Por um acaso encontrei recentemente uma informação no Twiter na que se relatava como a ativista e política Joana Amaral Dias fazia-se presente em Lisboa, no Campo Grande, diante dum grupo de estudantes que estavam a começar uma praxe com todo o seu boato de caloiros e doutores.Estes bem fardados com trajes negros e gravata negra. A Joana estava subida numa árvore para grabar o acontecimento.
Como não gosto de praxes, nem "novatadas" como dizemos aquí, já fez no seu día um post aquí relatando brevemente a minha posição: Os merdas das universidades, neste blog. . Foi pois estimulante para mim a postura da Joana Amaral Dias o respeito, pois partilho com ela a minha oposição este ritual ridículo, pasado de onda, que não é outra cousa que um subterfúgio ou ardil pra produzir humillação com toda a impunidade. Tenho noticia de que estão prohibidas as praxes em varias universidades portuguesas pelos acontecementos que têm ocorrida com lamentavéis circunstâncias, incluida a morte dum calorio em Lisboa, faz uns anos. Recentemente , neste ano, em Coimbra um caloiro de Medicina foi ferido nos testículos despois de que uns doutores decidiram rapar-lhe os pêlos púbicos.
Bom, a minha capacidade de pasmo e assombro não ficou ainda plena até lêr os comentarios contra a Joana no Twiter. Digamos que No Twiter trabalharam abondo. os defensores das praxes e ficaram admirados, orgulhosos e felizes de verem como os merdas dos senhores doutores contestavam a Joana com toda a elegância e educação do mundo para dizer-lhe que não tinha direito a fotografar aquelas praticas humilhantes pois as pessoas, caloiros, que ela estava a vèr, estavão ali de forma voluntaria. Eles faziam finca-pé nos direitos de imagem e no respeito o honor e a fama das pessoas que estavam a ponto para denigrarem. Que paradoxa e caricata situação de banalização dos direitos da pessoa. Repetiam com ênfase que ninguém os obligou a chegar ali para lamber o chão, recever cintaços, ensinar o cu etc. Não havia causa pois, a questão ficava resolvida com a sua voluntariedade. Quem recevia toda a esterqueira de insultos no twiter era a Joana, embora as felicitações erão para os prometedores doutores que para compensar a sua autoestima estavam a vingar-se em praticas que eles ja sofriram uns anos antes. O ciclo não costuma a parar. Eu fui humilhado e só se eu humilho e faço o mesmo que a mim me fixeram posso ficar liverado de esa humilhação.
No meio desta sinfonia de vinganças e complexos varios, adubado dum ambente académico com fato elegante, movem-se muito bem certos psicópatas ou meio psicópatas, desconhecidos e ocultos , os quais nestas ocasiões saltam a palestra e desenrolam a sua liderança arrastrando consigo os coitadinhos que por ali andam rindo e fazendo de massa necessaria.
A minha experiéncia diz-me que as coisas venhem sendo mais ou menos assim. Por isso não acredito na bondade e na finalidade integradora destas cousas. No meu cometido professional, como militar, e sempre em contato coa tropa e nas academias militares, ainda que não fosse popular, sempre persegui estas praticas e estive em contra de forma ativa. Numca me quis submeter quando podia ser alvo e numca permiti, até onde eu podia, que ninguém sofrisse tales praticas. Longe de mim vi verdadeiras barbaridades que não tinham sentido e que o único que causavam era dor, resentimento e pessoas mais hostis e violentas. E neste ambente militar de faz já uns cantos anos havía, em geral, quem mirava para outro lado, deixava pasar estas praticas como uma parte da formação ou treino do soldado na sua nova vida de quartel. Deixar que o veterano eduque o recluta sem vixiar os dereitos deste e sem ter em conta os tremendos prejuizos psíquicos e tal vez físicos que se podem ocasionar o novo membro, e uma bomba de relojoaria que pode dar pê a mundos ocultos paralelos de sometemento e tortura.
Há melhores formas de integração num coletivo que a denigração da pessoa para deixar-lhe sentada uma certa autoridade de veterano. O ensino, a amizade, a recepção agarimosa do novo que chega a um ambente que não controla, deixa uma pegada de formação na pessoa muito mais positiva na sua futura relação social.
Há quem possa pensar que estas reflexões são um exagero quando menos. Que tudo é mais tranquilo do que se pensa, que tudo é brincadeira, juventude, alegria. Que tudo isto é uma forma de integração e de travar conhecemento entre uns e outros membros do coletivo. Não vou repetir mais argumentos dos ditos , so engadir que brincadeira é brincadeira, alegria é alegria, festa é festa e se assim fosse nesa seara sempre estarei eu à lavrar como o primeirinho. Mas a questão está em delimitar bem onde acaba a brincadeira e empeça o abuso o ultraje a prática injusta, eis a questão. Como a cousa não parece fácil de delimitar, para algúns, pois não tenho dúvidas de que se debem prohibir as tais merdas das praxes. Ainda que para algúns, em Portugal, esto é santa tradição não está demais recordar que a tradição está cheia de armadilhas, nas que trás uma aparência de divertimento há muita burrice, sofrimento e sadismo.
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