coa retranca que tão bem dominam, para convertirem a mais pequena loubança ou signo de identidade descoberto em positivo numa trapalhada inventada por visionarios inventores da história. Abundam os galegos temerosos do cambio de relato e da pesquisa da autenticidade histórica. São teimudos na sua ignorância ante o medo de que o saber os leve a aparentar uns perigosos revolucionarios que poêm em questão as sacras mitologias que lhe ensinaram.
Reparem por aqui e por ali adiante e escutem e já me dirão se tenho ou não tenho razão.
Seja como for, não pretendo ter a razão, esto é uma anédota curiosa, que nos serviu de escusa para chegarmos um pouco mais longe. Ainda que nos tivessemos que acompanhar da hipérbole expressiva, para fazernos ouvir, o leitmotiv pretendido é que os galegos aprendam, valorizem e narrem a sua história e identidade cultural com orgulho e objectividade. Da mesma forma que sejam muito críticos cos divulgadores negativos, cos olvidadiços, e dos que tenhem como fim fazer de nós um povo invisível na historia. No obstante se o final imos cair , num relato fanático histórico para Galiza e assentâ-lo na mentira, melhor deixemos correr a cousa pois os nossos sucesores terão duplo trabalho para desenmaranhar o novelo de lã que lhe deixamos.
Segunda nota.
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