viernes, 19 de marzo de 2021

Teresa Moure. "Palo si remas, palo si no remas".

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Só conheço a Teresa Moure, de dar vistas de olhos pela prensa, pelas redes etc. Sei que é professora na Universidade en Santiago, que é activista feminista, que é escritora de muito sucesso, acho que  é a autora de Ostracia. A a sua docencia está relacionada coa literatura a filología e cencias afins. Além disso escreve o galego em grafía do galego internacional  ou chamado lusista ou reintegrado. Tenho lido alguma coisinha dela, e tenho dela uma imagem de rigor e intelectualidade, até onde eu posso chegar.

      Eis a questão,parem as máquinas,  ela escreve em Galego-Português. A sua decisão de  escrever em galego chamado reintegrado, lusista, internacional etc. ou seja com grafia à portuguesa, ainda que use as palavras e a forma galega, define a sua personalidade pública. Podería ser esta uma questão meramente filológica, é dizer que o seu debate não abranguise questões políticas, sociais, ideolóxicas. Embora, desgraciadamente, não é possível. Detrás dessa opção "filológica" o público identifica opcões independentistas, nazonalistas, a defensa de camadas revolucionarias antisistema e como mínimo um certo cheiro cultureta de  pertença a uma "koiné" da fala que nada tem que ver coa fala popular. Reconhezamos que tudo isso da uma sinal identificadora. Eu quando me peta escrevo mais ou menos como ela, e espero que ninguém me identifique en nehum deses grupos. O problema em tal caso não seria meu, mas deixemos de momento essa reflexão sobre o idioma. Só  engadir que tal vez algum día se permeta o bionormativismo, ou seja pode escrever,  como algo normal,  em ambâ-las duas maneiras, ja seja na grafía espanhola ou na  portuguesa, e seja levantado o mito da escrita em grafia portuguesa.

      Voltemos os factos. A professora por razões que, nem explicação merecem, escreveu ou colaborou num livro publicado em Castelhano. Então, nas redes sociais, receveu uma malheira de insultos, e dicas morais de autencidade por sujeitos, constituidos em  adalides da pureza da lingua e o compromisso sectario de quem públicamente diz que escreve em galego internacional. Traidora a AGLP.  Como se comprenderá a coisa além de rir até estombalharse é muito patética. Ela na sua conta do facebook, faz já um bocado de tempo não posso precisar, publicou um desabafo,  queixa ou  choro que fica colado abaixo. Fiquei impressionado pela contestación que ela da a certos insultadores ou talibáns da pureza. Neste caso não perdoam a brilhante e valente escritora que  escreva em espanhol ou castelhano. É evidente que se escrevera em inglês, não fariam abraio nem susto nehum, porque o infantilismo ideológico  chega até limites infindos.

      O meu querido e defunto pai, não era moi dado o refrão e   as frases feitas  , mas escoitei-lhe toda a vida um dito  em   castelhano que ele utilizava em bom jeito com sorna e humor para desbastar uma crítica contraria os trabalhos cotians.  Ele dizia : palo si remas, palo si no remas. Ou seja,  faças ou que fizeres,  sempre me irão criticar. Ainda que fizeres uma coisa e a su contraria. Mais bem é um desabafo humorístico que  para mim, por carinho evidente,usoa também  como desabafo das contrariedades diarias. Em resumo : seja como for sempre te vão criticar. Então faz tu, a tua maneira. 

     Vale a pena lêr a contestação da escritora na resposta as inquisitoriais senhorias. Estos tipos humans não são só proprios do mundo do idioma ou  do galego.Não desto há em toda parte, já seja liberal, socialista, feminista, machista, dereita extrema ou extrema dereita. Sempre há quem se coloca na posição de coidador da identidade, sem compreender ou amar verdadeiramente o objectivo a conseguir para que triunfe,  sem impô-las as suas ideias. Não creêm na sedução e  no convecimento dos seus pares, nem luta calada e na conducta ejemplarizante. Gostam mais do barulho, do  confrontamento e do  sectarismo.   No fundo  a este tipo de conducta não lhe importa tanto a ideia que dizem representar como a imagem de se mesmos, tenho comprovado. Se fores bem intencionado, quando queres que a tu ideia se expanda, neste caso o galego  escrito diferente, o que desejas e que haja gente que sume, seja da ideia que for. O importante é que Teresa Moure escreva em reintegracionado, independentemente que escreva em inglês, espanhol etc. Por mal caminho vão algúns quanso asociam a que a escrita em galego internacional tem que ir cinguida a têr unhas ideias homogéneas sobre a política,  a vida etc. Assim não se faz uma lingua, assim espantasse duma lingua a uma sociedade. Seguem remando o revês, e levam anos assim, e não cambiam porque são narcisos que neste caso acougaram niste campo e amanhã quem sabe poderiam arrumar o seu "eu" em palheiros diferentes. 

       Afortunadamente a maioria da gente que conhezo,  pelas redes,  penso que não é assim, senão tudo o contrario. Não creio que assim fossem Carvalho Calero, o professor Paz de Ourense,  Valentim Fagim, Santalha, Estraviz e outros mais. Aliás sempre tem de haver estrumeiras e esterqueiras em toda parte  que resaltam mais do que sería precisso. 

   

Há quem diga, entre insultos e desqualificações, que tenho de explicar-me. Exigem-me nas redes sociais que esclareça a causa de ter publicado um ensaio em espanhol. Talvez quem reclama esqueça que as editoras profissionais na Galiza maioritariamente não admitem textos em galego-português, que o nosso tecido cultural é precário. Talvez quem me exige render contas esqueça que apenas uma editora, amadora e de base associativa, se orienta especificamente a publicar em português na Galiza. Talvez não saiba que a Através só publica 11 livros por ano e que já editou um romance meu no passado novembro. Talvez não saiba que um ensaio feminista sobre história das ideias linguísticas pode parecer a uma editora um texto destinado a um público minoritário ou muito especializado. Talvez não imagine que na investigação não se pode aguardar: dez pessoas estão a trabalhar, sob a minha direção, numa linha sem precedentes e necessitam urgentemente citar um trabalho publicado como referência. Cometi o pecado de traduzir o original para o espanhol e enviar à Catarata, onde demoraram apenas uns dias em responder positivamente. Há quem diga que eu poderia publicar um artigo numa revista especializada, não um livro. Nunca presumirei de pura; a pureza sempre me produziu lástima. Se já fiz algum exercício de coerência, com os conseguintes castigos, não tomem em conta: sempre tento fazer o que quero e não gosto de me contemplar como vítima. Tenho escrito 27 livros em galego. E, no entanto, tenho fechadas as portas de muitas editoras que continuam a vender alguns desses livros por causa de estranhos patriotismos ortográficos. Medir o patriotismo, como medir a pirola, não é a minha principal diversão. Mas se não for questão de pátrias, também não será de amos. Por isso detesto que algum setor do reintegracionismo me peça explicações. Uma tal Rosalia declarou que não escreveria mais em galego quando a obrigaram a render contas. Talvez seja uma resposta feminazi dessas que as mulheres despropositadamente fazemos, visto que tantas vezes me chamam de “lideressa”. Não lidero a AGLP. Nem a AGAL. Nem nenhum organismo, reintegracionista ou não, porque o poder sempre me perturba (no ativismo, na política, na vida universitária). Mas fazer humor com a interseção entre “mulher” e “líder” é perigoso: por acaso não poderia liderar qualquer organismo? Não teria bastante nível intelectual ou capacidade de trabalho para isso? Só uma leitura retrógrada e machista pode usar hoje esse lideressa com a intenção de ferir. Finalmente, a ideia de que pertencer a AGLP iria obrigar-me a não publicar em qualquer língua é ridícula. Há quem diga que pertencer a AGLP é uma honraria que demanda algumas responsabilidades. Esses senhoros ignoram provavelmente que é uma Academia de ativistas, não exatamente um organismo para usufruir determinados privilégios (embora @s académic@s me honrem com a sua amizade, que não é exatamente a mesma coisa). Em resumo, continuarei a ser tão obediente como sempre, quer dizer, nada. Escreverei se eu quiser, quando e do que quiser. E publicarei, ai, quando me deixarem. Mas antes farei um inquérito e perguntarei a tod@s @s reintegracionistas se acham que me mantenho no caminho eto. Ou talvez, não. Talvez não pergunte e me detenha a refletir no cainismo de insultar uma mulher como “lideressa” por ter cometido o pecado de publicar uma investigação em espanhol em lugar de denunciar a tristeza de que tantas editoras galegas não estejam interessadas em publicar um texto que contenha um NH.

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