Sempre é bom momento para escutar qualquer canção imortal do Zeca Afonso. O ar mágico da sua voz na mistura do mensagem das suas letras e o jeito de transmitir a doçura da sua música. Terno e combatente.
Mais uma vez deixemo-nos levar por uma das suas canções.
Depois a versão da Dulce Pontes, certamente maravilhosa.
Na década de 50, dezenas de pescadores originários de Monte Gordo chegaram a Lagos, na outra ponta do Algarve, à procura de trabalho. Na Meia-Praia havia peixe mas faltavam casas. Improvisaram-se cabanas colmo nas dunas… o aspecto valeu-lhes a alcunha de Índios, os Índios da Meia-Praia.
Quando se deu a revolução de 25 de Abril de 1974 já só restava uma cabana de colmo. Todas as outras tinham sido transformadas eram barracas de zinco, com os dias contados porque o governo da altura queria acabar com as barracas no país.
Através do serviço ambulatório de apoio local, conhecido como projecto SAAL, o governo cedia o terreno, o apoio técnico e parte do dinheiro, se as populações avançassem com a mão-de-obra.
O fim do bairro de lata ficaria a dever-se ao arquitecto José Veloso. Difícil foi convencer primeiro os moradores do bairro. Desconfiavam das promessas e chegaram a ameaçar correr José Veloso à pedrada. O arquitecto não desistiu. Aos poucos, os pescadores acreditaram que poderiam ter direito a uma casa.
Ansiosa por deixar as barracas, a população organizou-se em turnos. Quando os homens estavam no mar, eram as mulheres que trabalhavam nas obras. Havia duas regras: as habitações tinham de começar a ser construídas ao mesmo tempo e todos teriam de ajudar na construção de todas as casas.
O carisma dos Índios da Meia-Praia chegou aos ouvidos de um realizador de cinema. António da Cunha Telles decidiu documentar a transformação que estava em marcha. O trabalho, deu origem à música de Zeca Afonso.
Quase quarenta anos depois o bairro, localizado a poucos passos da praia, numa zona de expansão turística e ao lado de um campo de golfe, parece ter os dias contados.
informação rapinhada da SIC
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